Segundo o que narra Heródoto, o faraó Psamético I, interessado em descobrir a mais antiga das línguas confiou dois recém-nascidos a um pastor com a ordem de educar as crianças sem lhes dirigir a palavra. Aliás, o rei proibiu toda e qualquer comunicação oral com elas. Dessa forma, pensava o rei, a primeira palavra que estas crianças pronunciaram seriam da língua mais antiga do mundo. Volvidos alguns anos, o pastor informou o rei que as criaças apenas falavam a palavras “bekos”. Após algumas investigações descobriu-se que “bekos” significavam “pão” em frígio, logo, o frigio seria a mais antiga das línguas.
Uma discussão que era tradicional nos meios académicos e escolásticos medievais era a questão da língua falada por Adão e Eva. Muitos acreditavam ser o hebraico, por isso o imperador Frederico II (1212-1250) voltou a experimentar a fórmula de Psamético, mas com a diferença das crianças apenas serem amamentadas e retiradas do contacto com outros humanos. As crianças morreram antes de se chegar a alguma conclusão. Alguns anos depois foi a vez de Jacob IV da Escócia tentar a sua versão da experiência, mas com amas surdas. As crónicas rezam que as crianças falavam um hebraico perfeito.
Só no século XVII é que Johann Herder prova que a linguagem humana não era um dom divino, mas sim uma construção mental. Herder dizia que a língua surgiu de um impulso que o ser humano tem em falar de se expressar. Os primeiros humanos começaram a se comunicar através de gritos que imitavam os animais, gritos esses que passaram a ser o nome pelo qual esses animais passaram a ser conhecidos. Tem lógica se eu chamar um gato de miau e um cão de au-au. Mas como é que vou chamar uma preguiça? E uma mesa e uma cadeira? É óbvio que a teoria de Herder tem menos lógica do que a hipótese de Adão e Eva terem falado hebraico.
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