Pastor, Conferencista e Professor de Teologia

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Este Blog tem como objetivo deixar aos que se dedicam ao estudo e ensino da Bíblia downloads diversos de material teológico afim promover o ensino da Palavra de Deus de forma mais eficaz! Fique aqui e confira!

Introdução Bíblica ao Novo Testamento



Introdução


O estudo dos evangelhos é imprescindível para a compreensão de todo o Novo Testamento. Entretanto não basta apenas conhecê-los, é preciso conhecer também o Antigo Testamento e o período interbíblico, bem como, todo o ambiente que envolvia a Palestina, os partidos existentes na época e tudo o que envolvia o contexto judaico-romano.
Para estudar o Novo Testamento é preciso ter um acompanhamento histórico, político, arqueológico, social, enfim, todo um acompanhamento hermenêutico. Após isto, é preciso entender os evangelhos sinópticos, quem os escreveu, em que circunstância foram escritos e para quem foram escritos.
É necessário entender que eles são narrativas feitas a respeito do ministério de Cristo e não uma biografia.
Para que haja uma boa compreensão dos evangelhos leia os estudos de introdução bíblica, principalmente a parte que fala do Novo Testamento e das filosofias existentes na época. Assim você terá uma compreensão melhor do que será abordado aqui.
Aqui iremos estudar os evangelhos, porém iremos lê-los numa perspectiva histórica e não devocional como acontece normalmente. Por isso não é simplesmente ler e entender, mas ler e pesquisar.
Todo estudo relacionado à Bíblia precisa de tempo e dedicação.
Então, mãos à obra!

O Novo Testamento e o Período Romano (a partir de 63 a.C.)

A expressão Novo Testamento (NT) é uma tradução do grego hê koinê diathekê (h;koinh diaqhkh) que era uma expressão utilizada para designar uma última vontade e que se referia à expressão testamentum do latim. O significado real era uma disposição feita por uma parte que a outra podia aceitar ou rejeitar, mas nunca alterar e quando esta era recebida obrigava as duas partes pelas suas cláusulas.
O termo pacto significa um ajuste, estipulação ou contrato que liga ambas as partes num acordo. É muito mais do que uma promessa, porque a promessa é uma obrigação que a pessoa que a fez tem e o pacto envolve as duas partes.
O NT é o livro onde está registrado o estabelecimento e o caráter das novas negociações de Deus com os homens por intermédio de Cristo. Deus põe as condições e cabe ao homem aceitá-las ou não, mas não pode mudá-las e quando as aceita fica obrigado a cumprir as exigências impostas.
Esta é a idéia da palavra que foi colocada para designar o NT. Antes de iniciar o estudo referente à sua origem, formação e transmissão, você vai conhecer um pouco mais do seu contexto histórico, pois este tem muito a nos ensinar. 
Fundada em 753 a.C., Roma era uma cidade que tinha a união de pequenas aldeias vizinhas e era governada por um rei. No início do século V a.C. alcançou um grau sólido de organização política sob o governo de forma republicano.
A Pax Romana foi fruto do período de expansão territorial de Roma e seu domínio. Em 5 séculos Roma transformou-se de uma cidade para ser o Império do Mundo.
Em 146 a.C., após 2 séculos de guerra com a cidade rival de Cartago, na África do Norte, Roma saiu vitoriosa. O domínio romano expandiu-se com as conquistas realizadas na extremidade oriental da bacia do Mediterrâneo, sob os comandos dos generais Pompeu e Gálio, por ordem do imperador Júlio César.
Após o assassinato de Júlio César, Otávio (mais conhecido como Augusto) derrotou, em Ácio (Grécia 31 a.C.), as forças de Antônio e Cleópatra e tornou-se o imperador de Roma.
A forma de governo de Augusto era provincial e tinha como objetivo impedir que os procônsules administrassem territórios estrangeiros, visando ao seu engrandecimento pessoal. Os procônsules eram nomeados pelo senado romano para governar as províncias senatoriais por um ano e prestavam contas ao senado. As questões financeiras eram de responsabilidade dos delegados, que eram nomeados pelo imperador e trabalhavam paralelamente com os procônsules. Também havia os procuradores que governavam as províncias imperiais, estes eram nomeados pelo imperador a quem prestavam contas e exerciam a autoridade civil e militar por intermédio de exércitos permanentes.
O NT está repleto destes oficiais de Roma e o estudo vai abordar cada um deles para melhor compreensão.
Imperadores Romanos
Otávio ou Augusto (27 a.C. - 14 d.C.)  

Durante o seu governo o império romano se estabeleceu por completo. Governou bem e sabiamente e por isso tornou-se o primeiro cidadão da terra. O senado continuou sendo o corpo legislativo e foi o próprio que indicou Augusto para ser comandante chefe das forças armadas do Império em 27 a.C. Em 23 a.C. alcançou o poder governamental vitalício.
No seu governo efetuou muitas reformas civis, militares, políticas e religiosas. Cristo nasceu nesta época e Augusto realizou o recenseamento que consta em Atos 2.1-7.
Augusto renovou a religião do estado, construiu templos e introduziu o culto imperial (adoração a Roma). Em alguns lugares o imperador era venerado como Senhor e Deus (Dominus et Deus). Organizou o censo, a polícia, o serviço de incêndio e designou um superintendente na distribuição do trigo; restaurou a confiança no governo, fortaleceu o tesouro e originou um departamento de obras públicas. Desta forma promoveu a paz e a prosperidade.

Tibério (14 - 37 d.C.)
 Era filho adotivo de Augusto e foi o seu sucessor com 56 anos. Seu império também era vitalício. Por insistência de seu pai se divorciou da esposa, a quem muito amava, e casou-se com Júlia filha de seu pai. Isto o tornou numa pessoa de péssimo temperamento.
Era solitário, altivo, desconfiado e irascível. Também era imparcial e sábio no trato, mas no geral era temido e odiado. Ao morrer em 37 d.C. o senado ficou mais tranqüilo. Seu império abrangeu todo o ministério de Jesus até a sua morte.

Caio Calígula (37 - 41 d.C.)
 Também era chamado de botinhas e foi o sucessor de Tibério. Calígula anistiou os presos políticos, reduziu os impostos, promoveu festas públicas e tornou-se muito popular. Todavia, com o passar do tempo mostrou sinais de fraqueza mental. Ao fazer com que o adorassem como um Deus afastou os judeus do seu reino. Também ordenou que erigissem sua estátua no Templo de Jerusalém mas, por temer uma rebelião, o seu legado retardou a ordem e neste tempo faleceu (41 d.C.).
Todos os fundos guardados por Augusto e Tibério foram gastos de forma negligente por Calígula e o tesouro público faliu. Para restaurá-lo usou de violência, confiscou propriedades privadas, legados compulsórios e cometeu várias outras extorsões. Tornou-se tão insuportável e odiado que um tribuno da guarda imperial o matou. 
Cláudio (41 - 54 d.C.)
 Tibério Cláudio Germânico foi saudado como imperador pela guarda pretoriana. Sob o seu governo Roma tornou-se burocrática, governada por juntas e secretários. Estendeu o privilégio de cidadania aos provinciais.
Foi durante o seu governo que os judeus foram expulsos de Roma por causa de alguns tumultos, distúrbios civis. Segundo Suetônio estes se tinham iniciado por causa de um tal chrestus, porém não se sabe realmente o quê, ou quem era, acredita-se que seja o Cristo. Foi nesta data que Áquila e Priscila saíram de Roma (Atos 18.2).
Por influência de Palas, um dos libertos, Cláudio casou com sua 4ª sobrinha, Agripina e esta queria que seu filho Domício (de um casamento anterior) assumisse o trono. Cláudio o adotou com o nome de Nero Cláudio César. Nero casou com Otávia, filha de Cláudio em 53 d.C. e em 54 d.C. Cláudio morreu deixando que Nero assumisse o trono.  
Nero (54 - 68 d.C.)
 Em 59 d.C. mandou assassinar a sua mãe para tomar conta do governo sozinho. Era mais um artista do que um governador. Seu interesse estava em seguir carreira no teatro.
Por causa da sua negligência e extravagância esvaziou o tesouro público e usou de opressão e violência para restaurá-lo, como fez Calígula. Até o senado tinha medo de ser assassinado e ter os seus bens confiscados.
Em 64 d.C. houve um enorme incêndio que destruiu grande parte de Roma. Suspeitou-se que foi Nero quem o fez só para poder construir o seu palácio no Monte Esquilino (Casa Dourada). Para desviar a culpa de si acusou os cristãos. A tradição afirma que Pedro e Paulo foram mortos nesta época em que muitos foram julgados e torturados até a morte. Como acusação, Nero alegou que eles não aceitavam o paganismo e diziam que o mundo seria destruído com fogo.
Muitos queriam matá-lo mas não conseguiram. Entretanto uma revolta das tropas e provinciais de Gália e Espanha o encurralaram. Por isso fugiu de Roma e ordenou que um dos seus o matasse. 
Galba, Otão e Vitélio (68 - 69 d.C.)
 Estes três reinaram muito rápido e quase não são conhecidos, porém fazem parte do império romano. Galba assumiu o lugar de Nero, mas foi assassinado pela guarda pretoriana a mando de Otão. Este teve o apoio do senado, mas foi morto em combate contra Vitélio e o seu legado germânico. Vitélio foi reconhecido pelo senado mas não teve um governo estável. Foi morto quando as tropas de Vespasiano tomaram e saquearam Roma.
Vespasiano (69 - 79 d.C.)
 Quando general fez o cerco a Jerusalém e acabou com uma revolta dos judeus. Nesta campanha destruiu Jerusalém e o seu Templo no ano de 70 d.C. Foi quem construiu o Coliseu em 79 d.C. e foi o primeiro da dinastia dos Flávios que abrangeu seus filhos Tito e Domiciano. 
Tito (79 - 81 d.C.)
 Após cercar Jerusalém, Vespasiano tornou-se imperador e deixou o restante da tarefa para o seu filho Tito, o qual teria de suprimir as batalhas entre os batavos (da, ou pertencente ou relativo a Batávia, nome antigo da Holanda; holandês, batávico) e os gauleses.
Tito foi um dos imperadores mais populares de Roma. Foi no seu governo que ocorreu a destruição de Pompéia e Herculano, cidades da Baía de Nápoles, por causa da erupção do Vesúvio. Também foi nesta época que ocorreu um incêndio em Roma que destruiu o novo Capitólio, o Panteão e o Balneário de Agripa. Além de ajudar pessoalmente os sinistrados, erigiu novas construções e um grande anfiteatro. 
Domiciano (81 - 96 d.C.)
 Tito morreu e como não tinha filhos o senado nomeou Domiciano, seu irmão mais novo para ser o seu sucessor.
Domiciano era um autocrata (diz-se de, ou soberano absoluto e independente) que tentou levantar o nível moral da sociedade, restringindo as corrupções do teatro romano e refreando a prostituição pública. Suprimiu as religiões estrangeiras e construiu os templos dos velhos deuses. Exigiu que lhe prestassem adoração e que o aclamassem como Dominus et Deus. Foi atribuída a ele a perseguição aos cristãos e foi provavelmente neste período que o apocalipse foi escrito. Apesar disto era um bom economista. Morreu assassinado. 
Nerva e Trajano (96 - 117 d.C.)
 Nerva foi o sucessor de Domiciano e também foi eleito pelo senado. Preparou Trajano para sucedê-lo. Este era espanhol de nascimento, soldado de profissão, enérgico e agressivo. Suprimiu a revolta dos judeus no Próximo Oriente, em 155 d.C. e morreu em 117 na Cilícia.

Jesus nasceu no reinado de Augusto (Lc 2.1), seu ministério público e sua morte ocorreram no reinado de Tibério (Lc 3.1), a expansão missionária decorreu no de Cláudio (At 18.2) e Nero (At 25.11,12) e o apocalipse foi escrito durante o governo de Domiciano.
Os acontecimentos do NT se preocupam mais com o judaísmo interno e espiritual, que era o meio em que viviam, porém há certas alusões ao ambiente político.
Reis ou Governadores
Os romanos permitiam a existência de governantes nativos, vassalos de Roma,  em alguns lugares e entre eles a Palestina. Eram mais conhecidas como províncias romanas. A Bíblia registra esses reis, governadores porque fazem parte da história na época de Jesus.

Herodes, o Grande (37 - 4 a.C.)
 Herodes, o Grande foi um desses reis, governadores. Ele subiu ao trono, ofício real, aos 22 anos através da aprovação do senado, porque o seu pai Antípater o havia lançado na carreira política e militar. Foi forçado a obter o poder da Palestina mediante a força das armas e lá governou.
Herodes era descendente dos Edumeus, que são os descendentes de Edom - ~wda - (que significa vermelho - Gn 36.9) ou Esaú, e da família dos Hasmoneus. Não era bem visto pelos judeus por causa disto e também por causa dos cultos pagãos, das ofertas, da utilização do sacerdócio para a política e do relaxamento na sua vida pessoal pois teve 10 esposas.
Era astuto, cruel e invejoso. Assassinou duas de suas esposas e três filhos seus. De acordo com a narrativa encontrada no evangelho de Mateus 2.16 ordenou a matança das crianças em Belém.
Augusto disse que era melhor ser um porco de Herodes do que um filho seu, isto porque no grego a palavra utilizada para porco era similar à utilizada para filho (huiós (uioj) filho - hus (uoj), porco). Mesmo assim, era um eficiente governante e político. Na sua administração houve polícia secreta, toque de recolher, impostos pesados, mas também distribuiu cereais e vestes nos tempos de calamidades. Construiu várias instalações e fortificações militares exterminando, assim, os bandidos que habitavam na Galiléia. Com isso o comércio e a economia cresceram, fazendo com que a paz e a prosperidade se estabelecessem em seu reinado. Por isso tornou-se o Senhor do seu País, a Palestina. Recebeu de Augusto o título de Rei dos Judeus em 40 a.C.
Ao disputar Jerusalém com Antígono apoderou-se dela e a primeira coisa que fez foi nomear um sumo sacerdote, no caso Hananiel da Babilônia, ou Anás, conforme consta em Lucas 3.2.
Herodes embelezou o Templo de Jerusalém, decorando-o com mármore branco, ouro e pedras preciosas. Havia uma frase que dizia: "quem jamais viu o Templo de Herodes, nunca viu o que é belo".
Alexandra, uma de suas esposas, induziu Herodes a nomear o seu filho Aristóbulo III como sumo sacerdote no lugar de Hananiel, mas Herodes o matou da mesma forma que fez com sua esposa Mariana. Esta foi a única mulher que ele amou, mas pela segunda vez que foi a uma batalha deixou uma ordem que se ele morresse deveriam matá-la também. Ao saber disto ela começou a acusá-lo de assassino em vários casos, inclusive o de Hircano, seu bisavô. Então influenciado por sua mãe e irmã, Herodes a matou.
Herodes foi amigo de Cleópatra e Antônio até o ano de 29 a.C., quando viu que não poderiam mais ser aliados e ele ficar contra Roma. Assim estabeleceu a paz com Augusto e continuou sendo o rei da Judéia.
Apesar de ter ordenado a morte de alguns líderes judeus, só para que houvesse lamentações apenas na sua morte, esta ordem não foi à frente e ele acabou falecendo de hidropisia (acumulação anormal de líquido seroso em tecidos ou em cavidade do corpo) e câncer nos intestinos em 4 a.C.
Foi sucedido por seus filhos. Augusto, imperador de Roma, nomeou Arquelau como etnarca, governador de província no Baixo-Império (Judéia, Samaria e Iduméia); Antipas como tetrarca, governador de uma das quatro partes de uma província (Galiléia e Peréia); Filipe como tetrarca (Betânia, Tracônites e Aurânites). 
Arquelau (4 a.C. - 6 d.C.)
 Tornou-se o etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia. Desposou Gláfira, filha de Arquelau, rei da Capadócia, que tinha sido casada duas vezes. Ao casar com ela caiu no desfavor do povo.
Conforme o seu pai, deu grande desenvolvimento às obras públicas e também era muito vingativo.
Arquelau proferiu alguns desmandos, que provocaram várias queixas por parte dos judeus e dos samaritanos e que, conseqüentemente, provocaram a sua remoção do ofício e o seu banimento por ordem do mesmo imperador que o nomeou, Augusto. Um desses desmandos está registrado em Mateus 2.21-23, onde fala que José e Maria, ao regressarem do Egito, tiveram de estabelecer-se em Nazaré da Galiléia, ao invés de fazê-lo em Belém, da Judéia. 
Filipe (4 a.C. - 34 d.C.)
 Tornou-se o tetrarca da Ituréia, Tracônites, Gaulânitis, Aurânites e Betânia. Era justo, distinto para com o povo e um grande edificador conforme o seu pai. Edificou Betsaida Júlia, a nordeste do Lago da Galiléia e junto à nascente do Jordão foi edificada a Cesaréia de Filipe, uma homenagem feita a ele e ao imperador. Sua população, em grande parte, era síria e grega, tendo poucos judeus. É citado em Lucas 3.1. 
Herodes Antipas (4 a.C.- 39 d.C.)
 Tornou-se o tetrarca da Galiléia e Peréia e é o mais citado de todos nos evangelhos. O seu sistema de governo era grego.
Herodes Antipas era judeu e construiu Tiberíades, a nova capital, às margens do Lago da Galiléia. Tiberíades foi edificada no local onde era um cemitério e por isso os judeus não queriam habitar nela. Entretanto, Herodes Antipas colonizou-a à força.
Ele foi contra Pilatos, quando este levantou uma égide de culto pagão em Jerusalém e participou da festa da páscoa (Lc 23.7).
Conheceu Herodias esposa de Herodes Filipe I, seu meio-irmão, que não era o tetrarca, na própria casa dele e casou-se com ela. Mais tarde, depois de já estarem separados, Herodias juntamente com seu irmão Agripa I, conseguiram prender Antipas em Lião, na Gália, onde ficou até a sua morte.
Herodes Antipas mandou matar João Batista (Mt 14.1-12), Jesus o chamou de raposa (Lc 13.32) e julgou a Jesus (Lc 23.7-12). 
Herodes Agripa I (37 - 44 d.C.)
 Era neto de Herodes, o Grande, irmão de Herodias e filho de Aristóbulo. Foi educado em Roma e retornou à Palestina em 23 d.C., sendo nomeado por Antipas superintendente dos mercados de Tiberíades. Mas teve um desentendimento com Antipas e com o governador romano de Antioquia. Por isso retornou à Itália e tornou-se o tutor do neto de Tibéria e foi amigo íntimo de Calígula. Ao se tornar imperador, Calígula o nomeou para ocupar o cargo de Antipas.
Por ter boa influência com Calígula e com os judeus, evitou que fosse erigida uma estátua do imperador no Templo de Jerusalém. Após a morte de Calígula apoiou Cláudio, o qual o deixou no mesmo cargo e ainda acrescentou à sua jurisdição Judéia e Samaria. Desta forma, Agripa I ficou com o território igual ao de Herodes, o Grande.
Ao regressar à Palestina onde passou a viver, começou a adorar no Templo. Seguiu estritamente as leis judaicas e impediu a introdução de cerimônias e de imagens pagãs dentro das sinagogas. Por se dedicar ao judaísmo passou a perseguir os cristãos. Ele prendeu e matou Tiago, filho de Zebedeu e também quem encarcerou a Pedro (At 12.1-5).
Herodes Agripa I teve três filhos e uma filha, Drusila, a qual casou com Félix procurador romano da Judéia. 
Herodes Agripa II (50 - 100 d.C.)
 Era bisneto de Herodes, o Grande. Após a morte de seu tio Herodes de Cálcia, foi eleito rei, em 50 d.C. e nomeou o sumo sacerdote do Templo.
Em 53 d.C. deixou Cálcia e recebeu as quatro tetrarquias de Filipe e Lisânias. Em 54 d.C., após a morte de Cláudio, Nero acrescentou-lhes algumas partes da Galiléia e Peréia.
Quando Festo tornou-se o governador da Galiléia, Agripa II ocupou um novo cargo e também serviu de conselheiro religioso no caso de Paulo, conforme consta no relato do livro dos atos dos apóstolos (25.13-26.32) e ainda foi leal a Vespasiano e a Tito.
Procuradores
Os Procuradores (4 a.C. - 70 d.C.)
Juntamente com os imperadores e reis-governadores havia os procuradores que eram homens de confiança dos imperadores. Em alguns momentos que os reis-governadores não conseguiam controlar a Judéia, o governo romano passava a liderança para os procuradores. Do contrário, eles apenas exerciam as suas funções e só intervinham em casos de extrema importância.
Entre 6 e 66 d.C. há uma estimativa que aproximadamente quatorze  procuradores foram enviados à Judéia para tratar dos negócios.
Os procuradores eram homens a quem o governo romano tinha alguma dívida e desta forma poderia pagá-los. Eles exploravam o povo ao máximo e com isso se enriqueciam.
Pôncio Pilatos era um deles e foi juiz de Jesus (Mt 27.1,2,11-26; Mc 15.1-15; Lc 23.1-7,13-25; Jo 18.28-19.16); Félix e Festo também foram e ouviram a exposição de Paulo (At 23.23-25.12). Mas foi com Floro que estourou a revolta dos judeus, acarretando na destruição do Templo em 70 d.C. isto porque pilhou o tesouro do Templo.
Abaixo segue uma lista em que consta a família herodiana e os procuradores: 
Herodes o Grande casou com Mariamne I, sua primeira esposa e teve como filho que o sucedeu, Aristóbulo. Aristóbulo gerou a Herodes Agripa I (At 12.1-24); Herodes Agripa I gerou Herodes Agripa II, o tetrarca de Cálcis (At 25.13-26.32), Berenice (At 25.13) e Drusila, esposa de Félix, governador romano (At 24.24). Herodes o Grande casou com Mariamne II e gerou Felipe, o primeiro marido de Herodias (Mc 6.17); Herodias deixou o seu marido e casou com Herodes Antipas (Mc 6.17) e gerou Salomé (Mt 14.1-12). Herodes o Grande ainda casou com Maltace e gerou a Arquelau, o etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia (Mt 2.22) e a Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia e Peréia (Lc 3.1; 23.7-12). Herodes o Grande também casou com Cleópatra e gerou Herodes Filipe, o tetrarca da Ituréia, Gaulanites, Auranies e Batanéia (Lc 3.1). 
Os procuradores romanos da Judéia foram: 6 d.C. Copônio; 10 d.C. M. Ambívio; 13 d.C. Ânio Rufo; 15 d.C. Valério Grato; 26 d.C. Pôncio Pilatos; 36 d.C. Marcelo; 38 d.C. Marilo; (de 41 a 44 d.C. Herodes Agripa I governou a Judéia e a Palestina toda); 44 d.C. Cuspius Fadus; 46 d.C. Tibério Alexandre; 48 d.C. Ventídio Cumano; 52 d.C. M. Antônio Félix; 59 d.C. Pórcio Festo; 61 d.C. Albino; 65-70 d.C. Géssio Floro.
Mesmo sendo dominados por outros, os judeus tinham em mente que o poder real era do sacerdócio. Eles apenas se submetiam ao jugo político, mas nunca de coração.
Desde a morte de Herodes o Grande até a queda de Jerusalém e a destruição do Templo em 70 d.C. o sacerdócio era o poder político da Judéia. O sumo sacerdote atuava como conselheiro do governador romano, porque tinha influência sobre a população (compare os relatos de Mc 15.11, com Lc 23.12-15 e com Jo 18.12-40). Mas com a destruição do Templo e de Jerusalém eles sumiram.
É verdade que em todas as tensões que existiram entre os judeus e os romanos, os sumo sacerdotes tinham uma grande influência.
Na Palestina o sumo sacerdote era o governador, por isso fazia aplicar as leis. Era auxiliado pelos anciãos e sacerdotes. O Templo era o centro da vida nacional onde eram realizadas as festas da páscoa, das semanas e do tabernáculo, cuja realização atraía vários devotos. O estudo da lei e a sua interpretação eram feitos com muito zelo. Entretanto para que se entenda melhor isto é necessário conhecer um pouco mais sobre o judaísmo, sinédrio, sinagoga e outras coisas relacionadas ao mesmo, já que todas são frutos do judaísmo, como o próprio cristianismo.
Judaismo
No 1º século do império romano, o judaísmo era nacional pois tinha origem no povo judaico, porém não se restringia a ele porque era composto de vários outros.
Apesar de existirem povos que adoravam a um Deus, o povo judaico só adorava e só aceitava um único Deus, Iavé. As outras religiões também tinham templos e cultos de sacrifícios, mas só o judaísmo tinha um Templo sem imagens e com tantos fiéis há tanto tempo. A ética judaica era voltada para o seu Deus a quem cultuava. O judaísmo se fundamentava na revelação de Deus: Escrituras Sagradas, profetas e hagiógrafos.
O cristianismo é uma raiz do judaísmo, pode-se dizer que é um filho. Dos 27 livros que o NT contém, a maior parte da teologia apresentada é judaica, isto é, tem base no AT. Como Jesus era judeu tudo o que ocorreu no ambiente do NT era de tradição judaica.
O cristianismo e o judaísmo são separados porque este não aceitou a Jesus como o messias e, conseqüentemente, não aceitou os seus seguidores.
O judaísmo é produto do exílio, surgiu por volta do século 6 a.C. com os cativos do reino do Sul, na Babilônia. Durante um bom tempo o povo de Israel vinha sendo influenciado pela cultura de outros povos, inclusive na adoração a outros deuses. Servir a Iavé era quase uma agressão, quem quisesse servi-lo tinha de arcar com as conseqüências, um bom exemplo disto está no livro de Daniel, na sua história e também dos seus companheiros.
Há outros relatos que podem ser lembrados: a adoração a Baal e a luta de Elias contra os profetas de Baal e contra Jezabel, a rainha; a purificação do Templo feita por Josias de forma rigorosa. Apesar destes não serem do cativeiro babilônico, a idéia de adoração a outros deuses é antiga e já estava enraizada no povo de Israel.
Ao entrar no cativeiro o povo se deparou com outra realidade e com um grande problema: só poderiam adorar a Iavé e seguir fielmente às suas leis. Se não fizessem isto seriam envolvidos com as religiões dos povos que os dominava. O Templo não existia mais, nem o culto, como conseqüência o livro da lei sumiu juntamente com o sacerdócio. Entretanto algo interessante aconteceu, o Deus Iavé, que era o Deus do Monte (Sinai) havia descido e estava com eles no cativeiro. Agora havia mais um motivo para adorá-lo, pois ele se mostrava fiel e que estava sempre com o seu povo. Por isso todos passaram a adorar ao Deus Iavé.
Então surgiram as mudanças e adaptações para melhor. Já que não há mais cultos, o estudo da Torá passou a ser prioridade e a ter muito valor. Como também não havia mais sacerdócio e por causa do cativeiro o povo falava uma nova língua, passou a existir a interpretação para uma melhor compreensão do texto e também surgiram os escribas, que eram homens dedicados ao estudo da Torá e estudavam-na com muita intensidade (Ed 7.6).
Com a reconstrução do Templo de Jerusalém e com poucas pessoas podendo participar por várias causas, entre elas a distância e a questão econômica, surgiu a sinagoga e esta contribuiu mais ainda para unir o povo e afirmar o judaísmo.
O ponto central da teologia do judaísmo era crença na unidade e na transcendência de Iavé, que para os judeus era o único existente.
Os rabinos, da sinagoga, davam ênfase à paternidade de Iavé (Is 63.16) e o Pai Nosso (Mt 6.9-13) mostra a importância disto. A teologia judaica dizia que o homem era criação de Deus, dotado da capacidade de escolher a obediência e a desobediência à lei revelada e assim, escolher as conseqüências de vida e de morte, conforme Deuteronômio 30.11-20.
O principal objetivo do povo judeu era cumprir os mandamentos de Deus e praticar as leis, as normas impostas para o povo. Entre elas: a circuncisão, a guarda do Sábado, as várias festas anuais, o culto e a sinagoga.
Para os judeus o pecado era desobedecer a qualquer um dos preceitos contidos na lei revelada por Deus, a Torá, sem exceção. Qualquer quebra acarretava na exclusão do povo escolhido. Havia a idéia de castigo e galardão para o povo. A nação quando obedecia e adorava a Iavé prosperava, mas quando se tornava idólatra e negligente à lei, sofria as conseqüências: perdas políticas e econômicas.
A partir do cativeiro esta idéia começou a mudar, porque observaram que muitos prosperavam e sofriam os danos, independente de como o povo agia. Então a responsabilidade passou a ser individual e não da nação. Começou também a surgir à idéia de vida futura, Sheol ( lwav) - túmulo, inferno, cova  -  e de um messias com caráter apocalíptico.
O ano sagrado do judaísmo tinha doze meses lunares com um intercalar (lunar com solar); o ano civil começava com o sétimo mês (outubro), o religioso com o primeiro mês (abril), no qual ocorria a Páscoa e esta era a grande festa do ciclo judaico. 
O calendário era assim:

- Nisan          (março/abril): 
dia  14 - Páscoa: esta festa comemorava o êxodo do Egito;
dia 15 - Pães Asmos: a festa dos pães asmos marcava o início das primícias (colheita do trigo);
dia 21 - Final da Páscoa;
- Iyar              (abril/maio):
dia 06 - Festa de Pentecostes ou das Semanas: a festa de Pentecostes marcava o fim da colheita de trigo;
- Sivan          (maio/junho)
- Tammuz      (junho/julho)
- Ab               (julho/agosto)
- Ellul  (agosto/setembro)
- Tishri          (setembro/outubro):
dias 1,2 - Festa das Trombetas, Rosh Hashanah: a festa das trombetas marcava o início do ano civil e o fim das colheitas da uva e azeitona;
dia 10 - Dia da Expiação, Yom Kippur: era o dia do arrependimento nacional, havia jejum e expiação, por ser um dia triste não era chamado de festa;
dias 15 a 21 - Festa dos Tabernáculos, da Colheita: a festa do tabernáculo o viver em tendas a caminho de Canaã após o êxodo do Egito, por isso durante esta festa o povo vivia em cabanas de ramos;
- Marshevan   (outubro/novembro    )
- Kisleu         (novembro/dezembro):
dia 25 - Festa das Luzes, da dedicação Hannukkah: a festa das luzes comemorava a re-dedicação do Templo por Judas Macabeu, com luzes brilhantes nos recintos do Templo e nos lares judeus;
- Tebeth        (dezembro/janeiro)
- Shebeth      (janeiro/fevereiro)
- Adar  (fevereiro/março):
dia 14 - Festa de Purim: a festa de purim comemorava o livramento do povo de Israel ao tempo de Ester, tendo a leitura pública do seu livro nas sinagogas;

As seis primeiras foram prescritas na lei de Moisés, na Torá e as duas últimas tiveram origem depois do exílio.
Para continuar entendendo sobre o judaísmo é necessário conhecer um pouco sobre o Templo, a sinagoga, o sinédrio e os partidos que surgiram. 
O Templo
 Existiram três tipos de Templos onde os judeus adoravam a Iavé. Todos os três foram erigidos em épocas diferentes. O segundo foi construído porque o primeiro havia sido destruído e o último foi por ordem e luxúria de Herodes o Grande.
O primeiro é o Templo de Salomão, que realizou do desejo de seu pai o rei Davi, em estabelecer um lugar central para adoração a Iavé e desta forma proteger mais a Arca da Aliança.
O Templo de Salomão teve como modelo o Tabernáculo, porém com as dimensões dobradas. A mobília e a ornamentação eram mais magnificentes. De acordo com as medidas dadas no Conciso Dicionário Bíblico o Templo tinha 60 côvados de comprimento (27m), 20 de largura (9m) e 30 de altura (6m). Era feito de pedras preparadas e coberto com pranchões e tábuas de cedro. O soalho e as paredes eram de cedro. O Santo dos Santos, o Lugar Santíssimo ou Oráculo tinha a forma de um cubo com 20 côvados (9m) de cada lado, onde ficavam a Arca da Aliança e os dois querubins, sendo que cada um tinha 10 côvados de altura (4,5m) e suas asas eram de 5 côvados (2,25m). Ainda havia o véu que dividia o Lugar Santíssimo do Lugar Santo ou Santuário. Este tinha 40 côvados de comprimento (1,80m), 20 de largura (9m) e 30 de altura (6m). Nas paredes perto do teto estavam as janelas. Nele encontrava-se o altar de incenso, 10 castiçais, 10 mesas e tinha suas portas de cipreste. Nas paredes laterais e nas dos fundos foram feitos três andares de câmaras para os oficiais do Templo que também serviam para depósitos. À frente estava o pórtico com 20 côvados de comprimento (9m) e 10 de largura (4,5m) onde ficavam as duas colunas Jaquim e Boaz, tendo cada uma 18 côvados de altura (8,1m). Ainda havia o pátio onde ficava o altar de bronze, o mar de bronze e os 12 bois sentados em grupos de 3 e as 10 pias de bronze. Este foi incendiado por Nebuzaradão, general de Nabucodonozor em torno  de 587 a.C.
O segundo foi o Templo de Zorobabel, erigido pelos judeus que retornaram do cativeiro e tinha proporções diferentes e menos luxuosas. Com o retorno do primeiro grupo as obras foram iniciadas, enquanto alguns, que ficaram na Babilônia, davam o devido apoio econômico. Entretanto os samaritanos conseguiram impedir, por um tempo, as obras e estas só recomeçaram aproximadamente em 520 a.C.
O Templo de Zorobabel foi terminado e dedicado na época de Ageu, Zacarias e talvez Malaquias (516 a.C.). Ele teve alguns acréscimos nas áreas de reunião e ficou erigido até a época de Herodes o Grande. Isto ocorreu porque Herodes quis construir um mais luxuoso.
Então o Templo de Herodes foi o terceiro. Em 19 a.C. iniciou-se a construção do pórtico, do Lugar Santo e do Santo dos Santos e estes foram terminados em um ano e meio, mas a estrutura inteira só foi terminada por volta de 64 d.C. e alguns afirmam que não foi todo reconstruído.
O Templo media 100 côvados de comprimento (45m) e 40 de altura (18m). Havia o Pátio dos Sacerdotes e um pátio grande, onde ficavam separados, de cada lado, os homens das mulheres. Fora destes recintos ficava o Pátio dos Gentios, onde havia os cambistas e negociantes. Dos três Templos erigidos, este foi o mais luxuoso.
A importância do Templo para os judeus era muito grande. O Templo era o principal centro de culto de Jerusalém e a maioria das festas era realizada nele. Jesus e os apóstolos ensinaram e pregaram nos seus átrios. Havia inscrições em grego e latim advertindo os gentios para não entrarem nos átrios mais interiores, caso adentrassem estavam sujeitos à morte.
Os judeus tinham autorização dos romanos para terem um corpo de polícia destinado a manter a ordem dentro dos recintos do Templo. O chefe principal do Templo era chamado de strategos (strathgoj) isto é, capitão, comandante do Templo (At 4.1; 5.24-26). À Noite o Templo era fechado e ficava sob a proteção de guardas para que não houvesse roubo.
De acordo com a lei mosaica os sacrifícios só poderiam ser oferecidos no Santuário Central, por isso era tão importante para os judeus e o judaísmo.
O Sinédrio
 O termo sinedrion (sunedrion) entrou em uso após o final da Grande Sinagoga e significava concílio dos judeus (em Jerusalém).
Era o Senado da época ou executava a função da Suprema Corte dos Judeus, a qual impunha na vida, nacional e cívica, a obediência ao sistema mosaico da lei sagrada. Era o Conselho Supremo do Judaísmo e o Talmude o denomina como O Tribunal dos Saduceus. No NT é chamado de: Concílio, Principais Sacerdotes e Autoridades ou apenas Autoridades.
Consistia em 71 membros e entre eles havia: sacerdotes, fariseus, anciãos e escribas que se autodenominavam juízes e sobre todos a aristocracia sacerdotal mantinha preponderância.
A idéia do sinédrio surgiu baseada no relato de Números 11.16, onde consta que Moisés e mais 70 anciãos do povo julgavam o povo. O sinédrio existia desde o período grego e era convocado sob a presidência do Sumo Sacerdote. A princípio reunia-se na sala da Pedra Talhada, que era um compartimento do Templo, cujo acesso era pelo Pátio dos Sacerdotes e dos israelitas, mais tarde funcionou em vários outros locais.
Na verdade, era um tribunal local, em qualquer cidade ou colônia judaica, que servia para o julgamento de causas secundárias e isto ocorreu porque os romanos permitiram os judeus manusearem muitas questões religiosas e domésticas. As reuniões eram diárias, exceto aos Sábados e em outros dias santificados.
Era dever do sinédrio: a proclamação mensal da lua nova, a declaração dos anos bissextos, as decisões de crimes contra o Estado e as questões da lei judaica sobre as quais houvessem dúvidas.
O seu poder estava sob o apoio do governo romano, mas sob o domínio de Herodes o Grande e dos governadores romanos esteve sem força, porém controlava boa parte das questões locais que afetavam a vida diária. Entretanto na época de Jesus exerceu grande autoridade. Com o domínio total dos romanos perdeu o prestígio sobre a vida e a morte, mas em tumultos fazia valer a sua lei. 
A Sinagoga
 A sinagoga (sunagwgh) teve a sua origem no exílio da Babilônia. A grande dispersão do povo no cativeiro e as peregrinações nos anos posteriores tornou necessário haver outras formas de reunião. A idéia principal era fazer com que as pessoas se reunissem para o estudo da lei, mas para tal reunião era necessária a presença de 10 homens para formar a congregação. Ela passou a substituir o culto do Templo, já que a princípio o povo estava cativo e não havia mais Templo e mesmo depois de reconstruído muitos eram impedidos pela distância ou pela pobreza de participarem no Templo.
A instituição da sinagoga deu tão certo que mesmo após a reconstrução do Templo e também no 1º século d.C. em Jerusalém havia sinagogas. Ela desenvolveu uma vida religiosa que era a adaptação dos velhos ritos e observâncias do judaísmo às novas condições que o povo tinha de viver. Estas eram os princípios essenciais do velho culto prescrito na lei e pregado pelos profetas. Graças a ela o judaísmo cresceu e persistiu.
Os judeus fundaram sinagogas em cada cidade do império e em Jerusalém havia até sinagoga de estrangeiros. A Galiléia, na época dos Macabeus, estava cheia delas.
A sinagoga se tornou o novo centro de culto, era um centro social para os judeus se encontrarem e a própria palavra significa isto, reunidos juntos. Era a instituição de educação para conservar a lei diante do povo e para instruir as crianças na fé ancestral. Daí o início da educação no meio judeu.
O estudo da lei tomou o lugar do sacrifício, o rabi suplantou o sacerdote e a fé comunal passou a ser aplicada à vida individual. Em cada uma havia um chefe da sinagoga (Mc 5.22) que presidia os cultos, atuava como instrutor em caso de disputa (Lc 13.14) e era quem apresentava os visitantes (At 13.15). Havia o subalterno ou Hazzan, que era o zelador que ainda tinha como função anunciar à comunidade o início do Sábado na 6ª à tarde e o seu fim e, se por acaso faltasse um dos professores, era quem ensinava.
As sinagogas eram fortes edifícios de pedras. Cada uma tinha uma arca, onde ficava uma cópia do rolo da lei, um estrado com uma escrivaninha onde a escritura do dia era lida, havia luzes e bancos para congregação.
O culto era composto de oração, leitura e explicação da mesma para a vida, mas não continha o sacrifício. O culto iniciava com a recitação do credo judaico de Deuteronômio 6.4,5: "Ouve ó Israel, Iavé nosso Elohims, Iavé uno; e amarás Iavé, teu Elohims, com todo o teu coração, com todo o teu ser, com toda a tua intensidade".

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Esta era acompanhada de frases de louvor a Deus (Bekarot) que começavam com a palavra "Bendito". Após o Shema ([mv) vinha um ritual acompanhado posteriormente com uma oração individual e silenciosa por parte de um dos membros da congregação. Depois disto vinha a leitura da Escritura (os judeus palestinos liam o Pentateuco em cada três anos e os babilônicos num ano) e também os profetas, conforme Lucas 4.16-21. Esta leitura era feita de pé por todos da congregação, após havia a explicação da mensagem lida com todos assentados e o culto era encerrado com uma bênção pronunciada por algum membro sacerdotal da congregação. Caso não houvesse um, havia apenas uma oração.
Além de a sinagoga ser a casa de culto dos judeus, também servia de igreja, de tribunal e de escola. Como escola seus alunos recebiam lições de história e da religião dos hebreus, bem como das habilidades práticas. Entre tais, ler e escrever sobre os seus progenitores. Além disso aprendiam aritmética simples, tradições judaicas extra bíblicas, complexos rituais do judaísmo e aprendiam uma profissão.
Na sinagoga também eram impostos castigos, inclusive açoitamentos (Mt 5.22; 10.17; Mc 13.9; Lc 12.11; 21.12) e a excomunhão temporária ou permanente. As reuniões aconteciam aos Sábados, nas 2ª e 5ª horas, os cultos aos sábados eram na 3ª, 6ª e 9ª horas. As pessoas entravam curvando-se para a parede onde estava a arca com uma cópia do rolo das Escrituras.
Partidos Judaicos
No judaísmo havia os partidos judaicos que se destacavam muito e aparecem nos relatos dos evangelhos. Alguns eram políticos, outros religiosos e outros se tornaram um, porque estavam fora da crença dos demais. Eles são: 
Os Fariseus (Farisaiwn)
 Este nome deriva de Parash que significa separar. Tiveram origem pouco depois da revolta dos Macabeus. Eram os separatistas ou os puritanos do judaísmo que se separavam das más associações e procuravam prestar obediência completa a todos os preceitos da lei oral e escrita. Além disso separavam-se dos gentios e dos demais que não eram judeus.
Era a mais numerosa seita religiosa e a de maior influência. Sua maior parte pertencia à classe média leiga e formava a coluna mestra do judaísmo.
Para eles qualquer um que não praticasse o judaísmo era um pecador. Sua teologia era baseada no judaísmo e ensinava a ressurreição no fim dos tempos (At 23.8), depois os homens deviam ser punidos ou recompensados no além.
Quando eram questionados sobre algumas coisas, utilizavam o método alegórico de interpretação para fugir. Acreditavam em anjos, espíritos e na imortalidade da alma. Praticavam a oração, o jejum com seus rituais e entregavam o dízimo (Mt 23.23; Lc 11.42). Observavam muito a lei rabínica, mosaica e o Sábado (Mt 12.2). Cultivavam uma esperança messiânica através de uma libertação divina.
Apesar dos seus padrões morais e espirituais tenderem muito para a justiça própria e, conseqüentemente para a hipocrisia, eram elevados para a época.
Tornaram-se os mentores políticos de Israel e controlavam a sinagoga. Os judeus os admiravam como perfeitos modelos de virtude. Para os fariseus a Lei Oral suplantou a Escrita. 
Os Zelotes (znlwthj)
 Faziam parte do grupo anti-revoltoso romano. Era um grupo sacerdotal que se inspirava no Templo e esperava um próximo fim escatológico. Achava que tudo que era ilegítimo no Templo era o ponto necessário para realizar o reino de Deus.
Tinha sua sede na Galiléia e seu nome significava zeloso, fervoroso ou aderente, dando a idéia de arder por alguma coisa. Pertencia à extrema esquerda dos fariseus e queria a todo custo a autonomia e a independência da nação.
Os zelotes representavam o partido nacionalista judeu (fanáticos) e defendiam a violência como meio de se libertarem do domínio romano. Às vezes eram confundidos com os sicários porque também andavam armados.
Recusavam a pagar taxas à Roma, consideravam a lealdade a César um pecado e foram iniciadores de diversas revoltas. Por isso são considerados os culpados pela destruição de Jerusalém em 70 d.C. Eram tão radicais que mais tarde se tornaram marginais sem lei.
Simão era Zelote (Mt 10.4; Lc 6.15; At 1.13) 
Os Sicários (sikarioj)
 Este nome significa assassino. Os sicários eram de uma fanática facção política dos judeus que assassinava seus adversários. Talvez fossem de um ramo extremista dos zelotes ou um grupo separado eventualmente que se fundiu com o movimento deles. Opuseram-se à resistência no 1º século. 
Os Essênios
 Eram da extrema direita dos fariseus e eram os mais conservadores entre os fariseus porque enfatizavam a observação minuciosa da lei. Porém eram um menor grupo e tiveram início entre os hasidim. Uns viviam em comunidades monásticas e outros tinham o voto do celibato, mas ambos não iam ao Templo por causa do sacerdócio corrupto.
Apesar de Plínio mencionar que apenas havia um assentamento essênio na Judéia, Filo e Josefo afirmam que o grupo reunia mais de 4 mil integrantes espalhados nela.
O vocábulo essênio vem do grego e significa santo e por isso usavam vestes brancas como símbolo de pureza pessoal. Segundo a Revista Galileu, as palavras gregas  utilizadas para designar este nome podem ser traduzidas como aqueles que curam. Vermes traça um paralelo com a palavra terapeuta, título dado a uma sociedade ascética egípcio-judaica parecida com os essênios.
Eles se consideravam o remanescente vivo dos eleitos nos últimos dias. Esperavam diversos personagens escatológicos: um grande profeta, um messias político-militar, um messias sacerdotal e ainda, se preparavam para uma guerra de 40 anos que culminaria no reinado messiânico.
Para participar dessa fraternidade era necessário submeter-se aos regulamentos do grupo e às suas cerimônias de iniciações. Como não se casavam, mantinham as suas gerações através de adoções ou pela recepção de neófitos.
Tinham em comum suas propriedades pois eram contrários à propriedade privada, se sustentavam através dos trabalhos manuais e comiam alimentos simples. Eram sábios restritos em conduta, não davam lugar à ira, não julgavam e observavam o Sábado com muito rigor. Ensinavam que a alma era intangível e imortal, encerrada num corpo perecível. Na morte, acreditavam que o bom passava para uma região de sol brilhante e de frescas brisas, enquanto que os réprobos (condenado, danado, mau, perverso, malvado) eram relegados para um lugar escuro e tempestuoso de tormento contínuo. Qualquer desvio de uma das regras era o necessário para excluir alguém da comunidade.
Apesar de ser uma seita considerada morta, algumas pessoas trataram de ressuscita-la. No Brasil há a Igreja Essênia de Jesus Cristo que se propõe a seguir hoje a antiga doutrina. Esta tem como base o Evangelho Essênio da Paz e o Evangelho dos Doze Santos que foram encontrados respectivamente no Vaticano em 1923 e no Tibete no século XIX.
Estes essênios modernos dão ênfase a aspectos que, segundo o psicólogo Fernando Travi, representam a essência da doutrina: o respeito à natureza, o vegetarianismo estrito e a purificação como o caminho para a cura de problemas físicos e espirituais. Ele adverte que a preparação de um essênio é longa, árdua e exige muita disciplina. Não pára nem quando o candidato está dormindo, pois acredita que ao deitar á noite deve-se estar preparado para continuar o aprendizado, recebendo informações através do inconsciente. 
Os Saduceus (saddoukaioj)
 Também surgiram na época dos Macabeus. Eram em menor número que os fariseus, mas tinham maior influência política do que eles porque controlavam o sacerdócio, o sinédrio e o Templo. Por isso eram um importante partido religioso que surgiu no período do NT embora não fossem bem organizados.
Sofriam influência da helenização porque continham contato com os dominadores estrangeiros. Eram fiéis à lei mosaica e não aceitavam a tradição oral. Entre eles havia homens ricos e de posição (At 4.1; 5.17).
Conforme a tradição, seu nome deriva dos filhos de Zadoque que foi sumo sacerdote nos dias do rei Davi e Salomão, conforme consta em II Samuel 8.17. Constituíam o grupo dominante na direção da vida civil do judaísmo, sob o domínio da dinastia herodiana.
A sua doutrina é apresentada em Atos 23.8: negavam o dualismo dos círculos apocalípticos (bons e maus), qualquer tipo de predestinação relacionada às ações humanas, mas aceitavam a vontade livre; não criam na existência de anjos, demônios e também negavam o sobrenatural, entre eles os milagres. Na verdade eram totalmente materialistas. Entretanto criam na ressurreição dos círculos apocalípticos da época, sobre castigo e condenação no Hades.
Eram sempre em favor do povo e estavam sempre do lado da maioria e de quem possuía o poder, eram aristocráticos. Tiveram poucos conflitos com Jesus, mas estes foram dramáticos (Mc 11.15-18; 12.18-27; Mt 21.23-27). 
Os Zadoqueus (qAdc)
 Eram da extrema direita dos saduceus e viviam sob um novo conjunto de regulamentos, o Novo Concerto. Eram missionários fervorosos e também esperavam um Mestre da Justiça, que seria o messias e chamaria Israel para o arrependimento.
Aceitavam toda palavra escrita, mas rejeitavam a tradição oral. Eram muito abnegados à vida pessoal e leais aos regulamentos da pureza levítica. Davam enorme ênfase à necessidade do arrependimento. 
Herodianos
 Surgiram em 6 d.C. quando Arquelau, filho de Herodes o Grande, foi deposto e Augusto César enviou Copônio, um procurador para o seu lugar.
Apesar de fazerem parte do círculo judeu não eram uma seita religiosa, mas uma pequena minoria de judeus influentes e também pertenciam à aristocracia dos Sacerdotes Saduceus e que apoiavam à dinastia de Herodes. Por isso eram chamados de antipatrióticos.
A sua causa era política e tinha como ponto principal promover o governo de Herodes. Também eram conhecidos como Saduceus de extrema esquerda e acreditavam que o messias viria desta família. (Mt 22.16; Mc 3.6; 12.13). 
Os Escribas
 Não eram uma seita, nem um partido político. Eram um grupo de profissionais que se dedicavam ao estudo das Escrituras. Provavelmente na época do rei Ezequias já havia escribas, que foram os guardiões, expositores e doutores da lei.
Na época de Esdras, que era escriba, eles interpretaram as Escrituras para o povo e baixaram decisões sobre os casos que lhes foram apresentados (Ed 7.6,11,21).
Tinham como trabalho: o desenvolvimento teórico da lei para incluir novos casos, o ensino gratuito aos seus discípulos e a administração prática dela nos tribunais, nos quais se assentavam como juízes ou assessores.
Na época de Jesus parece que pertenciam à seita dos fariseus, mas estes não tinham conhecimento teológico. Tinham como fonte de sustento outros negócios e Jesus se identificou muito com eles. 
O povo da Terra
 Era a massa do povo ordinário que permanecia desvinculada das seitas e dos partidos políticos da época entre os judeus palestinos. Eram menosprezados, principalmente pelos fariseus porque não tinham conhecimento algum da Torá e eram indiferentes à mesma. 
A Diáspora ou a Dispersão
 É o conjunto dos judeus que viviam em quase todas as cidades desde a Babilônia até Roma e também muitas povoações menores onde o comércio e a colonização os retiveram. Faziam parte todos os judeus que viviam fora da Palestina.
A diáspora iniciou com os cativeiros do Norte e do Sul, entre 721 a 597 a.C. Em Alexandria havia uma enorme colônia judaica que foi influenciada pelo helenismo e por isso perderam a identidade judaica e a fé em Iavé e na Torá. Mesmo assim, iam ao Templo, observavam o Sábado e mantinham o culto na sinagoga.
A diáspora estava dividida em dois grupos: 
Hebraístas ou hebreus: Paulo era um deles (Fp 3.5), nasceu em Tarso, cidade grega, tinha cidadania romana, era judeu completo não corrompido pelo paganismo (At 21.39; 22.25-29). Além da fé religiosa do judaísmo, usavam a língua hebraica ou aramaica e os costumes hebraicos (At 22.3). Seu culto centralizava-se no Templo.
Helenistas: era um grupo maior que não largou a fé mas foram helenizados. Falavam o grego ou a língua da nação em que viviam, adotavam o estilo de veste e os costumes locais. Nos cultos havia elementos sincréticos como pinturas da mitologia pagã. Eram mais simpáticos do que os hebraístas. 
As Classes Sociais
 Os principais sacerdotes e rabinos formavam a classe mais alta. A maior parte da população era de fazendeiros, artesãos e negociantes. Os cobradores de impostos (publicanos) eram desprezados pelos judeus porque mantinham contato com os romanos. Havia vagas para coletas de impostos com contratos de 5 anos. Além de recolher os impostos e terem sua comissão podiam extorquir ilegalmente.
Havia muitos escravos e era comum condenar os criminosos, endividados e prisioneiros à servidão. A liberdade poderia ser adquirida através de pagamento. Outros que pagavam impostos eram os solteiros.
Os nomes não vinham com sobrenomes, mas com uma identificação das pessoas: nome de pai (Tiago, filho de Zebedeu - VIakwbon ton tou Zebedaiou); filiação política (Simão, o Zelote - Simwna ton kaloumenon Zhlwthn); ocupação (João, o Batista, que batiza - VIwannhj o baptisthj); localidade (Judas, Iscariotes, homem de Queriote - VIoudaj VIskariwthj).
Especula-se que viviam mais de 4 milhões de judeus no período do império romano, talvez 7% da população total do mundo romano da época. Alguns dizem que o número de judeus que viviam na Palestina não atingia a 700 mil, porque havia mais judeus em Alexandria, no Egito, do que em Jerusalém e mais na Síria do que na Palestina. Até mesmo dentro da Palestina o número era reduzido, pois na Galiléia e em Decápolis havia mais gentios que judeus. 
Os Escravos
 Para os judeus o homem rico era excepcionalmente abençoado por Iavé, mas fora do judaísmo havia os que cresciam financeiramente aproveitando o empobrecimento da classe média por causa das guerras. Com isto a classe média que estava se tornando escrava e passou a apoiar qualquer líder que prometesse melhorar a vida social, porque a plebe, que fazia parte da sociedade pobre, era numerosa e não tinha nem o que vestir.
Apesar de serem a maioria da população, não tinham poder. Sua classe crescia muito porque não surgia apenas por causa das guerras, mas também por meio de dívidas. Por isso nem todos os escravos eram ignorantes, a maioria tinha estudo e profissão. Um exemplo é Epícteto, que era um célebre filósofo estóico (designação comum às doutrinas dos filósofos gregos Zenão de Cício (340-264) e seus seguidores Cleanto (séc. III a.C.), Crisipo (280-208) e os romanos Epicteto (55-135) e Marco Aurélio (121-180), caracterizadas sobretudo pela consideração do problema moral, constituindo a ataraxia o ideal do sábio) e era escravo. Muitos trabalhavam na agricultura, outros como tutores, criados, copistas e etc.
Para conseguirem favores de seus senhores faziam de tudo, inclusive adulações. Seus filhos ficavam sob a custódia de seus senhores e com isso aprendiam muitas coisas ruins, porém recebiam cultura.
Um escravo fugitivo era marcado com um F na testa à ferro quente e se houvesse roubado algo era condenado à morte. Onésimo estava passando por isto conforme consta em Filemom. Alguns eram agraciados pelos seus senhores e como outros recebiam a carta de alforria e desta forma voltavam a fazer parte da população.
Enfim, com a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C. a adoração e os sacrifícios cessaram. Em contrapartida, os rabinos estabeleceram uma escola na cidade de Jâmnia, na costa do Mediterrâneo, onde estudavam a Torá. Isto permaneceu até que o imperador Adriano erigiu um santuário dedicado a Júpiter, um deus romano, no local onde estava o Templo e proibiu a circuncisão.
Os judeus liderados por Bar Cochba se revoltaram e o consideraram o messias (32 d.C.). Mas em 135 d.C. os romanos abafaram esta revolta, reconstruíram Jerusalém como uma cidade romana, expulsaram e proibiram os judeus de entrarem nela. Daí o estado judaico deixou de existir até o ano de 1948 quando foi reavivado. 
Os Samaritanos
 Samaria (!Armv) é o nome dado à cidade construída por Onri, para ser a capital do Reino do Norte (Israel), que foi fundada em 920 a.C. e estava situada a 11 km a noroeste de Siquém. Foi comprada por Onri de Semer (I Rs 16.24-32) e recebeu este nome em homenagem a Semer (rmv). Existe outra teoria que diz que este nome foi escolhido porque significa posto de vigia.
Era uma cidade bem situada estrategicamente e tinha grande crescimento. Ficava sobre uma elevação à 90m de altura e isto a gloriava das demais, sem contar com a sua beleza e localização.
Foi conquistada pelos assírios em 722 a.C., povo que tinha como costume repovoar as cidades conquistadas com povos de outras também conquistadas por eles, desta forma evitava rebeliões e revoltas. Foi assim que ocorreu com Samaria, foi repovoada com outros povos. Os samaritanos passaram a ser uma população mista, tendo parte israelitas e parte de outros povos.
Há citações sobre ela em alguns livros da Bíblia que a condenam como sendo a espinha dorsal da idolatria (esta mistura explica isto), principalmente na adoração a Baal (Mq 1.5; Jr 23.13; Os 7.1; Am 4.1)
Ao ser conquistada deixou de ser capital e tornou-se província da Assíria, depois da Babilônia e mais tarde dos persas. Juntamente com a sua queda o Reino do Norte chegou ao fim.
Quando Neemias iniciou a reconstrução do Templo, os moradores de Samaria fizeram forte oposição e retardaram a construção. Após a edificação dos muros Neemias voltou para a corte, onde trabalhava e era cativo, deixando seus dois irmãos Hanani e Hananias encarregados em Jerusalém (Ne 7.2).
No ano 32 de Artaxerxes (433-432 a.C.) Neemias voltou a Jerusalém para reiniciar algumas reformas que eram necessárias. Ao chegar viu que Eliasibe havia cometido um grave erro ao formar aliança com Tobias, o amonita (povo inimigo). Desta forma o Templo estaria sempre à disposição deste povo quando viesse visitar Jerusalém (Ne 13.4-7). Por isso expulsou Tobias, acertou as irregularidades do Templo, iniciou as reformas sobre a observação do Sábado e contra o casamento com pagãos (Ne 13.15-28).
Outra irregularidade que Neemias descobriu foi o casamento do neto do sumo sacerdote Eliasibe com a filha de Sambalá, governador de Samaria. Este governador foi contra Neemias na reconstrução e também os expulsou de Jerusalém (Ne 13.28). Daí surgiu o rompimento entre os judeus e os samaritanos e esta hostilidade existia ainda na época de Jesus.
Existe uma outra teoria que é utilizada por Josefo, que toma como base um século mais tarde, já na época de Alexandre o Grande. Josefo menciona que o sacerdote expulso é Manassés e que este levou consigo uma cópia da Torá quando fugiu e passou a dirigir o culto no templo construído no Monte Gerizim.
Esta história dá uma visão religiosa para o cisma, já a citada antes dá uma versão política. Como toda história do povo de Israel está envolvida com o aspecto político e este sempre se volta para o religioso, apelando a Deus, é mais provável que tenha sido a primeira
Mundo romano no NT
Na literatura pode-se descobrir muito da vida e das atitudes morais dos romanos, principalmente através das mitologias gregas, poesias, novelas e romances. Entre estes encontra-se: a Eneida de Virgílio, as histórias mitológicas de Orídio e a poesia de Horácio.
Na arte e na arquitetura os romanos se destacavam nos monumentos duráveis como pontes, arcos, aquedutos, teatros, balneários e nas estátuas. A música e o teatro serviam para divertir o povo e foi através deles que a degradação moral se expandiu em Roma.
A arena servia para estimular a agressividade e a brutalidade do povo. Havia corrida de bigas, jogos olímpicos e outros como entretenimento.
Os romanos não se interessavam muito pela ciência e nem pela história, a maioria das coisas que tinham trouxeram de outros lugares, principalmente dos povos conquistados.
 A igreja romana foi quem mais se preocupou com a ética e a religião, porém agia de forma autoritária.
Os escravos que levavam as crianças até as escolas e as buscavam eram chamados de paidagugos (paidagwgoj) e quando necessário ensinavam. As matérias básicas eram a literatura e a aritmética. Em Estados mais adiantados eram estudados poetas gregos e latinos, bem como as formas de expressão. A oratória só passou a ser estudada mais tarde. Em Atenas, Rodes, Tarso e Alexandria havia universidades e os filósofos itinerantes ou peripatéticos (peripatew), os que ensinavam enquanto caminhavam. Só os jovens que eram mais ricos podiam estudar nelas. Eles também estudavam leis, matemática, astronomia, medicina, geografia e botânica.
O padrão moral de Roma era muito baixo, como se pode ver em Romanos 1.18-3.20. A depravação sexual era muito comum, as escravas e os escravos tornavam-se prostitutos e havia muita prostituição nos rituais religiosos.
A vida humana não tinha muito valor e por isso havia tantos assassinatos. O divórcio era recebido facilmente e aprovado pela sociedade. As criancinhas recém-nascidas já tinham o destino traçado, principalmente as meninas. Havia corrupção política, devassidão, fraude no comércio, dolo e superstição religiosa. Havia agiotagem através de empréstimos conforme Mateus 25.14-30; Lucas 19.12-27, que era uma maneira comum de aumentar o dinheiro.
A língua oficial do império romano era o latim, mas era mais utilizada no Ocidente. No Oriente a língua comum era o grego, os habitantes da Palestina falavam, além do grego, o aramaico e o hebraico.
Sistema urbano
As Moradias, a alimentação e o vestuário
Pelo menos nas cidades, as casas de moradia eram construídas de tijolos ou concreto. Também havia bairros mais pobres com cabanas e casas de madeira. As moradias maiores tinham entradas com portas duplas, algumas com aldravas (tranqueta de metal com que se fecha a porta, com dispositivo que permite abrir e fechar por fora. Tranca de porta, para escorar portas e janelas. Argola ou maça de metal com que se bate às portas, chamando a atenção de quem está dentro; batente), depois da porta estava o vestíbulo (espaço entre a rua e a entrada de um edifício. Porta principal. Espaço entre a porta e a principal escadaria interior) e o espaçoso pátio central chamado atrium (aulh) em latim. Alguns telhados tinham telhas, outros palhas e a iluminação provinha de lâmpadas de azeite.
O estilo da Palestina era muito diferente e bem atrasado, a entrada de uma cidade se fazia por meio de um portão nas muralhas. No interior havia uma praça que tinha um espaço público para o comércio e para as atividades sociais ilegais. Algumas casas eram construídas com tijolos de barro, amassados com palha e ressecados ao sol.
Os romanos tinham quatro refeições por dia. Entre os alimentos encontrava-se pão, mingau de aveia, lentilha, leite, verdura, fruta, azeitona, peixe e vinho. Enquanto os judeus tinham duas por dia e comiam frutas e legumes. O peixe e as carnes eram reservados para os dias de festa.
As túnicas usadas pelos homens eram semelhantes às camisas e iam do ombro ao joelho. Um cinto, faixa ou cinturão era enrolado em volta da cintura. Usavam turbante, manta e capa e as sandálias eram grossas. 
O Transporte, o comércio, as comunicações e o serviço público
 A Palestina era bem pouco desenvolvida em relação às estradas, pois havia poucas que eram pavimentadas. Havia uma estrada que partia de Jerusalém em direção ao sudoeste para Gaza e Belém; outra na direção nordeste para Betânia, Jericó e Damasco (onde Paulo se converteu). Outra estrada se separava da primeira na Transjordânia e atravessava Decápolis até Cafarnaum. A maioria dos judeus percorriam-na quando viajam entre a Galiléia e a Judéia, só para não passarem por Samaria. Uma terceira subia a costa mediterrânea de Gaza até Tiro e outra que seguia para além de Emaús até Jerusalém. Havia uma que começava em  Jerusalém, seguia direto para o norte, atravessava Samaria e terminava em Cafarnaum, foi nesta que Jesus se encontrou com a mulher samaritana no poço de Jacó. A quinta é a Via Maris, isto é, Estrada do Mar, que partia de Damasco, atravessava Cafarnaum, perto do mar da Galiléia, seguia em direção a Nazaré prosseguindo até a Costa do Mediterrâneo.
Estas estradas eram famosas e conhecidas por outros nomes: Via Ápia, Via Ignácia, Via Flamínia de Roma, Via Cláudia Augusta, Via Aurélia, Via Domícia e Via Augusta de Marselha. A maioria destas partia de Roma para algum lugar.
Apesar de todas serem muito estreitas eram bem duráveis, pois muitas existem até hoje. As pedras que as pavimentavam tinham cerca de 3cm de altura e ficavam em duas fileiras paralelas. A maior parte dos transportes era feita por estas e muitas pessoas viajam à cavalo, à pé, em mulas ou burros e também eram utilizadas carruagens ou liteiras (espécie de cadeirinha coberta, sustentada por dois longos varais e conduzida por duas bestas ou dois homens, um colocado à frente e outro colocado atrás). À beira delas havia muitas hospedarias, mas eram muito sujas. Havia mapas em forma de manuscritos e até manuais de orientação para turistas.
A Alexandria era o porto principal e o escoadouro dos cereais produzidos no Egito, o qual era o produtor do pão do império romano. Os navios alexandrinos atingiam cerca de 60m de comprimento, possuíam velas e levavam remos para casos de emergência. Os de guerra eram mais leves e conseqüentemente ligeiros, também havia barcaças nos rios e nos canais.
Além de a comunicação ser feita por todas essas formas de transportes, havia o papiro, pergaminho, ostraco e os tabletes cobertos de cera. A maior parte das propagandas ou editos era feita pelos arautos de forma oral ou em notificações públicas colocadas em postes, quadros e etc.
O sistema educacional era bem desenvolvido. A biblioteca da cidade tinha 1.000.000 (um milhão) de volumes aproximadamente. De acordo com algumas escavações arqueológicas, a Antioquia (Síria) tinha 2,5km de ruas com colunas, pavimentadas com mármore e com um completo sistema de iluminação noturna. As principais cidades do império tinham esgotos subterrâneos. Havia banhos públicos para todos, a princípio tomava-se um só por dia, mais tarde passaram a tomar de 4 a 7. Os banhos de chuveiro também foram inventados pelos gregos há muito tempo.
A religião no NT
A religiosidade
A religião oficial de Roma adotou grande parte do panteão (templo arredondado que, na Grécia e na Roma antigas, era dedicado a todos os deuses) e da mitologia grega e com isso as divindades romanas fundiram-se com as gregas. O imperador passou a ser o Sumo Sacerdote e o Senado lançou a idéia de cultuá-lo, já que eram atribuídos atributos divinos a tais.
Havia rituais secretos de iniciação, cerimônias, aspersão de sangue, refeições sacramentais, intoxicação alcoólica, frenesi emocional, vários cultos às divindades, a promessa de purificação e imortalidade. Enfim, havia muita superstição no império romano. 
O Panteão Greco-Romano
 Cada pequeno lavrador adorava ao seu deus ou deuses e isto ocorria de acordo com o que cria ou que fosse necessário para a sua vida. Com a fusão dos deuses gregos, os deuses existentes passaram a ser identificados dentro da nova cultura. Neste caso, Júpiter que era o deus do céu se uniu com Zeus, deus grego; Juno, sua esposa, se uniu com Hera; Netuno com Poseidon; Plutão com Hades; etc.
Como havia muitos adoradores e alguns ainda cultuavam aos deuses velhos, era aceita toda forma de adoração a qualquer um. Na época de Jesus esses cultos começaram a perder o espaço por causa da imoralidade e alguns filósofos condenavam e escarneciam deles. Mesmo assim cada cidade tinha o seu deus, como em Éfeso havia a deusa Diana ou Ártemis. 
O Culto ao Imperador
 Existiam vários títulos entre eles o de Senhor (kyrios -  kurioj ), Salvador (soter - swthr), divindade manifesta (epiphaneia - epifaneia) e outros. O culto ao imperador tinha um grande valor para o Estado, pois unificava o patriotismo com o culto e tornava o sustento do Estado um dever religioso. O Senado votava a divinização dos imperadores após a sua morte, apenas Calígula e Domiciano forçaram as suas adorações quando ainda vivos. Sendo que aquele era louco e este fez a maior perseguição contra os cristãos. 
As Religiões de Mistério
 As duas religiões que eram apresentadas satisfaziam a massa mas não individualmente. A humanidade queria mais comunhão com os deuses.
As religiões de mistérios vieram de outros lugares. Havia os mistérios Eleusinos da Grécia; o culto à Cibele, da Ásia; Isis, Osíris ou Serápio, do Egito; o Mitraísmo, da Pérsia.
Todos acreditavam num deus que morreu e que ressuscitou. Cada um tinha o seu ritual de purificação, de fórmulas e várias outras coisas que levaria à imortalidade. Por elas satisfazerem os desejos da imortalidade e da igualdade social, todas as classes eram niveladas. 
Adoração ao Oculto
 Para o povo o mundo inteiro era povoado por espíritos ou demônios que podiam ser invocados ou ordenados a obedecer à vontade de uma pessoa. Para isso bastava conhecer o rito próprio e a pena a usar.
Desde a fundação de Roma já existia a predição do futuro através do exame das entranhas dos animais mortos e pela observação dos vôos das aves. Os gregos recorriam às sacerdotisas, aos sacerdotes ou aos oráculos que eram manejados pelos deuses.
Os fariseus expulsavam demônios e chegavam a ser considerados feiticeiros. A magia pagã era inimiga do cristianismo e tinha livros (At 19.19). O cristianismo não aceitava o comércio com  as forças demoníacas (I Co 10.19-21). Há papiros que contêm fórmulas mágicas para expulsar demônios. 
"Uma notável feitiçaria para expulsar demônios. Invocação a ser pronunciada sobre a cabeça (do possesso). Coloque diante dele ramos de oliveira e, mantendo-se em pé diante dele, diga: Salve, espírito de Abraão; salve espírito de Isaque; salve espírito de Jacó. Jesus Cristo, o santo, o espírito (aqui se segue uma série de palavras que  parece não ter significado) expulsa o demônio do homem, até que o demônio impuro de Satanás voe diante de ti. Conjuro-te, ó demônio, quem quer que sejas tu, pelo Deus Sabarbabathioth, Sabarbathiuth, Sabarbarthoneth, Sabarbarbaphai. Sai, ó demônio, quem quer que tu sejas, e vai embora assim e assim imediatamente, agora! Sai, ó demônio, porque eu te prenderei com cadeias diamantinas que não podem ser soltas e eu te atirarei para o caos negro para absoluta destruição."  
A astrologia surgiu na Babilônia porque acreditavam que os deuses habitavam nas estrelas e daí vem o horóscopo que no reinado de Tibério era mania. Mas com o aparecimento do sistema solar de Copérnico, tendo o sol como o centro do universo, a astrologia perdeu a importância.
As Filosofias no NT
Platonismo
Vem de Platão, filósofo ateniense e fundador da Academia que viveu no século 4 a.C. Era amigo de Sócrates de quem herdou a mentalidade inquiridora e o hábito de pensar por meio de conceitos abstratos. Para ele o mundo é constituído de uma infinidade de coisas particulares e cada uma delas é uma cópia quase perfeita duma idéia real perfeita. O real é o ideal de onde saem as cópias. Neste caso, o mundo material é apenas uma sombra.
Platão nunca disse quem era o bem, apenas disse que ele era o topo das idéias. Daí surgiu o dualismo: conhecimento é a salvação; a ignorância é o pecado. O dualismo refletiu no gnosticismo e no neoplatonismo.
Afirmava que ao procurar o supremo bem, o fim, a suprema idéia, o homem se desprende do mundo material e eleva-se à compreensão do mundo real. 
Gnosticismo
 Vem do grego gnosis (gnwsij) que significa conhecimento e pregava a salvação através do mesmo. Para os gnósticos Deus é muito santo para criar um mundo tão corrupto e podre. Acreditavam que de Deus saíram várias emanações ou eões até que a última criou o mundo.
A matéria era uniformizada com o mal e quem quisesse obter a salvação deveria renunciar o mundo material e buscar o invisível.
Surgiu então o Ascetismo que dizia que se o corpo material era mau, deveria estar sob o estrito domínio. Todos os apetites e impulsos corporais deveriam ser restritos, freados, desprezados e suprimidos. Existia também uma outra idéia que dizia que se o corpo é temporário, então os atos não tinham importância, nem efeito no espírito que sobreviveria sozinho depois. 
Neoplatonismo
 Plotino de Nicópolis, do Egito (204-269 d.C.) seguiu os princípios de Platão e os ensinou em Roma durante 25 anos. Apesar de ter sido cristão voltou-se para o paganismo. Foi influenciado por Amônio Sacas, de Alexandria, através do dualismo persa.
O neoplatonismo baseava-se no dualismo platônico e acrescentava-o ao persa, de luz e trevas. O espírito era bom e o corpo mau. A salvação provinha do desligamento de todos os desejos corporais a fim de atender somente às sensações do espírito, porém só se realizava com a morte.
A diferença com o platonismo está em não depender do intelectual mas do infinito. Em ambos não há lugar para a idéia de um deus-homem e nem ressurreição já que o corpo é mau. 
Epicurismo
 Vem de Epícuro que era filho de um ateniense. Epícuro estudou em Atenas e fundou a sua escola em 306 a.C. Seus ensinos foram expostos na obra de Lucrécio, seu discípulo, que era filósofo materialista, romano e poeta.
A cosmologia do epicurismo ensinava que o mundo havia começado com uma chuva de átomos. Alguns deles por mero acaso, movimentando-se um pouco obliquamente, colidiram com os outros. Essas colisões produziram outras, até que por fim esse movimento deu origem ao presente universo.
Para Epícuro o bem era o prazer, o qual definia como ausência do sofrimento. Não era dado pela sensualidade, mas era um prazer de produção e de profunda satisfação do indivíduo. Poderia até ser, no caso de, abster-se de possíveis desejos se isto trouxesse mais satisfação. O prazer era o principal objetivo de vida. Os deuses do epicurismo viviam num lugar fechado e entre si somente. 
Estoicismo
 Seu fundador foi Zenão (340-265 a.C.) que era natural de Chipre. Para Zenão não existia um Deus pessoal mas acreditava que o universo era governado por uma Razão Absoluta, com a vontade divina nela e enchendo-a completamente.
O processo do mundo é governado por um propósito divino. O sentimento pessoal é prejudicial porque perturba a solução racional dos problemas humanos.
Para ele a natureza era o que deveria ser e tudo o que acontecia era regulado pela Providência. O universo era para ser recebido como era. Todos os males eram partes de um maior bem. Acreditava que ninguém podia mudar, nem defender o destino dos homens, por isso não era possível ter uma relação pessoal com Deus. Deus não se preocupava com os problemas pessoais, porque não era pessoal. Mesmo assim a sua ética parece muito cristã. 
Cinismo
 É uma escola socrática como o platonismo. De acordo com o ensinamento de Sócrates, de que o homem com menos necessidades pode normalmente sobreviver em condições que aniquilariam um outro homem que tivesse muitas necessidades, os cínicos diziam que o ponto mais alto da virtude é a carência de necessidades.
Sua finalidade era abolir o desejo a fim de serem independentes dele. Eram individualistas, grosseiros, indecentes na linguagem e conduta. Faziam isto só para mostrarem que eram diferentes. Mesmo assim o cinismo tratava de ética. 
Cepticismo
 Pirro de Élida (365-295 a.C.) foi o fundador. Sua filosofia seguia a seguinte idéia: se o conhecimento se apóia na experiência, não pode haver uma forma final, visto que a experiência de cada homem é diferente de seu semelhante. Há costumes aceitáveis numa terra que são reprováveis na outra. Os termos de juízo são relativos: um peso que é leve para um homem, pode ser pesado para outro. Por isso acreditava que não existia juízo, já que a verdade não existia. Esta filosofia tratava da vida intelectual.
A origem e a formação do NT
A Transmissão do NT

Já deu para perceber que a origem e a formação do NT é bem diferente do AT e, conseqüentemente, a transmissão também será. Outra questão importante a ser ressaltada é a transmissão que se deu após o cânon e que, de acordo com alguns estudiosos, "das 4.800 cópias existentes em grego das várias partes do NT não existem duas iguais", isto ocorreu porque os autógrafos não existiam mais.
No início, quando as pessoas ou as igrejas queriam cópias, um leitor ditava com base num exemplar para uma sala repleta de copistas. Com certeza, surgiram sérios problemas de erros e entre eles: sons, omissões e reiterações. Surgiram também as notas marginais e os chamados melhoramentos teológicos e gramaticais deliberados para o texto. Para que houvesse uma pureza de textos várias vezes as cópias foram colocadas em confronto com os manuscritos anteriores. Mesmo assim, muitos equívocos continuaram.
Com o passar do tempo o NT passou a ser escrito com o vellum, pele de vitela ou de carneiro. Os primeiros manuscritos foram escritos em unciais, isto é, em letras maiúsculas (ABGDEFHI); depois passaram a ser escritos em letras cursivas ou minúsculas (abgedfhi). Até então não havia divisão de palavras, sinais de pontuação e nem as divisões em capítulos e versículos.
Os manuscritos mais antigos que existem ainda hoje do NT são em papiro. Depois do 4º século d.C. praticamente todos os manuscritos foram escritos em pergaminho. Em 331 d.C. o imperador Constantino, mandou fazer 50 exemplares da Bíblia em pergaminho, para serem utilizadas nas igrejas de Constantinopla.
A transmissão do NT em grego se divide em dois períodos de acordo com o material com que foi escrito: manuscritos em papiro (2º e 3º séculos d.C.) e em pergaminho (4º e 9º séculos d.C.). 
Manuscritos em Papiro
P52: fragmento com cerca de 6,5x8,5cm contendo poucos versos do 4º evangelho e é o mais antigo de todo o NT (117 e 138 d.C.);
P45: contém 30 folhas de papiro códice: 2 de Mateus, 2 de João, 5 de Marcos, 7 de Lucas e 13 de Atos. Geralmente um códice consistia em 220 folhas (200-250 d.C.);
P46: abrange 86 folhas tiradas de um original que continha 104 páginas das epístolas: Romanos, Hebreus, I e II Coríntios, Efésios, Gálatas, Filipenses, I e II Tessalonicenses, mas estava muito fragmentado (200 d.C.);
P47: contém 10 folhas de um códice do livro de Apocalipse cujo total em comprimento estima-se que era de 32 folhas (250-290 d.C.);
P66: maior parte do evangelho de João (200 d.C.);
P72: contém Judas e as epístolas chamadas Paulinas, livros apócrifos e Salmos (3º século d.C.);
P75: contém 102 das 144 páginas de um códice de Lucas e João (175-225 d.C.);
Obs.: os manuscritos P45, 46 e 47 foram comprados por Chester Beatty em Londres 1930/31 e estão no museu Beatty próximo a Dublin; os manuscritos P66, 72 e 75 foram comprados pela Biblioteca Bodmer, em Genebra, entre eles há textos nas línguas grega e copta (egípcia).
Pergaminhos
 Por volta do 4º século o AT e o NT já eram transmitidos juntos pela igreja em pergaminhos na forma de códice e o grego em uncial. Entre eles estão: 
Códice Vaticano B: (325 d.C.) encontra-se na Biblioteca do Vaticano. Alguns acreditam que este e o Sinaítico estavam entre os 50 exemplares pedidos por Constantino em 331. Faltam 46 capítulos de Gênesis, uma seção de 30 Salmos e o resto do NT depois do capítulo 9 de Hebreus e contém quase todo o AT e NT;
Códice Sinaítico: (4º século d.C.) encontrado por Tinchendorf em 1859, quando este visitou o mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai e conseguiu que doassem-no para o Czar da Rússia. Em 1933 o governo britânico o comprou por aproximadamente $500.000. Contém os evangelhos, epístolas paulinas, Atos, epístolas católicas, Apocalipse, epístola de Barnabé, O Pastor de Hermas e dois livros pós-apostólicos;
Códice Alexandrino: escrito por volta do 5º século, contém algumas partes do AT e a maioria do NT, acrescido das duas epístolas de Clemente de Roma. Foi um presente do patriarca de Constantinopla ao rei da Inglaterra em 1627;
Códice de Efraim, rescrito (C): este foi escrito em torno do 5º século, foi apagado no 12º século e as folhas foram utilizadas por Santo Efraim para escrever seus sermões em grego. Tinchendorf, conseguiu decifrar os subscritos deste palimpseto (manuscrito de pergaminho que fora raspado para receber novo texto) através de elementos químicos. Contém 64 do AT e 145 do NT, exceto II Tessalonicenses e II João;
Códice de Bezae (D): Bezae era um erudito, francês, sucessor de Calvino na Igreja Protestante em Genebra. Apresentou à Biblioteca de Cambridge, em 1581, um manuscrito do século 6 dos evangelhos e At. em grego e latim, confrontando-se as duas línguas nas páginas;
Cânon do NT
O cânon do NT não pode ser resolvido apenas à base da questão da autoria dos livros, porque os livros do NT foram escritos por autores diferentes e não há nada de especial para que eles fossem escolhidos como os do AT.
Não há nenhuma explicação sobre o por quê de alguns apóstolos escreverem e outros não. Nota-se então que o critério desta canonicidade não é o de uniformidade da autoria humana e sabe-se que Jesus não citou nenhum deles, porque foram escritos bem depois de sua morte.
Há quem diga que o cânon pode ter sido determinado apenas pela aceitação ou não, de vários livros do NT pela igreja primitiva. Sabe-se disto porque em cada igreja houve uma posição tomada sobre cada livro que circulava. Neste caso, o ponto crucial para tais estudiosos é a inspiração e esta está intimamente ligada à pessoa de Cristo, afinal todos os livros falam dele e de seus ensinamentos. Uns têm-no como tema central, outros falam da sua teologia e obras e há os que falam da esperança futura que ele deixou.
O cânon do NT consiste nos livros aceitos pela igreja primitiva como Escrituras divinamente inspiradas, isto é, como padrão de crença e conduta.
A princípio nem todos os cristãos tinham todos os livros do NT que temos hoje, eles tinham o AT, os deuterocanônicos, pseudoepígrafos, não canônicos e a tradição oral sobre os ensinamentos e sobre a obra remidora de Jesus. Mesmo depois de reunidos, muitos não tinham sido distribuídos por todas as igrejas. Antes de serem colecionados para a formação do NT, os escritores cristãos haviam produzido alguns outros livros, uns bons e outros inferiores.
Com o passar do tempo surgiram alguns que começaram a editar as suas coleções como sendo inspiradas. Justino Mártir (155) editou o seu Diatessáron, que era uma harmonia da vida de Cristo tirada dos quatro evangelhos. Entretanto a primeira coletânea que tinha um certo tipo de NT foi feita por Marcião (145). Este rejeitou completamente o AT e tudo que era judaico. Apenas aceitou o evangelho de Lucas, mesmo assim, com algumas mudanças e também aceitou Gálatas, I e II Coríntios, Romanos, I e II Tessalonicenses, Laodicenses, que talvez seja Efésios.
A igreja começou a unir-se na tentativa de acabar com tais coletâneas, passando a dar um certo padrão para a canonização e ter um único cânon do NT. É lógico que também houve outros interesses, mas existiam várias coletâneas mesmo.
Por volta de 180 a igreja de Roma compilou uma relação de livros, que foi denominado de Cânon Muratoriano (vem de um bibliotecário, Muratori, que descreveu um documento do 8o século (fragmento) em Milão, Itália, no século XVIII) e deixou apenas Tiago e Hebreus de fora. Neste cânon o livro tinha que ter autoria apostólica ou ser discípulo de um apóstolo, porque levava em consideração a ortodoxia e a antigüidade.
Outros escritores conhecidos entraram na briga canônica por causa de suas coletâneas. Entre eles: 
Irineu
 Natural da Ásia e discípulo de Policarpo. Tornou-se bispo de Lião, na Gália quando foi para Roma. Em sua obra Contra as Heresias cita um quádruplo evangelho e exclui Filemon, Tiago, II Pedro, II João e Judas; coloca Hebreus como sendo subcanônico e ainda, aceita o Pastor de Hermas como uma Escritura; 
Clemente de Alexandria
 Segundo Eusébio, Clemente escreveu comentários sobre todos os livros do NT. Distinguiu os quatro evangelhos dos evangelhos apócrifos e aceitou como escritura: I Clemente (Carta de Clemente de Roma aos Coríntios), o Didaquê dos 12 apóstolos, a carta de Barnabé, o Pastor de Hermas, o Apocalipse e a Pregação de Pedro; 
Tertuliano
 Natural de Cartago, na África. Citou todos os livros do NT exceto II Pedro, II e III João e Tiago. Dizia que o livro de Hebreus fora escrito por Barnabé.
Ele foi o primeiro escritor cristão a usar o latim extensivamente e também a usar o termo Novo Testamento
 Orígenes de Alexandria e Cesaréia
 Sucedeu Clemente como diretor da escola de Alexandria e mais tarde mudou-se para Cesaréia.
Após dez anos de estudo com Clemente e seus, passou a ter autoridade para falar sobre as Escrituras.
Dividiu os livros em três grupos: os aceitos, os duvidosos e os rejeitados. Aceitava os 27 livros do NT mais Barnabé, Didaquê e o Pastor de Hermas; duvidava de Hebreus, II Pedro, III João e Judas, o restante foi rejeitado; 
Dionísio de Alexandria
 Reconheceu a todos os livros, porém a sua única questão duvidosa é que para ele João não escreveu o evangelho e nem o Apocalipse; 
Eusébio de Cesaréia
 Como bispo de Cesaréia tinha a maior biblioteca de escritos cristãos do mundo. Foi o primeiro grande historiador eclesiástico dos primeiros séculos.
Em 331, o imperador Constantino pediu que ele preparasse 50 cópias em grego dos livros aceitos nas igrejas cristãs, incluindo a LXX.
Também deu a lista dos aceitos, duvidosos e exclusos, começando com a Obra de Orígenes: 
omologoumena - omologoumenwj (sem dúvida, incontestavelmente, por consentimento geral): os 4 evangelhos, Atos, 14 epístolas chamadas paulinas, incluindo Hebreus, I Pedro, I João e talvez o Apocalipse;
antilegomena - avntilegoumenwj (sinal de contradição, sinal debatido): como duvidosos: Tiago, II Pedro, II e III João e Judas;
espúrios - (não genuíno, suposto, hipotético, ilegítimo): Didaquê, Barnabé, o Pastor de Hermas e talvez o Apocalipse; 
Atanásio de Alexandria
 Em 367 publicou uma carta de páscoa às igrejas que estavam sob sua responsabilidade. Ela continha os mesmos 27 livros do NT.
Depois de Atanásio, os concílios ou líderes publicaram os mesmos 27 livros que Atanásio havia publicado em sua carta. Para eles entre os princípios para aceitar os livros como canônicos estava a origem apostólica e antes deste testemunho, o próprio Jesus. Também havia a aceitação geral, a data dos escritos e, por último, a consistência doutrinária. 
Marcião
 Filho de bispo, nascido em Sinope, Ponto, era muito hostil aos judeus, por isso os repudiou como também todo o AT e procurou estabelecer um cânon isento de influências judaicas.
Alguns o chamam de herege gnóstico, porque ensinava a existência de um Deus severo no AT e um Deus amoroso no NT que se oporiam mutuamente; que Jesus Cristo viera como mensageiro do amoroso Deus do NT e que fora morto por instigação do Deus severo do AT.
Dizia que Jesus Cristo confiou o evangelho aos apóstolos, mas estes não tinham evitado a corrupção do mesmo e que Paulo se tornara o único pregador do verdadeiro evangelho.
Critérios do Cânon
Apostolicidade
 A escritura deveria ser escrita por um apóstolo ou alguém que estivera em contato com tal durante algum tempo, neste caso poderia ser um discípulo. Essa pessoa poderia produzi-la a pedido do apóstolo ou por ter sido comissionada especialmente para fazê-la.
Os evangelhos deveriam manter o padrão apostólico de doutrinas referentes a encarnação de Cristo. 
Circulação e uso
 Como nem sempre era fácil demonstrar a autenticidade apostólica do documento ou sua derivação, passou-se a utilizar o critério do uso e circulação, de forma direta ou indireta, recebendo o reconhecimento da comunidade cristã. 
Caráter concreto e ortodoxia
 O escrito deveria manter uma matéria que não contrariasse os padrões ortodoxos da igreja. Isto ocorreu porque era comum a ficção literária na antigüidade e na época. Nota-se então, que o escrito deveria basear-se nos padrões doutrinários através da preservação da ortodoxia. 
Autoridade diferenciadora
 Sabe-se que bem antes dos evangelhos serem mencionados juntos, alguns cristãos distinguiam os livros que eram mais citados e lidos em seu meio, dando uma autoridade divina a tais. Desta forma, foram colocados em caráter igual aos livros do AT, considerados inspirados e possuidores de divina autoridade. 
Leitura em público
 Nenhum livro seria admitido para leitura pública na igreja se não possuísse características próprias.
Sabe-se que havia muitos livros que circulavam, mas alguns eram apenas para leituras particulares. 
Arranjo do Cânon do NT
 Este arranjo é um apêndice em que se encontra no livro O Novo Testamento: metodologia da pesquisa textual e que é importante e interessante. 
Arranjo Geral
 Códice Sinaítico, códice Fuldense, Jerônimo e Epifânio: evangelhos, Paulo, At, Católicas e Ap;
Concílio de Cartago: evangelhos, At, Paulo, Católicas e Ap;
Crisóstomo: Paulo, evangelhos, At e Católicas;
Constituição Apostólica: At, Paulo e evangelhos;
Códice Alexandrino, Atanásio e Cirilo: evangelhos, At, Católicas, Paulo e Ap;
Concílio de Laodicéia e Peshita: evangelhos, At, Católicas e Paulo;
Agostinho: evangelhos, Paulo, Católicas e Ap; 
Arranjo Particular dos evangelhos
 Cânon Muratoriano, Irineu, Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Códices Sinaítico, Alexandrino e Vaticano: Mt, Mc, Lc e Jo;
Ambrosiastes: Mt, Lc, Mc e Jo;
Cânon de Mommsen: Mt, Mc, Jo e Lc;
Constituição Apostólica, Códice Beza e Versão Gótica: Mt, Jo, Lc e Mc;
Cânon Claromontano: Mt, Jo, Mc e Lc;
Crisóstomo: Jo, Mt, Mc e Lc;
Versões Cópticas: Jo, Mt, Mc e Lc;
Paulo
 Marcião: Gl, Co, Rm, Ts, Laodicenses, Cl, Fp e Fl;
Cânon Muratoriano: Co, Ef, Fp, Cl, Gl, Ts, Rm, Fl, Tt e Tm;
Concílio de Laodicéia, Jerônimo e Atanásio: Rm, Co, Gl, Ef, Fp, Cl, Ts, Tm, Tt e Fl;
Cânon Claromontano: Rm, Co, Gl, Ef, Tm, Tt, Cl e Fl;
Decretum Gelasianum: Rm, Co, Ef, Ts, Gl, Fp, Cl, Tm, Tt e Fl; 
Epístolas Católicas
 Códices Sinaítico, Alexandrino, Vaticano, Concílio de Laodicéia e Atanásio: Tg, I e II Pd, I, II e III Jo e Jd;
Concílio de Cartago: I e II Pd, I, II e III Jo, Tg e Jd;
Concílio Claromontano e Decretum Gelasiano: I e II Pd, Tg, I, II e III Jo e Jd;
Agostinho: I e II Pd, Tg, Jd, I, II e III Jo;
Inocêncio I (405): I, II e III Jo, I e II Pd, Jd e Tg;
Apócrifos do NT
Proto-Evangelho de Tiago
 Recebeu este título ao ser publicado no final do século XVI d.C., antes era conhecido como Livro de Tiago.
A autoria e data são desconhecidas, mas a maioria dos estudiosos acredita que este evangelho é anterior aos canônicos por causa do seu texto ser muito remoto. Se isto for verdade deve existir um texto hebraico, original, antes do grego existente hoje. Ao aceitar esta teoria, este evangelho se torna no texto mais antigo a falar sobre a infância de Jesus, supõe-se que os demais evangelhos o tomaram como base para serem escritos e isto o coloca como parte da fonte Quelle.
Orígenes, Clemente e Pedro de Alexandria, Justino e Epifânio o citam com muita freqüência e isto lhe dá autoridade. O humanista francês Guillaume Postel, falecido em 1581, o considerou como sendo um prólogo do evangelho segundo Mateus.

Resumo: narra sobre o nascimento de Maria que era filha de pais estéreis (Ana e Joaquim), sobre a sua educação no Templo até a puberdade e da escolha de José para seu esposo que, apesar de ser velho, era viúvo e tinha seis filhos: Judas, Josefo, Tiago, Simão, Lígia e Lídia.
Fala sobre o nascimento de Jesus numa caverna e sobre um astro misterioso, muito grande e radiante, que guiou os magos até essa caverna. Relata que uma nuvem luminosa pairou sobre a gruta na hora do nascimento e cita o testemunho de uma parteira que constatou a virgindade de Maria após dar à luz.
No capítulo 18 José passa a ser o narrador, por causa de uma agregação a um texto apócrifo de José, mas no 21 Tiago retoma a narração. 
Evangelho Pseudo-Tomé
 Este não deve ser confundido com o texto do Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo. Um manuscrito siríaco o denomina como A Infância do Senhor Jesus e um texto grego acrescenta por Tomé, filósofo de Israel.
É datado por volta do século II ao I d.C. e relata a vida de Jesus dos 5 aos 12 anos. Acredita-se que todas as narrativas dos primeiros anos de Jesus provêm de uma única fonte, um livro muito antigo, parte do que veio a constituir este evangelho com versões em grego, siríaco, latim, georgiano e eslavo. Outra parte foi agregada ao Proto-Evangelho de Tiago para formar um texto extenso com duas ampliações: uma, introduzida na Armênia no século VI e que se tornou o Evangelho Armênico da Infância; outra, o Evangelho Árabe da Infância. Apesar dessas agregações terem ocorrido no século VI, os originais datam do século I. Entretanto, estes evangelhos narram o período da infância de Jesus, fato omitido pelos canônicos.

Resumo: narra a vida de Jesus aproximadamente onde termina o Proto-Evangelho de Tiago e encerra com o episódio de Jesus no Templo entre os doutores. Fala sobre os milagres operados pelo menino Jesus, que mesmo sendo muito criticados não são impossíveis de serem acreditados. Afinal toma como base a idéia que o menino Jesus é o mesmo Jesus homem, filho de Deus, que é o próprio Deus e realizou tantos outros milagres. 
  Evangelho Árabe da Infância
 Segundo o autor árabe, Ahmed Ibn Idris, este é considerado o quinto evangelho e Pedro foi o seu autor utilizando dados fornecidos por Maria. Este texto foi traduzido e publicado pela primeira vez em 1677 e foi venerado entre os coptas do Egito, onde teve ampla divulgação.
Apesar de na França, no século XVIII existirem várias traduções nos diversos dialetos regionais, há outras versões: grega, latina, eslava, Armênia e árabe.

Resumo: este evangelho é dividido em três partes: a primeira é baseada no Proto-Evangelho de Tiago, em Mateus e Lucas, a segunda tem sua inspiração nos próprios árabes e a terceira é fundamentada no Evangelho Pseudo Tomé.
No capítulo 25 alguns estudiosos concordam que a cidade citada é Misr e não Mênfis, hoje corresponderia ao velho Cairo.
Na redação siríaca, a adoração dos magos é bem maior. Conta que na noite do nascimento de Jesus um anjo guardião foi enviado à Pérsia e apareceu em forma de uma estrela brilhante, em meio a uma grande festa. Este anjo foi o mesmo que arrebatou Habacuque e alimentou Daniel na cova dos leões. Os magos seriam três reis, filhos de reis, que tomaram três libras de ouro, incenso e mirra. Vestiram-se a rigor e foram guiados pelo anjo-estrela.
Zoroastro ou Zaradust faz uma profecia sobre estes reis ao chegarem em Jerusalém. Narra que eles respondem a Herodes que um dos seus deuses havia avisado sobre o nascimento de um rei. Ao saírem do palácio o anjo-estrela lhes apareceu como uma coluna de fogo e os previniu contra Herodes. No Evangelho Armênio da Infância os nomes dos três reis magos aparecem (Melkon, Pérsia; Baltazar, Índia; Gaspar, árabe) e diz que eles caminharam durante nove meses até chegarem no momento exato do nascimento.
Zaradust faz uma profecia sobre a virgem Maria dizendo que ela daria à luz a um menino e que este seria sacrificado pelos judeus, mas depois subiria aos céus. 
A História de José o carpinteiro
 É a história de José, narrada por Jesus e seus apóstolos. É escrita em grego, talvez no Egito, no final do século IV. Há uma versão copta, uma árabe com alguns acréscimos e uma latina que surgiu no século XIV.

Resumo: Jesus inicia a história de José chamando-o de carpinteiro. Fala da educação no Templo e do casamento de Maria da mesma forma que o Proto-Evangelho de Tiago. Mas fala que o local do nascimento foi junto à tumba de Raquel e assinala que a parteira foi Salomé e que os acompanhou até o Egito.
Conta que um anjo avisou sobre a morte de José e como foi a sua oração a Deus. Nesta oração, que se encontra no capítulo 13, há uma clara alusão ao anjo da guarda. No capítulo 17, à beira da morte, José conta a Jesus a sua angústia ao encontrar Maria grávida e como foi o seu sonho. Também conta como foram os milagres que Jesus realizara quando menino. Narra a agonia e a morte de José e descreve a chegada e o receio da morte ao se aproximar do filho do homem.
No capítulo 31 Jesus cita Enoque, Elias e o anticristo que os matará no final dos tempos. 
Evangelho de Nicodemus
 É constituído por dois textos apócrifos: Atos de Pilatos e a Descida de Cristo ao Inferno. Apesar de terem sido escritos em épocas diferentes, um é seqüência e completa o outro. Este evangelho é datado do século IV.

- Atos de Pilatos  

Resumo: este evangelho trata das acusações que o sinédrio utilizou para incriminar Jesus perante Pilatos e da réplica de Cristo, mostrando a sua maestria. Também relata uma faceta de Pilatos onde se confessa arrependido dos seus atos.
Nicodemus narra uma sucessão de episódios da crucificação e da ressurreição. Fala da perseguição a José de Arimatéia, do medo e arrependimento do Sinédrio. Mas faz uma confusão com o local da crucificação, ao narrar que foi no Getsêmane, onde também era um horto.

- Descida de Cristo ao Inferno (tem o mesmo tema tratado no Evangelho de Bartolomeu)

Resumo: após a crucificação, Jesus entra no inferno e liberta Adão e toda a sua posteridade, constituída de profetas e patriarcas. Há um diálogo entre Satanás e o Inferno. O Inferno fica indignado com Satanás por haver facilitado a morte de Jesus, porque o Inferno sabia que quando Jesus morresse libertaria todos os pecadores que estavam no Tártaro desde o princípio dos tempos e que perderia o seu poder sobre os homens.
A versão latina conta que Cristo tirou inúmeros mortos do Inferno e que muitos o viram após a ressurreição. No capítulo 1, versículo 9 há uma alusão a pessoas que costumavam adulterar textos religiosos para defenderem seus pontos de vista. 
Evangelho de Bartolomeu
 Contém a conversa de Bartolomeu e Cristo com Belial. Cita quatro personagens infernais: Belial (l[YlB - designação da inutilidade, ou da indignidade, ou da maldade, como muitas vezes personificadas no Antigo Testamento), Diabo (diaboloj - o chefe dos demônios, geralmente representado, na tradição popular, como um ser meio homem e meio cabra, de orelhas pontudas, chifres, asas, braços, e com a ponta da cauda e as patas bifurcadas; Demônio, Satanás, Satã, Lúcifer, anjo rebelde, belzebu, bruxo do inferno, dragão, espírito das trevas, espírito maligno, gênio das trevas, gênio do mal, pai da mentira, pai do mal, príncipe da treva, príncipe das trevas, príncipe do ar, príncipe dos demônios, serpente infernal, serpente maldita), Tártaro (tartapow - inferno. Local de punição divina  inferior ao Hades) e Inferno (Mit. Lugar subterrâneo, onde estão as almas dos mortos. Rel. Segundo o cristianismo, lugar ou situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado, expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus). Também cita Enoque, Elias e o vingador que virá a Terra após 6 mil anos para o juízo final.

Resumo: inicia após a ressurreição com o questionamento feito por Bartolomeu a Cristo sobre onde havia ido ao descer da cruz, mas Cristo não conta que havia ido libertar Adão e os seus que estavam no inferno.
No capítulo 2 há um tipo de entrevista dos apóstolos à Maria para que lhes falasse sobre a concepção e ela lhes conta como tudo ocorreu. No capítulo 3 os apóstolos estão com Cristo no Monte Moriá, sete dias antes do salvador ir para o Pai. No 4 à caminho do Monte das Oliveiras, Maria está com eles. Todos pedem que Jesus deixe que vejam o adversário e Jesus faz vir do Tártaro, Belial acorrentado com cadeias de fogo. Belial responde a Bartolomeu e fala dos sete céus, dos anjos e como seus demônios presidem os fenômenos atmosféricos trabalhando para conquistar e desviar os homens de Deus. Ao ser ameaçado ao abismo, Belial, lamenta por ter sido vencido por uma virgem. No capítulo 5 Jesus fala várias vezes da igreja, depois da igreja católica, do sacerdote e de um segundo matrimônio que só seria permitido se os nubentes levassem à igreja esmolas. 
Evangelho de Pedro
 Foi descoberto em 1886 no sepulcro de um monge cristão em Akhmin, Alto Egito. Acredita-se que tenha sido escrito por um cristão helenizado porque demonstra aversão pelos judeus.

Resumo: inicia falando da recusa de Herodes e de outros judeus a lavarem as mãos como fez Pilatos. Descreve o medo dos judeus quando o dia se fez noite, da alegria ao verem o sol brilhar novamente e ainda ser a 9ª hora, pois a lei proibia o sol pôr-se sobre um justiçado.
Fala da guarda do sepulcro, dos céus abertos e aos dois jovens que foram buscar Cristo. O centurião, a guarda e Pilatos preferem esconder do povo que Cristo era o filho de Deus do que serem acusados pela multidão. 
Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo
 É um dos textos encontrados em Qumran e foi muito usado pelos maniqueus juntamente com o Evangelho de Felipe.
Das 114 logias, 17 já eram conhecidas nos fragmentos papiráceos de Oxirinco (papiro do século III descoberto em Bachnesa, antiga Oxirinco em 1907).
É um evangelho gnóstico com alguns textos de difícil entendimento às vezes, por causa da distorção da tradução do grego para o copta. Também há dúvida sobre a língua original: semita ou siríaca.

Resumo: no texto há a expressão cingir os rins que significa ficar alerta, porque as roupas da época eram largas, soltas e longas, para caminhar ou trabalhar era preciso passar um cinto para prende-las ou encurta-las.
O seu conteúdo mostra Jesus como um homem comum, tomado de paixão por Madalena e isto é explicado melhor no Evangelho de Felipe. 
Evangelho de Felipe
 Este outro texto encontrado em Qumran não traz os acontecimentos vividos por Cristo, mas contém ensinamentos e considerações em torno de temas universais. Sua data está estimada entre 120 a 180 d.C., acredita-se que seja um evangelho gnóstico valentiano e que seu autor tenha sido Felipe, apóstolo de Cristo.

Resumo: nos primeiros parágrafos enfatiza que só é considerado vivo aquele que está ligado ao vivo, o cordeiro. Fala sobre o Eon ou Aeon (essa expressão aparece  freqüentemente nos textos gnósticos e significa o mesmo para os cabalistas: emanações, centelhas do Ser Supremo do Primeiro Princípio. Dele partia uma primeira emanação feminina chamada Bythos, abismo silencioso. Essa essência divina do gnosticismo é Shekinah, o véu que ocultava a Sabedoria da Cabala), entidade que não chegou a ter existência e, portanto, não é inteligível ao homem racional. Cita que os archontes (são entes que encarnavam a inveja primordial que os anjos nutriam pelas criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus, o homem. O Antigo Testamento está repleto de referencias feitas a eles como também o livro de Enoque, o Livro I e II de Adão e Eva e o Evangelho de Bartolomeu) procuram impedir que o homem atinja a plenitude da Pleroma (é o estado máximo que pode alcançar o Iniciado nos Mistérios), levando-o a escolher o mal ao invés do bem, ao trocar as aparências de ambos.
No versículo 42 há uma menção ao adultério acometido por Eva, por isso Caim é considerado como filho da serpente. Dos versículos 101 a 108 é demonstrado como é o homem perfeito, aquele que realmente descende de Cristo e transcendeu a própria carne para ser a unidade no todo. 
Agrapha Extra-Evangelho
 Agrapha são pequenas citações, sentenças, parábolas, formas de evangelho limitadas a frases que tentam exprimir o que Cristo ensinou e o exemplo que deixou de como o homem deve ser e agir. O Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo e o de Felipe são compostos por agraphas.

Resumo: os versículos 1 e 3 talvez reproduzam as recomendações feitas por Cristo na última Ceia. Os versículos 17 e 57 são semelhantes à parábola dos talentos. O versículo 65 deriva do ensinamento de Hermes Trimegista: "o que está acima é igual ao que está embaixo; o que está dentro é igual ao que está fora". 
Ciclo de Pilatos
 São textos que falam sobre: a descida de Cristo ao Inferno, a ressurreição, os fatos ocorridos na vida de Pilatos, Herodes e Tibério após a crucificação e que faziam parte dos arquivos oficiais de Roma. Foram escritos durante os séculos I e II d.C.
Há também duas cartas dirigidas aos governantes de Roma, Lentulius Publius e Nicephorus Calixtus, que estavam destinadas a saciar-lhes a curiosidade em relação a Cristo, por isso pintam o retrato mais subjetivo. 
- Carta de Pilatos dirigida ao Imperador Romano sobre Nosso Senhor Jesus Cristo: ele declara que não achou culpa no embaixador da verdade, mesmo assim o entregou à morte por medo dos judeus e por fidelidade a Tibério;
- Carta de Tibério a Pilatos: é uma resposta a Pilatos condenando-o por ter sido subornado pelos presentes dados pelos judeus. Conta como Pilatos, Arquelao, Filipo, Caifás e Anás foram conduzidos à Roma e como foi a morte violenta que sofreram;
- Relatório do Governador Pilatos sobre o Nosso Senhor Jesus Cristo, a César Augusto, em Roma: narra alguns feitos de Jesus e o coloca acima dos deuses romanos. Cita a cura de alguns endemoninhados que não consta nos canônicos e descreve as reações da natureza em relação à morte de Cristo, sua descida ao Inferno e o reaparecimento do sol no meio da noite e varões em toda a sua glória falando a todos.
- Carta de Pilatos a Herodes: diz que se arrependeu de seus atos e dá testemunho da pregação de Cristo após a ressurreição na Galiléia e acusa Herodes pela condenação de Cristo ao revelar que foi pressionado. Conta que o centurião Longinos, que abriu o flanco de Cristo com sua lança, se converteu;
- Carta de Herodes a Pilatos: responde a Pilatos e conta-lhe as suas misérias, crê que os seus sofrimentos são justificados e acha que mereceria o dobro;
- Julgamento e Condenação de Pilatos: narra a cólera que César teve ao saber que Cristo foi julgado e condenado sem lhe terem comunicado. Após acusa-lo de cometer crime contra o universo, o prende. Pilatos culpa os judeus e tenta se justificar. Ao pronunciar o nome de Jesus as estátuas dos deuses romanos caem por terra, César fica com medo e tenta se vingar dos judeus, mas no fim condena Pilatos;
- Morte de Pilatos, o que condenou Jesus: narra a ira de Tibério em relação a Pilatos por ter condenado e executado Cristo. Isto porque Tibério estava seriamente doente e se encheu de esperança ao ouvir que na Judéia havia um médico que fazia prodígios. Ao saber disso, Pilatos fica com medo, pois matou Cristo por inveja. Pilatos tenta fazer Jesus passar por um malfeitor e afirma que antes de o executar foi aconselhado pelos sábios da cidade. Neste ínterim há um mensageiro que encontra Verônica lhe diz haver pedido a um pintor que fizesse o retrato de Jesus em um lenço. Ao saber sobre a fúria de Tibério contra si, Pilatos veste a túnica de Cristo e consegue abranda-la, mas o imperador descobre e o condena à morte;
- A Vingança do Salvador: tem como base a fé e a conversão ao cristianismo. Aborda a destruição de Jerusalém por Tito e Vespasiano como um ato de vingança à crucificação. Narra a historia de Natan, Verônica e Vespasiano. Conta que Tibério estava com úlceras, febres malignas, nove tipos de lepra e que Tito tinha câncer no rosto. Ambos sararam ao ver a face de Cristo no lenço de Verônica. Também fala sobre o suicídio coletivo de Arquelao, filho de Herodes, atirando-se contra a sua espada e sobre o suicídio coletivo dos judeus sitiados pelas tropas e Tito e Vespasiano. No capítulo 29 a vingança do salvador é narrada;
- Declaração de José de Arimatéia: é uma versão do século XI onde o autor se apresenta como sendo José de Arimatéia e inicia escrevendo os ladrões que foram crucificados com Cristo. Da mais informações sobre Judas Iscariotes e a tentativa de imputar a Jesus o furto de alguns livros da lei, foi isto que o conduziu à presença de Caifás. 
Cartas do Senhor
 - Cópia da Carta que o Rei Abgaro escreveu a Jesus: esta correspondência é datada por volta do século IV d.C. Este rei chamava-se Abgaro Ukkamav e foi soberano na cidade de Edessa, na Síria. Reinou entre 4 a.C. a 7 d.C. e foi destruído pelo seu irmão Ma’hanu IV. Diz a lenda que ele sofria de lepra negra e pediu a Jesus que fosse a Edessa para o curar;
Resposta que Jesus enviou ao Rei Abgaro: por intermédio de Hanar, Jesus diz que não poderia ir porque tinha que terminar a sua missão, mas assim que a terminasse e voltasse ao seu Pai enviaria seus discípulos para cura-lo. Segundo a tradição Tadeu efetuou esta cura em Edessa;
Resposta que Jesus enviou segundo a versão de Louis de Dieu: esta carta foi escrita em várias versões, mas três foram usadas durante o século como escapulário (tira de pano que os frades e freiras de certas ordens usam pendentes sobre o peito. O texto era escrito em papel, dobrado e costurado em um pano, para ser utilizado na prevenção de doenças, mau-olhado, ataque inimigo e proteção contra as guerras);
Discurso sobre o Domingo: esta carta teve grande repercussão no século VI. "reza a lenda que essa carta, escrita por Jesus Cristo, baixou dos céus sobre o altar de S. Pedro em Roma". Consta em seu texto que Jesus ordena a guarda do domingo como o dia Santo do Senhor, da mesma forma que o shabbath é para os judeus. Além de fazer ameaças, revela o que foi feito para castigar os que não guardavam este dia. Também narra que Adão e Eva foram criados numa 6ª e por isso há abstinência de carne, queijo e azeite; 
Apócrifos de Assunção
 Há três versões antigas derivadas da tradição oral que datam entre os séculos I e II d.C. Tratam da assunção da virgem Maria que foi levada em corpo aos céus e da reunião de todos os apóstolos em torno dela, assistindo aos momentos finais até a assunção. 
Livro de João (O Teólogo)
 Resumo: foi o texto mais difundido no Oriente e o seu autor é o próprio João.
Narra que Maria tem suas orações atendidas e que deverá partir para as mansões celestiais, por isso pede a Cristo que lhe envie os apóstolos para verem seus últimos momentos e que Cristo ouça os louvores.
Como os apóstolos estavam em lugares diferentes, o Espírito Santo os carregou numa nuvem luminosa até Belém. O início do texto é um culto a Maria como advogada, intercessora da humanidade, junto a Cristo e este culto se fortaleceu na idade média. 
Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria
 Resumo: este texto é atribuído erroneamente a José de Arimatéia. Quando Maria vê João chegar o admoesta por tê-la abandonado apesar da ordem de Cristo na cruz.
Na assunção de Maria, o ultimo a chegar é Tomé que é transportado do Monte das Oliveiras. Depois quando todos se reuniram, Pedro adverte Tomé por, mais uma vez, ter sido incrédulo. Ao dizer que o corpo não jazia no sepulcro há novamente ira entre os irmãos. 

Evangelho da Verdade
 Valentino foi o fundador de uma das principais escolas de especulação gnóstica. Ele nasceu no Egito entre 100 a 110 d.C., estudou em Alexandria e ensinou em Roma por volta de 135 a 160 d.C. Ptolomeu e Marcos, seus discípulos, dirigiam escolas da doutrina valentiana que tinha como essência que o conhecimento é a salvação do homem interior e isto enfurecia os cristãos ortodoxos e por isso eles a consideravam uma heresia (airesij - doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja em matéria de fé. Ato ou palavra ofensiva à religião. Idéia ou teoria contrária a qualquer doutrina estabelecida). Por perverterem todos os dogmas principais do judaísmo e do cristianismo, todos os valentianos foram expulsos da igreja.
 A doutrina valentiana cria num Deus que estava acima de Iavé. Este pai é apresentado como uma combinação andrógina (de aparência ou modos indefinidos, entre masculino e feminino, ou que tem traços marcantes do sexo oposto) de Mente (nous - nouj) e Pensamento (ennoia - enoia  ou epinoia - epinoia). A mente é o princípio superior de grande poder (instrumento), o pensamento é o inferior e feminino (processo) e é quem gera o homem arquétipo (Modelo de seres criados. Padrão, exemplar, modelo, protótipo, homem perfeito ou verdadeiro), o Deus criador do céu e da terra também é conhecido como Demiurgo (dhmiourgoj - segundo Platão, o Deus que cria o Universo, organizando a matéria preexistente. Criatura intermediária entre a natureza divina e a humana). O pensamento também é conhecido como a Mãe Sofia e a Mãe Vida.
O homem  arquétipo e seus filhos são vencidos pelo rei das Trevas e têm suas luzes presas nas trevas. Demiurgo se vê obrigado a criar o mundo para liberta-las das trevas e quando isto ocorre ambos, homem e mulher, estão preparados para voltar ao estado anterior do espírito puro.
Demiurgo é o agente de Sofia, porém está privado da gnosis para a sua própria salvação. Entretanto, o homem e a mulher podem curar e redimi-lo através do conhecimento de sua luz espiritual.
Sofia tem como papel predominante o sofrimento. Divide-se numa pessoa superior e noutra inferior. Esta, Mãe Acamoth, deixou a Pleroma em busca do Pai Invisível, por isso vagueia nas sombras, no vazio, sente desejo e paixão. Só se libertará disso quando os elementos espirituais do mundo forem salvos através do conhecimento. Após isto voltará à Pleroma e casará com o Salvador.

Resumo: este texto inicia com uma proclamação da alegria por receber a Palavra da Pleroma, que deriva do Pai, com quem se casa. O conhecimento que salva está escrito no livro da mente do Pai perfeito e seus filhos o recebem ao se voltarem a ele e descobri-lo no seu íntimo.
Trata de Jesus, a Palavra, tudo o que revela o Pai e transmite o conhecimento e, por conseguinte, o auto-conhecimento. A redenção é apresentada numa natureza mística, pois quando a neblina do erro desvanece, o Pai pode ser conhecido no íntimo. 
Evangelho de Valentino
 Trata das explicações dadas por Jesus aos seus discípulos nas conversas ocorridas durante 12 anos após a ressurreição. Estas revelam os mistérios do mundo.
Os discípulos ouvem os ensinamentos e questionam para saber como levar as boas novas da vida eterna a todos. 
Evangelho Latino da Infância
 É um documento medieval existente em dois manuscritos e tem como base o Pseudo-Mateus e o Evangelho de Tomé. Os textos que diferem desses evangelhos parecem ter origem nos primeiros anos do cristianismo, talvez no século II. Descreve o nascimento de Jesus como luz ou como o orvalho que desce do alto, sem dor e suavemente. 
Evangelho Pseudo-Mateus da Infância
 Este texto é uma versão do Evangelho da Infância de Tiago (Proto-Evangelho de Tiago) com fatos miraculosos.
Há também: Evangelho Segundo os Hebreus, Evangelho dos Egípcios, Evangelho dos Ebionitas e Evangelho de Gamaliel.

Resumo: conta que José é acusado de violar Maria, mas se exonera e Maria é acusada de enganar José, mas ao beber da água do Senhor prova a sua inocência. Ela clama a Deus para declarar a sua virgindade, já que desde a infância havia feito um voto e de viver imaculada.
Ao nascer na caverna e ser colocado na manjedoura, Jesus é adorado por um burrico e um boi. Assim torna-se o soberano dos reinos animal e vegetal. Os perigosos dragões, leões, leopardos e lobos se submetem a ele e o adoram acompanhando as caravanas de bois, burricos e ovelhas.
Jesus, aos três dias de idade, estava mamando no seio de sua mãe e ao ouvir que ela está com fome e sede ordena a uma palmeira que se curve para que ela possa colher dos seus frutos. Depois ordena que volte ao normal, como todas as demais árvores e dá uma ordem a um anjo que pegue um galho e o leve ao céu. A travessia de 30 dias no deserto do Egito é feita em 1 dia apenas.
Ao entrar num templo com sua mãe, os 365 ídolos caem e se despedaçam. Isto faz com que o governador e toda a cidade egípcia se convertam. Por fim, um anjo anuncia a José sobre os que queriam matar a Jesus já estavam mortos. 
Epístolas
 As sete Epístolas de Inácio: ao Efésios, aos Magnésios, aos Trálios, aos Romanos, aos Filadélfios, aos Esmirnenses e a Policarpo; a Epístola de Policarpo aos Filipenses e a Epístola de Barnabé; 
Hino da Pérola
 É um anexo do texto Atos de Tomé, o Dídimo e também é conhecido como O Hino da Alma. É uma fábula da redenção que fala que a alma precisa ser salva.
Há também os textos dos Atos de Paulo (e Tecla), Atos de Pedro, Atos de João e Atos de André.

Resumo: por algum tempo o príncipe esquece quem é e cai no sono das coisas terrenas, mas o Pai da verdade e a Mãe da sabedoria (Sophia) lhe enviam uma mensagem. Ao se despertar do sono terreno, pega a pérola e volta para os seus pais verdadeiros, no reino da luz, onde é saudado e oferece presentes e a pérola ao Rei dos Reis.
A trindade neste anexo é representada pelo Pai da verdade, por Sofia e pelo Salvador. A pérola que é a alma, além de ser a salvadora é a que salva. A veste da glória celeste precisa ser substituída pela roupa impura da terra, a saber, o corpo material, para andar no deserto do Egito. A carta se transforma numa águia mensageira da luz. A serpente simboliza os reinos das trevas e da ignorância e tem como característica a astúcia e o desdém. Para que a alma volte à jornada celeste precisa da gnosis (redenção). O céu é o lar dos Pais e a aliança destes com o filho está escrita no coração do príncipe. Sofia é chamada de A Senhora do Leste, ou melhor, A Senhora do Céu. 
Apocalipse de Tomé
 É um texto breve que descreve os 7 dias do fim e é o único a fazer isto. Sua data é do século V e utiliza as mesmas imagens do Apocalipse de João.
Ele contém muitos números 7: selos, trombetas, tigelas, etc. No 6º dia há tendências gnósticas como também a veste (símbolo do espírito) e os eleitos que desejam se livrar da prisão do mundo e voltar ao reino da luz. Há muitas interpolações ortodoxas e heréticas, mesmo assim, o texto mostra uma bela visão da Nova Jerusalém Celeste. 
Apocalipse de Pedro
 É um fragmento que existe em duas versões: etíope, descoberta em 1910 e a grega encontrada num túmulo no Egito.
Há também os textos: O Pastor de Hermas, Apocalipse de Paulo e Apocalipse de Estevão.  
Resumo: narra o encontro dos apóstolos com Cristo. Após a ressurreição Cristo enfatiza os fundamentos do seu ensino (o caminho da Vida e Justiça), reafirma que Pedro deve se tornar perfeito para estar "em conformidade com o teu nome e comigo" e mostra que a cegueira e a surdez escravizam, mas a verdade liberta.
Há uma parte que fala das almas mortais e imortais: "A mortalidade provém do objetivo para o qual a alma foi criada: satisfação dos desejos. A imortalidade é atributo da alma que aspira a ela e tem sua origem na árvore da vida".
O texto apresenta o contexto da sociedade e do juízo que a fé cristã faz. Apresenta a forma clara da sociedade no presente e num futuro próximo. Este futuro se importa com a conduta moral e não as classes. Enfim, mostra os cristãos numa ótica negativa.
Pedro é apresentado como o primeiro apóstolo e o fundador da corrente hebraico-cristã. É demonstrado a sua postura negativa à mulher e que é o mestre mais brando, que mais tarde se tornou num docetista. Sem contar que sua posição é contrária à de Paulo. 
Manuais de Instrução
 Didaquê ou o Ensino dos Doze Apóstolos, II Clemente e Pregação de Pedro.
História
A história fala sobre Jesus Cristo
Pode-se ver que para entender o NT é preciso estar ciente não só da cultura, geografia e outras coisas que faziam parte do mundo dos autores na época, como também da história. Afinal a história fala a respeito da vida de Jesus Cristo.
O historiador judeu, Flávio Josefo, o cita na sua obra Antigüidades:

"Levantou-se, por este tempo, Jesus, homem sábio se é lícito chamar-lhe homem, pois realizava obras maravilhosas, um ensinador de homens que recebem a verdade com prazer. Ele era (o) Cristo. E , quando Pilatos, a pedido dos principais homens entre nós, o condenou à cruz, aqueles que o amaram, a princípio, não o abandonaram; pois Ele apareceu-lhes vivo de novo ao terceiro dia; como os profetas divinos tinham predito estas e dez mil outras coisas maravilhosas a respeito d'Ele. A família dos cristãos, assim chamados do seu nome, não está extinta até este dia".

Tácito, historiador romano do 2º século d.C., também o cita em seus Anais:

"Mas nem com socorros humanos, donativos e liberalidades do príncipe, nem com as diligências que se faziam para aplacar a ira dos deuses, era possível ilibar Nero da infâmia que corria de ter ele ordenado o incêndio, e, assim, Nero, para apagar esse boato, deu por culpados dele e começou a castigar com excessivas torturas a uns homens odiados pelo povo por causa de seus excessos, chamados comumente cristãos. O autor deste nome foi Cristo que, no reinado de Tibério, tinha sido morto como criminoso por ordem de Pôncio Pilatos, procurador da Judéia; mas reprimida por algum tempo aquela perniciosa superstição, tornava outra vez a avivar-se, não só na Judéia, lugar de origem deste mal, mas também em Roma [...]"

Plínio o Môço, também o cita numa de suas cartas endereçada a Trajano.

"Afirmava, no entanto, que o seu crime todo ou o seu erro, consistia no hábito de se reunirem em dias determinados antes do raiar da aurora, para cantarem em estâncias alternadas, um hino a Cristo, como a um deus, e a comprometerem-se por juramento solene, a não fazerem coisas más, a nunca cometerem nenhuma fraude, roubo ou adultério, a nunca faltarem à sua palavra, nem a negar um crédito quando chamados a entregá-lo [...]"

Luciano, o satírico, também escritor do 2o séc. refere-se a ele.

"[...] o homem que foi crucificado na Palestina por ter introduzido este novo culto no mundo [...] Além disso, o seu primeiro legislador persuadiu-os de que são todos irmãos uns dos outros depois de ter entrado em transgressão de uma vez para sempre, por meio da negação dos deuses gregos e pela adoração do próprio sofista (filósofos gregos que chamavam a si a profissão de ensinar a sabedoria e a habilidade. Os sofistas desenvolveram especialmente a retórica, a eloqüência e a gramática. Aquele que argumenta com sofismas, ou é dado a empregá-los) crucificado e devido a viverem sob as suas leis".

Até o tempo de Nero e no círculo da corte o cristianismo não era bem visto pelos romanos. A narração contida em cada evangelho não é cronológica. É uma interpretação e não uma crônica da vida de Jesus Cristo, porque os evangelhos descrevem a pessoa de Jesus Cristo e não uma história.
Jesus ensinava utilizando métodos já conhecidos pelo povo. Havia uma diferença quanto à autoridade que utilizava, conforme Marcos 1.22.
Entre os métodos de ensinos utilizados estava a parábola, o epigrama (poesia breve; sátira; dito mordaz e picante. Afirmação concisa e pungente que se fincava na mente do ouvinte como uma seta com rebarba) e a este estão as beatitudes (felicidade eterna e suprema; bem-aventurança), a maiêutica socrática (processo dialético e pedagógico socrático, em que se multiplicam as perguntas diretas e retóricas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão e que buscam a reflexão para respondê-las). Todos os ensinos de Jesus tinham um propósito prático, um conteúdo moral e ético.
Cartas do NT
O livro de Atos
O livro de Atos é importantíssimo para entender o NT, pois é nele que se encontra o estabelecimento da igreja cristã e a sua missão, os atos dos apóstolos e as suas viagens missionárias, a conversão e as viagens missionárias de Paulo, também as suas cartas.
Atos é o único livro do NT que tenta falar a respeito de Jesus Cristo após a sua ressurreição e ascensão. Através do seu conteúdo explica-se a necessidade de uma comunhão religiosa mundial através do cristianismo, termina com a prisão de Paulo e os seus discursos em sua defesa. 
Viagens missionárias
 1- 1a Viagem Missionária: Atos 13.1-14.28 - após retornarem de Antioquia, Paulo e Barnabé foram enviados para fazerem a 1a viagem missionária, onde fundaram igrejas e visitaram a Ilha de Chipre e as regiões da Ásia Menor-Sul-Central (Panfília, Psídia, Licaônica, Icônio e Lícia);
2- 2a Viagem Missionária: Atos 15.36-18.22 - Paulo e Silas visitaram as igrejas estabelecidas e foram para Trôade, depois foram para a Europa e fundaram mais igrejas na Macedônia e Acaia;
3- 3a Viagem Missionária: Atos 18.23-19.20 - fala muito do ministério de três anos de Paulo em Éfeso, onde escreveu as duas cartas à igreja de Corinto. Depois foi para Trôade e para a Macedônia, onde escreveu a terceira carta aos Coríntios (que na Bíblia é a 2a) e em seguida foi para Corinto e escreveu a carta aos romanos. Por fim voltou para Jerusalém, onde foi preso e enviado para Roma. Na prisão escreveu as cartas a Filemom, aos  Colossenses, aos Efésios e aos Filipenses.
Através da narrativa contida no livro de Atos pode-se entender quando e onde Paulo escreveu as cartas às igrejas, para isto basta compará-la com o conteúdo de cada uma. Desta forma é possível reconstruir a história da igreja cristã e dos apóstolos.
Acredita-se que as cartas paulinas foram escritas nestes períodos:
 - Durante a 2a Viagem Missionária: I e II Tessalonicenses, estando em Corinto;
Durante a 3a Viagem Missionária: I Coríntios, em Éfeso; II Coríntios, na Macedônia; Gálatas e Romanos, em Corinto;
Durante a 1a prisão em Roma: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon;
Epístolas pastorais: I Timóteo, na Macedônia, Tito, na Macedônia ou Corinto;
Durante a 2a prisão em Roma: II Timóteo; 
Cartas ou Epístolas
 Os evangelhos foram escritos depois das cartas, por isso elas são as mais antigas literaturas do movimento cristão. Os 27 livros contidos no NT são cartas. Ao observar a introdução de Lucas e Atos nota-se que também são cartas e o livro de Apocalipse também é uma carta que foi enviada às sete igrejas que estavam na Ásia.
Durante a época da Pax Romana (A paz gerada pelas armas, ou por autoritarismo, como a que ocorria entre os povos dominados por Roma) a comunicação escrita era necessária para o governo, para o comércio e muito utilizada entre as famílias e amigos em questões particulares, conforme a arqueologia mostra.
Baseando-se em Cícero, Adolf Deissmann mostrou uma diferença entre uma carta e uma epístola. Carta era pessoal e dirigida a uma pessoa específica para um assunto certo; já a epístola, apesar de também ser uma carta pessoal, tinha a intenção de que muitos pudessem lê-la ou ouvi-la. Dá a idéia de tornar conhecido o seu argumento ou pensamento.
Antigamente havia secretários particulares, que na verdade eram escravos com muita cultura e também existiam os escribas profissionais, chamados de amanuenses, que escreviam em forma taquigráfica (tacugrafia - escrita abreviada e simplificada, na qual se empregam sinais que permitem escrever com a mesma rapidez com que se fala; estenografia, logografia), quando o conteúdo era muito extenso visando passá-lo a limpo depois ou até mesmo, melhorá-lo. No final, a carta ou epístola era assinada pelo autor e enviada ao seu destino através do mensageiro. 
Cartas paulinas
 As cartas paulinas foram escritas à igrejas específicas ou aos seus líderes e que tinham problemas específicos. Por isso o propósito da carta era resolver tais problemas, ou melhor, ajudar no crescimento espiritual dos cristãos espalhados no Império Romano.
Cada carta era levada por alguém e lida na assembléia quando necessário. Com o passar do tempo os escritos destas cartas tornaram-se uma autoridade em doutrina e prática cristã. 
Epístolas gerais ou católicas
 O vocábulo católico vem do grego katholikós (kaqolikoj)e significa geral ou universal. Essas epístolas são chamadas assim porque não se destinavam a uma pessoa ou igreja específicas, mas a várias igrejas ou pessoas.
As epístolas católicas no NT são: Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas.
II e III João apesar de serem endereçadas a um grupo ou pessoa em particular, são consideradas uma só com a 1ª epístola e por isso são incluídas como católicas. Também se deve levar em consideração Apocalipse e Hebreus. 
Hebreus
 O livro de Hebreus é interessante porque começa como um tratado, continua como um sermão e termina como uma carta. Apesar de ser uma carta não se sabe quem a escreveu e nem qual o seu destinatário. Mesmo assim, acredita-se que foi escrita aos cristãos judeus e por isso apresenta Jesus Cristo como Sumo Sacerdote e mostra a superioridade de Cristo sobre tudo que já foi revelado no AT. 
Apocalipse
 A palavra apokalipsis (apokaluyij) é um substantivo que vem do verbo apokalipto (apokaluptw) e significa desvendar, revelar.
Este livro-carta contém o nome de João, seu autor, tem um conteúdo profético e várias figuras de linguagem que necessitam ser interpretadas para serem entendidas. É considerado por muitos como um livro profético e por isso apocalíptico.
Foi escrito num período de perseguição, aos cristãos, imposta por Domiciano, por isso há muitas figuras de linguagem, mas todas estão relacionadas na história do povo de Israel, principalmente, com a história do êxodo.
Por ser um livro-carta escrito por alguém é importante prestar atenção no seu propósito específico.
Conclusão
Agora você já pode perceber que os evangelhos contêm muito mais do que estamos acostumados a ouvir por aí.
Normalmente as pessoas falam deles como se fossem uma psicografia do Espírito Santo sobre seus autores. Mas o que eles não sabem é que não se pode afirmar ao certo quem são os verdadeiros autores.
Ao ler os evangelhos sob a ótica de que cada um foi escrito para: um determinado momento, um determinado povo e com um fim específico que era mostrar a Cristo como filho de Deus; você poderá observar outros conteúdos que eles contêm.
Agora você já tem duas formas de ler o NT, basta apenas saber como aplicá-las e qual aplicá-la. Mas lembre-se: para estudar a Bíblia é necessário ter um bom tempo e não apenas 15 ou 30 minutos.
Então, continue dedicando tempo a estudá-la.
Obras Consultadas
BITTENCOURT, B. P. O Novo Testamento: metodologia da pesquisa textual. 3ª ed. RJ: JUERP, 1993. 234p.
BRUCE, F. F. Merece confiança o Novo Testamento? Trad. de The Universities and College Christian Fellowship. 2ª ed. SP: Vida Nova, 1990. Tradução de 'The New Testament Documents: Are They Reliable?'. 155p.
CHOURAQUI, André. A Bíblia: palavras (Deuteronômio). Trad. de Paulo Neves. RJ: Imago, 1997. Tradução de 'La Bible - Paroles (Deutéronome)'. v. 5. 375p. (Coleção Bereshit).
CHOURAQUI, André. A Bíblia: Matyah (O evangelho segundo Mateus). Trad. de Leneide Duarte. RJ: Imago, 1997. Tradução de 'La Bible - Matyah (Évangile Selon Matthieu)'. v. 11. 372p. (Coleção Bereshit).
CHOURAQUI, André. A Bíblia: Marcos (O evangelho segundo Marcos). Trad. de Leila Duarte. RJ: Imago, 1997. Tradução de 'La Bible - Marcos (Évangile Selon Marc)'. v. 9. 270p. (Coleção Bereshit).
CHOURAQUI, André. A Bíblia: Lucas (O evangelho segundo Lucas). Trad. de Leneide Duarte e Leila Duarte. RJ: Imago, 1997. Tradução de 'La Bible - Loucas (Évangile Selon Luc)'. v. 10. 367p. (Coleção Bereshit).
CHOURAQUI, André. A Bíblia: Iohanân (O evangelho segundo João). Trad. de Leneide Duarte e Leila Duarte. RJ: Imago, 1997. Tradução de 'La Bible - Iohanân (Évangile Selon Jean)'. v. 11. 340p. (Coleção Bereshit).
CONCISO DICIONÁRIO BÍBLICO. Trad. de Ana e Dr. S. L. Watson. 15ª ed. RJ: JUERP, 1987.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 4a ed. RJ: Nova Fronteira, 2000. 790p.
FERREIRA, Júlio Andrade. Bíblia - Enigma da literatura. SP: Luz para o Caminho, 1985. 56p.
GUNDRY, Robert. H. Panorama do Novo Testamento. Trad. de João Marques Bentes. 4ª ed. SP: Vida Nova, 1991. Tradução de 'A survey of the New Testament'. 450p.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. 3ª ed. RJ: JUERP, 1989. 485p.
PAROSCHI, Wilson. Crítica textual do Novo Testamento. SP: Vida Nova, 1993. 248p.
SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. Trad. de João Marques Bentes. SP: Vida Nova, 1992. Tradução de 'The Old Testament Speaks'. 413p.
TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento grego. 9ª ed. RJ: JUERP, 1991. 247p.
TENNEY, Merrill C. O Novo Testamento: sua origem e análise. 2ª ed. SP: Vida Nova, 1989. Tradução de 'THE NEW TESTAMENT, An Historical and Analytic Survey'. 490p.

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