Pastor, Conferencista e Professor de Teologia

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Este Blog tem como objetivo deixar aos que se dedicam ao estudo e ensino da Bíblia downloads diversos de material teológico afim promover o ensino da Palavra de Deus de forma mais eficaz! Fique aqui e confira!

Introdução Bíblica ao Antigo Testamento


Introdução Bíblica ao Antigo Testamento

Introdução



Acredito que duas matérias sejam de suma importância para aprender a estudar a Bíblia e conseqüentemente a teologia. Uma delas é a interpretação da Bíblia e a outra a introdução a Bíblia. Esta última, para mim, é a primeira a nível de importância porque é através dela que se aprende sobre o livro que é a base para todos os assuntos relacionados à teologia cristã.

Para estudar a Bíblia é necessário ter um bom conhecimento da mesma, de forma geral. Não estamos mais na época de acharmos que todos os livros foram escritos pelos autores cujos nomes alguns livros contêm. Nem pensar que a Bíblia mais antiga é a mais correta na tradução e as mais recentes são tendenciosas. Também não podemos deixar de lado a importância dos livros apócrifos, pseudo-epígrafos e os manuscritos encontrados em Qumran.
Para entender a Bíblia é preciso, de imediato, conhecer bem o AT, depois entender bem sobre o período interbíblico, seguindo para o contexto social vivido na época de Jesus e por fim, estendê-lo até os apóstolos.
Seria muito fácil e cômodo ensinar sobre todas as questões com uma base ortodoxa. Porém é mais importante conhecermos a verdade e pensarmos sobre ela.
O estudante de teologia precisa saber que Deus nunca deixará de ser Deus, só porque questionamos o AT. Por isso é preciso estudar sobre todas as fontes existentes; todas as traduções (versões); os povos, as culturas e como foi realizado todo o processo de canonização do AT.
É preciso conhecer quem são os políticos citados na Bíblia; os povos de cada época citada; as guerras ou divisões existentes; enfim, tudo que está registrado no AT conforme o contexto que apresenta.
É por isso que eu preparei este estudo. Minha intenção é fazer com que vocês entendam tudo, ou pelo menos, tenham uma boa noção do que está sendo falado nos textos bíblicos.
Este estudo apresenta os acontecimentos para a formação e a história do AT. Inicia falando sobre a Bíblia em si; depois falo sobre as línguas em que foi escrita; continua falando sobre a origem, formação e as várias formas de transmissão do AT; explica sobre o período interbíblico e mostra a sua importância ao falar de cada período vivido; explica sobre os processos de canonização do AT; fala sobre os livros apócrifos e pseudo-epígrafos.
Apesar de parecer complexo ou prolixo a intenção é fazer com que cada estudante de teologia compreenda o que está lendo no AT. Desta forma ficará mais fácil para estudar as demais matérias da teologia.
Espero que este estudo seja muito útil a cada futuro estudante de teologia.
A palavra Bíblia
A própria palavra Bíblia praticamente diz o que significa. Bíblia é um substantivo comum dado à reunião dos livros do Antigo e do Novo Testamentos.
A palavra Bíblia vem do grego biblion (biblion),que é diminutivo do plural neutro, também grego, biblos (bibloj) que significa livros ou livretos. De acordo com o Dicionário do Novo Testamento Grego, a palavra biblos significa rolo de papiro com idéia de veneração e caráter sagrado; o substantivo livro, quase foi abandonado e substituído por biblion no grego koinê (koinh - comum).
Na verdade, a palavra Bíblia significa livros, já que é uma biblioteca num único livro e que contém 66 livros se for a protestante, 73 se for a católica e 24, divididos em 3 partes, se for a judaica.
A Bíblia protestante que contém 66 livros é dividida em 39 livros no Antigo Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT).
Há vários tipos de bíblias: as ilustradas, as gigantes, as minúsculas e atualmente temos as mais recentes que são em CD-ROM. Quem sabe daqui a algum dia haverá uma em DVD?
O mais importante é que esta diversidade de bíblias alcança a todos. Algumas são feitas especialmente para as crianças, outras da mesma forma, são feitas para estudos e etc. Entre estas existe também uma que é impressa em braile e é bem cara.
Há também as bíblias raras. Das 47 restantes que foram impressas por Gutenberg, cada uma está avaliada em 2 milhões de dólares.
O termo biblos que traduzido para Bíblia, tem sua origem vinda da entrecasca da planta do papiro, que é uma cana ou junco que cresce às margens do Rio Nilo, na África e também em outros rios do Oriente. Esta planta, como também o pergaminho e outros materiais, era utilizada para a escrita.

A forma da Bíblia
 No início do mundo as histórias se fixavam através das tradições orais, isto é, de pais para filhos ou de adultos para crianças. A vida simples, os eventos notáveis e as próprias repetições garantiram a durabilidade e a propagação desses relatos.
A Bíblia foi preservada através de vários séculos pelos manuscritos. Manuscrito é uma palavra de origem latina que significa o que foi escrito à mão, pois manus - mão; scriptus - escrito.
Antigamente, bem mais do que hoje em dia, todos os documentos, eram escritos ou copiados à mão. Como naquela época não existia o papel como temos hoje, eles utilizavam vários materiais. Por isso a Bíblia foi escrita em papiro ou pergaminho.
 a. Papiro: palavra da qual se originou papel. É uma cana ou junco que cresce às margens do rio Nilo (África) e outros rios do Oriente. Da casca desta planta se faziam folhas entrelaçadas para os manuscritos. Estas folhas tem entre 15 e 27cm de comprimento e o papiro chegava atingir de 2 a 4 metros. O caule mede aproximadamente 6 cm de diâmetro. Este era cortado em seções ou tiras longas de 30cm de comprimento, após a extração do miolo eram colocadas uma sobre a outra, formando ângulos retos (90º) até chegarem a uma grossa espessura. Depois eram prensadas até formarem um só tecido, ou melhor, o papel e, finalmente, este era preso em varas de madeiras. A tinta utilizada era a mistura de fuligem e goma e como pena utilizavam um junco afilado. A planta do papiro enraíza-se no lodo do rio (Ex 2.3; Jó 8.11; Is 18.2) e termina em formato de guarda chuva, ou melhor, folhas lanceoladas. A prática de coser folhas de papiro e formar um livro não era comum, a não ser aproximadamente cem anos (100 d.C.) após a morte de Paulo, segundo alguns estudiosos.
b. Pergaminho: este nome vem do latim pergamina, o qual vem do grego Pergamon (Pergamon) ,isto é, Pérgamo, que era uma célebre cidade da província romana na Ásia, banhada pelos rios Selino e Cétio. Esta cidade foi sede das dinastias antigas de Átalo e Êumenis, local do famoso templo de Esculápio e do nascimento do célebre médico Galem; segundo algumas fontes, foi ali que se fabricou pela primeira vez o pergaminho. Segundo Plínio, o nome pergaminho teve origem com o que aconteceu com o rei de Pérgamo, Êumenis II, em 160 a.C. Este rei planejou forjar uma biblioteca maior do que a de Alexandria, no Egito. O rei deste País, por inveja, proibiu a exportação de Papiro para Pérgamo, obrigando, desta forma, o rei Êumenis II a recorrer ao processo de preparar peles de animais para a escrita. Assim surgiu um novo método de preparação de papel para a escrita. Este foi tão aperfeiçoado e tornou-se tão abundante e famoso no 2º século que recebeu o nome de pergaminho. Na verdade, o pergaminho era a pele ou o couro de gado, ovelha, carneiro, cabra e antílopes. Onde o pêlo era retirado e o couro era amaciado com pedras especialmente preparadas para esta finalidade. Através deste processo o couro era transformado em folhas finas e tratado para apresentar uma superfície macia. Havia também um pergaminho de qualidade superior que era chamado de vellum. Normalmente o pergaminho era tingido de púrpura ou tintas de ouro e prata. Eram guardados em forma de rolos ou longas tiras enroladas pelos dois extremos, de forma bem cuidadosa.
 Existiram também outros materiais que foram utilizados para a escrita pelos povos antigos e alguns até foram registrados pela própria Bíblia. Havia a argila, em forma de tijolos cozidos ou não cozidos; o ostracom, que eram fragmentos de cerâmicas que já não serviam para outros fins; o bronze; a cera ou melhor, as tábuas que eram revestidas de cera (Is 8.1, 30.8; Lc 1.63); o chumbo (Jó 19.23,24); a madeira; o ouro, principalmente nas moedas e jóias (Ex 28.36); e a pedra. Existiram três formas próprias e notáveis para a escrita:

a) Rocha Behistun (Irã): através dela surgiu a escrita cuneiforme;
b) Pedra de Roseta: que foi o ponto chave para decifrar os hieróglifos egípcios;
c) Pedra Moabita: escrita por Mesa, rei de Moabe (850 a.C.), conforme II Reis 3.4.

Na Mesopotâmia, onde a argila era abundante, era costume preparar pequenos tijolos ou tabletes de argila úmida e escrever neles a mensagem com uma varinha em forma de cunha, cozendo-os em seguida (escrita cuneiforme).
Para registrar de forma permanente coisas importantes como uma narrativa de uma grande vitória, erguia-se uma coluna de pedra e o texto era esculpido em sua superfície. Os faraós egípcios erigiram muitas destas pedras, que se chamavam estelas ou obeliscos, comemorando assim as suas vitórias. Talvez aí esteja uma boa explicação para Moisés gravar os 10 Mandamentos numa pedra.
Também havia as cerâmicas, que existiam em grande quantidade e eram muito quebradiças e alguns utilizavam os cacos para escrever em suas próprias superfícies.

As línguas da Bíblia

Apesar de hoje vermos tantas Bíblias das mais variadas formas, tamanhos, cores e também nas diversas línguas existentes, precisamos saber que a Bíblia não foi escrita na nossa língua e nem nas línguas que hoje são as mais utilizadas, faladas ou até mesmo conhecidas e nem em latim.
A Bíblia foi escrita nas línguas hebraica, grega e, contém alguns textos que foram escritos, em aramaico.
Após a fixação do cânon hebraico do AT e da integração do mesmo nas Escrituras Sagradas, os sábios de Israel continuaram a zelar pelo texto vétero-testamentário em tradição independente da igreja cristã, e durante séculos porfiaram pela conservação e vocalização dele. Havia a necessidade de conservá-lo por causa do material que continha a escrita (os papiros). Esses sábios foram chamados de massoretas, que vem do hebraico massora (xrsm) e  que significa tradição.
Os massoretas eram judeus eruditos que se dedicavam a fazer comentários às margens dos textos para esclarecê-los. É bom lembrar que, até então, o hebraico só continha consoantes, ficando a pronúncia na dependência de contatos pessoais que naquela época eram feitos em tradição oral. Por isso eles continuaram a zelar não só pela conservação, como pela vocalização do texto vétero-testamentário, como é citado acima. Para que isto acontecesse, os massoretas criaram um sistema de representação de sons vocálicos, de modo que a pronúncia original hebraica ficou preservada. Isto ajudou muito aos cristãos, se este sistema não existisse e perdurasse até a sua época o hebraico teria sumido, ou melhor, acabado.
Há relatos de que a cópia dos textos sagrados era uma das maiores obsessões dos hebreus e que depois passou a ser dos judeus também. Afirmam, alguns estudiosos, que eles tomavam um banho e trocavam de pena cada vez que tinham de escrever o nome de Iavé (hwhy), cujo significado para nós, hoje em dia, é Deus. Entretanto nós o generalizamos demais a um ponto que o banalizamos e desta forma ele perdeu o seu verdadeiro significado e a sua importância.
O banho deles também não era como o nosso e eles ainda, contavam quantas letras continham cada página das Escrituras, os rolos, para não perderem ou mudarem nada (Pelo menos é o que se diz).
Realmente a Bíblia é cheia de belas histórias ou estórias. Mas como podemos ver elas começam na sua formação e preservação. Como eu disse, ela foi escrita nas línguas hebraico, grego e aramaico. Para que haja uma maior compreensão vamos falar um pouco de cada uma.

A Língua Hebraica
É a língua em que a maior parte do AT foi escrito. O alfabeto hebraico contém vinte e três (23) consoantes e se escreve da direita para a esquerda. A sua escrita tem forma quadrática e existem palavras que são utilizadas apenas uma única vez em toda Bíblia. Conclui-se então, que não contém muitos sinônimos e que é de uma natureza direta, concreta e franca.
Os sinais que se encontram na Bíblia Hebraica de hoje em dia e que ficam acima ou abaixo das letras, são os chamados sinais massoréticos e formam as vogais da língua hebraica. Estes são os sinais criados pelos massoretas visando a preservação da fala e da língua.
A língua hebraica é chamada no AT de "língua de Canaã" (Is 19.18),  e também de "língua judaica" (II Rs 18.26,28; Is 36.13).
Para que haja uma interpretação mais adequada do AT é necessário haver um domínio da língua hebraica, seus verbos e flexões e a sintaxe da mesma. Também será necessário haver um bom conhecimento das demais línguas semíticas. O hebraico pertence ao que se chama de família semítica da língua, outras semelhantes são: a camita, a moabita e a fenícia. A língua semítica deriva do nome Sem, que era tido como o antecessor da maioria de todos os povos que as falavam. Entre estes povos estão o assírio, o babilônico, o fenício, o púnico ou cartaginês, o etíope e outros. Todas as línguas semíticas têm em comum as características gramaticais e sintáticas. Este conhecimento é necessário porque pode ocorrer de aparecer uma palavra uma única vez no hebraico e mais vezes em outras línguas e através das comparações chegar-se-á a uma exatidão mais nítida quanto a interpretação.
As línguas semíticas se dividem de forma geográfica, isto é, de acordo com as nações ou povos que as falavam.
 a) Semítico Oriental: tem como língua principal o acadiano, que se divide em dois dialetos diferentes: o da Babilônia e o da Assíria;
b) Semítico Meridional: inclui o árabe, que se divide em árabe setentrional, língua clássica e literária; o árabe meridional com seus subdialetos: sabeano, mineano, catabaniano e hadramautiano; e o etiópico ou geez com seu descendente moderno, o amarico;
c) Semítico Setentrional: abrange a família do aramaico que se divide em duas ramificações: a oriental que era a língua siríaca da era cristã; e a ocidental que é à base do aramaico bíblico dos livros de Daniel e de Esdras;
d) Semítico Ocidental ou do Noroeste: inclui o ugarítico, o fenício e o cananítico.

Também existem as línguas não semíticas que exerceram influências sobre a língua hebraica: a hamítica do Egito, o sumeriano (de fala aglutinada) que conquistou a Mesopotâmia Baixa antes dos Babilônios e a persa. Todas contribuíram de alguma forma para o vocabulário hebraico, nem que seja numa pequena porcentagem.
Após o cativeiro babilônico o hebraico passou a ser usado como a língua literária e nos ofícios da religião, pois caiu em desuso porque a língua aramaica tomou o seu lugar. Isto ocorreu porque os judeus que estavam no cativeiro babilônico aprenderam a falar o aramaico. É por isso que existem passagens na Bíblia que foram escritas em aramaico, mas estas são poucas (Jr 10.11; Dn 2.4-7.28; Ed 4.8-6.8; 7.12-26). Nota-se então, que há uma necessidade de conhecer esta outra língua em que a Bíblia foi escrita.


A Língua Aramaica
 O aramaico é da mesma família do hebraico, mas de um ramo semítico diferente, o setentrional. Era a língua do povo de Arã, que ocupava uma parte da Mesopotâmia Superior mais conhecida como Arã-Naaraim, que significa Arã dos dois rios e Padã-Arã (~ra-!DP), que significa Planície de Arã. Ela se dividia em dois dialetos:
 a) Nordeste: falado na Mesopotâmia e que com o desenvolvimento veio a ser, mais tarde, a língua siríaca;
b) Sudeste: que era chamado erroneamente de caldeu.

Na Assíria e na Babilônia o aramaico suplantou a língua assíria e ali prevaleceu até o domínio árabe.
Com o domínio babilônico a língua hebraica começou a ser abandonada pelos judeus e estes começaram a falar a língua aramaica. O aramaico era a língua internacional para a diplomacia e para o comércio, também era o veículo principal de comunicação entre o governo persa e os seus súditos. Lógico que isto foi após o estabelecimento do Império Persa.
Nas sinagogas as Escrituras eram lidas no hebraico, porque a classe culta da Palestina nunca deixou de estudar e falar o hebraico, pelo menos até 200 d.C. Como o povo já não falava mais o hebraico, surgiu a necessidade de que alguém traduzisse o texto para o aramaico, foi onde surgiu os Targuns.

A Língua Grega
 Mesmo com os cativeiros e os domínios exercidos por povos de outras línguas e culturas, o hebraico continuou sendo a língua sagrada do povo. Mas com a expansão do Império Grego em 325 a.C., promovida por Alexandre o Grande, a língua grega tornou-se dominante em muitas nações conquistadas e entre elas estava o povo judeu. A maioria dos livros existentes foi traduzida para o grego, assim todos passaram a fazer parte da grande biblioteca Alexandrina e as Escrituras, no caso o AT, estava incluído entre estes livros. A tradução feita para o grego é mais conhecida como LXX (Septuaginta).
A língua grega trouxe consigo uma vasta cultura e como toda cultura teve o seu lado bom e o seu lado ruim. Todavia o grego expandiu-se amplamente e na época de Jesus ele já era falado e conhecido por muitas pessoas, mesmo assim a língua sagrada dos judeus continuava sendo o hebraico; a falada, o aramaico; a oficial, o latim (que era dos romanos); e a universal, o grego. Os judeus que habitavam na Judéia ou os estrangeiros que falavam o grego eram conhecidos como helenistas. É bom lembrar que estes não só falavam como eram bem influenciados pela cultura e pelos costumes gregos (helênicos).
O grego utilizado pelos escritores do NT era o koinê, que era comum em todo império romano e não o clássico que era utilizado pelos filósofos, como Platão e outros.

Origem e Formação do AT

Antes de iniciar qualquer tipo de comentário é necessário explicar o que significa a palavra testamento. Testamento deriva do latim testamentum que é a tradução do hebraico bêrith (~yrB) - aliança e do grego diathêkê (diaqhkh - última vontade e testamento) - aliança, pacto, concerto e isto se liga à idéia da aliança feita por Iavé com Abraão e seus descendentes.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, a palavra testamento é uma declaração autêntica, através da qual alguém dispõe de seus bens, distribuindo-os em benefício de outrem, para depois de sua morte.
Ao realizar no período relativo aos escritos do NT, a nova aliança, a expressão AT passou a se referir aos tempos anteriores ao de Cristo.
Há vários pontos de vista, ou melhor, várias teorias sobre a origem do AT. O maior problema é que não se tem acesso aos originais dos vários livros das Escrituras hebraicas, se é que podem ser chamados de originais, já que são cópias de cópias. As cópias que se têm acesso não chegam a mil anos da data em que foram compostas e as que são utilizadas são os mais antigos manuscritos hebraicos e aramaicos que se têm disponíveis.
O texto do AT foi transmitido ao longo dos séculos sob a forma de manuscritos. Durante este longo período, é lógico que muitos erros de transcrição foram cometidos. De acordo com as diversas tradições o texto foi objeto de muitas mudanças e acréscimos. Mas foi por volta do século 1º que surgiu a preocupação de conservar o texto numa forma única e pura, por isso existem tantas outras formas de texto.
O texto que se tornou oficial no fim do século 1º foi o Texto Massorético (TM), que é fruto do trabalho dos massoretas e dos seus antepassados. Os massoretas utilizaram o texto hebraico já em uso, antes do seu tempo. Entretanto o que passou a conter os sinais dos massoretas (sinais massoréticos) tornou-se o escolhido entre os outros.
Transmissão do AT
O Texto Massorético - TM
Conforme Elias Levita, no seu comentário sobre a masorah (massoreth Ha-Massoreth, Veneza, 1538), nem o Talmud e nem o Midrash conheciam o sistema massorético de vocalização. Então se conclui que os pontinhos são posteriores àquelas obras. Também mostra que os nomes dos mesmos pontinhos eram de origem babilônica e aramaica, isto significa, que foram introduzidos depois do exílio da Babilônia.
Alguns estudiosos ao examinarem o texto hebraico perceberam que nem todos os manuscritos eram iguais. Mesmo que os escribas tivessem copiados com muita exatidão, havia pequenas divergências perceptíveis.
Os massoretas foram os estudiosos que faziam dois tipos de trabalhos sobre o texto hebraico: colocavam os sinais nos textos (acima ou abaixo das consoantes) e faziam as observações nas margens dos manuscritos ou em listas no fim dos textos; com a finalidade de preservá-los.
 Os massoretas, quase sempre, eram da mesma família e trabalhavam nos grandes centros do judaísmo, Palestina e Babilônia. As duas famílias mais famosas eram: de Ben Naftali e de Ben Asher. Sendo que os manuscritos desta são considerados os mais fiéis à tradição autorizada da leitura do texto bíblico. Esta família tinha tradição tiberiense e os seus textos são em forma de códices (volume manuscrito em pergaminho. Obra de autor clássico) e não de rolos, isto mostra que não eram destinados ao uso litúrgico nas sinagogas. Entre os códices os mais conhecidos estão:
 1- dos Profetas do Cairo 895/896 d.C.: contém os profetas anteriores (Js, Jz, I e II Sm, I e II Rs) e os posteriores (Is, Jr, Ez, profetas menores);
2- de Alepo 925/930 d.C.: começa com Dt 28:17, faltam algumas partes do texto, mas é o manuscrito considerado mais fiel à escola Ben Asher;
3- de Leningrado B19A 1008/1009 d.C.: é o mais antigo manuscrito da Bíblia hebraica inteira e foi utilizado para o texto das bíblias hebraicas, de Kittel (3ª edição, 1937) e Stuttgartensia (1966-76) e contém o texto de Ben-Asher. O sistema de vocalização nesse manuscrito é o tiberiense e os textos do século VI ao IX d.C. têm no consonântico o texto massorético e dois tipos de vocalização: a oriental, da Babilônia e a ocidental, da Palestina. Ambos os sistemas são disciplinares.

Duas coisas importantes devem ser destacadas aqui: os acentos introduzidos nesses períodos são indicações para a leitura do texto e também servem para determinar a exegese dos textos, proporcionando assim, uma melhor compreensão do texto; a Bíblia hebraica Sttutgartensia contém as indicações de variantes nos manuscritos hebraicos e estas provêm das obras de B. Kennicott e de G.B. de Rossi.
Entretanto não é só o TM que é importante e interessante. Existem outros textos e outras formas que foram utilizadas para a origem e a transmissão do AT.
Ainda falando sobre a origem do AT não se sabe ao certo de onde vem, mas há quatro teorias que são importantes para tal e que são contraditórias entre si.
 a) Texto único original (P. A. De Lagarde): esta diz que na origem havia um único texto e todas as formas de textos existentes hoje, são desdobramentos deste único original;
b) Textos vulgares (P. Kahle): diz que ao invés de um único texto original, havia diversos textos populares em diversas localidades e só foram unificados após muito tempo depois de sua formação;
c) Textos locais (W. F. Albright e F. M. Cross): acreditam que talvez o texto tenha se desenvolvido em apenas três regiões: Babilônia, Palestina e Egito. Desta forma o TM seria o lido na Babilônia, o Pentateuco Samaritano na Palestina e o da versão grega teria sido elaborado no Egito com base no texto exportado da Palestina;
d) Vários textos (S. Talmon): sustenta que das múltiplas formas do texto em circulação só se conservaram as que eram próprias a determinadas comunidades sócio-religosas.

Segundo Horácio Simian-Yofre, há quatro ramos que indicam formas diversas da história do texto do AT.
 1) Proto-massorético: além dos manuscritos hebraicos há traduções feitas dos séculos II ao VII d.C.; os targumins, tradução aramaica baseada no TM do século II d.C., pelo menos em sua forma oral; a versão siríaca que foi iniciada no século IV d.C.; as versões feitas na tradução grega da LXX que a aproximam do TM e entre elas há as Hexaplas de Orígenes e a parcial Siro-Hexaplas, século II e III respectivamente;
2) Pentateuco Samaritano: é o herdeiro do texto dos samaritanos que se separaram dos judeus no século IV a.C.
3) Documentos do Mar Morto: (principalmente da caverna de Qumran) há muita variedade de forma de textos. Esses textos estendem-se do século I ao III d.C., espelham o TM e a LXX, mas também outras formas desconhecidas.
4) LXX Septuaginta: são traduções gregas que supõe um texto hebraico de base diferente do TM. Por isso há traduções que permitem tornar mais exato o conhecimento do texto grego da LXX.

Por se tratar de uma forma literária muito antiga e com escritos à mão, é lógico que há muita possibilidade de erros, os quais foram introduzidos nas diversas traduções. A partir deste ponto de vista é que entram algumas pesquisas críticas como a literária, textual, da forma e etc.
Como se pode perceber, para entender a origem e a transmissão do AT é necessário conhecer várias traduções ou as mais importantes. O TM foi uma das primeiras traduções porque quase todas o tomam por base.
Há também os conhecidos soferim (Myrpws), isto é, contadores de números de palavras e letras do texto bíblico para controlar a autenticidade do texto nos manuscritos. Também faziam observações acerca de alguns textos difíceis para estabelecerem a leitura correta e ortodoxa.
Como podemos ver todas essas preocupações e esses comentários pessoais eram para explicar, indicar palavras ou expressões que criavam dificuldades e até propunham leituras alternativas deixando intacto o texto consonântico. Posteriormente os soferim indicaram modificações e emendas ao texto e algumas visavam evitar a falta de respeito para com Deus. Estas são chamadas tiqqunê soferim - emendas dos escribas.
Os Targuns
 Targuns, que significa tradução, são  as traduções aramaicas dos textos do AT feitas pelos judeus da Palestina e da Babilônia durante séculos para o serviço na sinagoga.
Entende-se por targuns os textos bíblicos em língua aramaica (Ed 4.7); um bom exemplo para entender isto é o targum (~grt) de Daniel que significa: as partes aramaicas do livro de Daniel. O targum se dirigia principalmente às pessoas de pouca instrução, às mulheres e às crianças. O tradutor oficial da sinagoga era chamado de targeman, torgeman, metorgeman ou meturgeman.
No início o meturgeman (~Grtm) não precisava ter habilidades específicas, o midrash diz que um menor podia exercer o cargo; mais tarde passou a ser exercido pelo porteiro da sinagoga. Entretanto ao tornarem-se bem longas, as perícopes (extrato de um livro usado para transcrição ou para outro fim. Trecho da Bíblia escolhido para leitura durante o culto, ou como tema de sermão), foi necessário designar alguém para isso.
O targum nasceu das necessidades da sinagoga, na época em que o hebraico bíblico não era mais conhecido. Isto será compreendido melhor ao lembrar que no século 1º falava-se o aramaico e o grego com mais freqüência do que o hebraico.
Na verdade o targum não é apenas uma tradução, é uma produção textual nova, porque contém elementos de paráfrase e de explicações, atualizações e correções; significa que nasce um texto novo com influência da cultura e da mentalidade contemporânea.
 O targum era uma tradução sistemática, isto é, versículo por versículo do texto hebraico lido na sinagoga. Utilizava o midrash como método exegético dos judeus, obrigatoriamente e em larga escala, mas exigia que fosse subordinado à tradução. Os limites teóricos e técnicos dos targuns são os mesmos da comunicação: o texto a comunicar, o contexto cultural e social daqueles que recebem o texto. 

Targum do Pentateuco
 a) de Ônquelos ou de Babilônia: é o targum oficial do Pentateuco, teve lugar especial no Talmude de Babilônia, porém tem origem muito discutida; alguns dizem que foi produzido pelos círculos judaicos, estudiosos de Babilônia. Ninguém sabe quem foi Ônquelos, mas aderiu ao original hebraico em quase todas as passagens, menos os capítulos poéticos do Pentateuco;
b) o Pseudo-Jonathan da Palestina: (650 d.C.) utiliza muito a paráfrase e é muito heterogêneo, contém uma tradição antiga de haggadah e por isso testemunha uma exegese contemporânea do NT. É uma mistura do targum de Ônquelos com o material do midrash. Todavia a sua redação final é tardia (nele se encontra mencionado a família de Maomé e Constantinopla);
c) fragmentário (Yerushalmi II): 850 versículos ou fragmentos indo de capítulos inteiros a partes de frases ou palavras isoladas. São encontradas longas paráfrases e passagens recentes misturadas com elementos muito antigos;
d) fragmentos de Geniza do Cairo: representam tradições muito antigas;
e) Neophiti 1: século II d.C. entretanto é mais tardio e contém retoques rabínicos; reflete a influência de Ônquelos; 
Targum dos Profetas
 a) de Jonathan Ben Uzziel: é o targum oficial dos profetas. A coleção é anônima, porém é atribuída a um discípulo de Hillel (século I d.C.). Foi redigido na Babilônia entre os séculos III e IV d.C., a partir de materiais de origem palestina. É mais livre na sua interpretação do que Ônquelos;
b) dos hagiógrafos: o seu conjunto é de origem palestina e tardia. Nenhuma de suas seções é anterior ao período talmúdico. Pode ser dividido em: targum dos Salmos e Jó, dos cinco rolos e das crônicas.

Os únicos targuns reconhecidos pelos judeus eram os do Pentateuco e os dos profetas. Para que melhore a compreensão sobre os targuns, eis um exemplo: 
Targum Neophiti 1 
"Levantar-se-á dentre eles o seu rei e o seu libertador será um deles. Reunirá os exilados das províncias de seus inimigos e os seus filhos dominarão sobre nações numerosas. Ele será mais poderoso do que Saul que se compadeceu de Agag, rei dos amalequitas, e o reino do rei-Messias será exaltado.
Eu vejo, mas não no presente; eu o contemplo, mas ele não está próximo. Um rei deve levantar-se dentre os da casa de Jacó, um libertador e um chefe dentre os da casa de Israel. Porá à morte os poderosos dos moabitas, exterminará todos os filhos de Set e despojará os que possuem riquezas.
Texto da Bíblia Hebraica 
"Cresce um herói em sua descendência, ele domina sobre povos numerosos. Seu rei é maior do que Agag, sua realeza se engrandece.
Eu o vejo, mas não no presente. Um astro saído de Jacó se torna chefe, ergue-se um cetro, saído de Israel. Ele fere as têmporas de Moab e o crânio de todos os filhos de Set."

Pode-se notar neste targum os devidos acréscimos ao texto. 
Versões Siríacas
 Essas versões são referentes aos cristãos de fala aramaica oriental, que era com um alfabeto próprio, diferente do aramaico dos judeus, porém era bem semelhante à escrita árabe. Estas versões foram feitas especificamente para servir a estes cristãos de língua siríaca.
Entre essas versões encontram-se: o AT siríaco Peshita simples (2º e 3º séculos d.C.), esta apesar de ser tardia é considerada a versão modelo daqueles dias. A parte do AT foi traduzida do hebraico original, porém depois sofreu um acréscimo e passou a ter os apócrifos, com exceção de Tobias e I Esdras; a Hexapla siríaca é a tradução da quinta coluna da Hexapla de Orígenes e que existe até hoje.

Os Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto

 Esses manuscritos foram encontrados pelo nômade Muhammad Edh-Dib nas várias cavernas existentes ao longo do leito pedregoso de um riacho seco, numa estreita garganta conhecida como wadi (árabe), Qumran, na praia do nordeste do Mar Morto. Numa tarde da primavera de 1947, Muhammad, decidiu resgatar uma cabra desgarrada e descobriu, em uma das cavernas, jarros de cerâmica que continham 7 antigos manuscritos.
Os manuscritos de Qumran foram encontrados entre os anos de 1947 e 1956, à margem noroeste do Mar Morto por pastores beduínos Tamirés e tornaram-se o maior e o mais notável acontecimento para o texto bíblico hebraico. Estes manuscritos também mostram um pouco da cultura daquela época.
Além dos manuscritos hebraicos também foram encontrados manuscritos gregos e aramaicos. Os fragmentos gregos encontrados, em geral contêm o texto da LXX. Também foram encontrados fragmentos de textos deuterocanônicos (Sirácida e carta de Jeremias em grego e Tobias em aramaico e hebraico). E ainda, há livros não canônicos como Henoc, em aramaico e hebraico, o livro dos Jubileus em hebraico e alguns escritos religiosos chamados Manual de Disciplina, conhecidos como Preceito da Comunidade.
A identificação técnica destes documentos é feita através de um número que indica a caverna em que foi descoberto, seguido de uma abreviação do próprio livro, mas com uma letra supralinear que indica a ordem na qual o manuscrito específico foi descoberto, em contraste com outras cópias do mesmo livro. Apesar de parecer complicado, pode-se ver através deste exemplo como é de fácil compreensão: 1QIsa, significa, 1º manuscrito de Isaías descoberto na caverna 1 de wadi.
Segundo a Revista Galileu, nº 128, de março de 2002, os 12 manuscritos encontrados estavam em bom estado e continham 813 documentos. Apesar da grande expectativa gerada, na esperança de encontrar algo a respeito de Jesus, seus discípulos e de João Batista, não havia nenhuma referência a estes. Apenas continham documentos referentes à comunidade essênia e seus costumes.
Os textos encontrados em Qumran indicam aproximadamente a presença de três, ou possivelmente quatro famílias de manuscritos: a proto-massorética que é de onde se origina o texto hebraico que hoje conhecemos; a proto-septuaginta, também conhecida como Vorlage, o modelo anterior das primeiras traduções gregas que finalmente contribuíram para a formação posterior da LXX; a proto-samaritana formando a base do texto posterior do Pentateuco Hebraico samaritano; e uma família neutra situada entre as tradições conflitantes das três acima mencionadas.
Existe também outro manuscrito pré-cristão, o Papiro de Nash que contém o decálogo e o shemá ([mv - ouvir, prestar atenção)isto é, Êxodo 20.1-17 e Deuteronômmio 6.4-9. Este texto está perto da tradição massorética e foi comprado por W. L. Nash de um comerciante de antiguidades egípcio, que disse que foi descoberto por Fayyum.
Há também uma teoria que defende que todos estes manuscritos datam da época de Cristo e esta varia de 30 d.C. a 68 d.C., mas o mais importante é saber que eles remontam uma série de novidades para todos nós e também nos dão uma explicação mais convincente de certos fatos.
Eis uma lista dos manuscritos publicados, ou não, mas que tem sido anunciada em jornais, revistas e documentários: 1) Rolo do Mar Morto de Isaías (1QIsa); 2) Comentário de Habacuque (1QpHb) capítulos 1 e 2 com notas intercaladas entre os versículos; 3) Rolo de Isaías da Universidade de Jerusalém (1QIs) com porções dos capítulos de 41 a 66; fragmentos de 1QLv cap. 19-22 com alguns versículos de cada um; 4QDt-B, 32.41-43 escrito em hemistíquios (cada uma das metades de um verso) como poesia e não como prosa; 4QSm-A, I Samuel 1,2 (27 fragmentos); 4QSm-B, I Samuel 16, 19, 21, 23; 4QJr-A, arcaico e ainda não publicado; 4QXII-A (profetas menores) manuscrito cursivo do 3º século a.C.; 4Qec, idem; 4QEx, fragmento do cap. 1 e porções dos capítulos 7, 29, 30, 32 escritos na letra paleo-hebraica; 4QNm, escrito em hebraico quadrático, mas com expansões do tipo do texto samaritano; 4QDt-A cap. 32; 11QSl, escrito no estilo formal de letras para livros do período Herodiano.
Isto faz com que haja uma boa compreensão dos escritos, ou melhor, dos rolos que foram descobertos e que podem mudar um pouco qualquer idéia a respeito dos livros bíblicos e dos essênios. Além de servirem para enriquecer e ratificar a história do período em que Cristo viveu, há quase 2 mil anos.
A comunidade de Qumran tinha uma vida parecida com a dos essênios conforme os seus escritos e costumes mostram. Todavia é notável que ela se tenha organizado fora do Templo, quando este ainda existia com toda a sua força social e simbólica.
Acredita-se que os qumramitas eram praticantes da Escritura e ela substituía o Templo e o culto. Para eles, havia coisas evidentes nela, preceitos enunciados na Torá escrita em termos claros e precisos que não podiam ser discutidos. Também acreditavam que havia coisas ocultas, leis formuladas de modo vago e preciso, que precisava de uma pesquisa interna e ininterrupta, chamada de midrash hattorah (pesquisa da Lei).
Consideravam-se profetas. Praticavam e cultivavam um judaísmo chamado Derek IHWH que consistia no estudo da lei de Moisés, na observância dos preceitos revelados no tempo marcado e também à submissão as revelações dos profetas. 
Pentateuco Samaritano -
 É a Bíblia da comunidade samaritana antes e depois dos judeus (século IV a.C.). Os samaritanos conservaram o Pentateuco como o único corpo de Escritura inspirada, enquanto os judeus acrescentaram os livros dos profetas e os hagiógrafos.
Ao confrontar o Pentateuco samaritano com o TM encontra-se cerca 6.000 variantes e destas, quase 1.900 concordam com a LXX. As variantes no geral são ortográficas ou morfológicas (o estudo da estrutura e formação de palavras). Também se nota a inclusão de textos que indicam os interesses samaritanos, principalmente os relativos ao Monte Gerizim.
Os manuscritos mais antigos desta versão ainda estão em Nablus e os sectários samaritanos proíbem a sua publicação. Nenhum manuscrito samaritano é antes do século 10 d.C. 

Septuaginta - LXX
 Ela surgiu pela necessidade dos hebreus da diáspora, que residiam no Egito, em ter as Escrituras Sagradas em língua compreensível, principalmente na Alexandria onde surgiu o judaísmo helenístico de feição grega.
A LXX é mais uma tradução do hebraico, de um texto hebraico que diverge às vezes do TM. Também demonstra a sensibilidade e a mentalidade do ambiente alexandrino.
O nome LXX se refere à lenda dos 72 tradutores, conforme a tradição descrita na 'Carta de Aristéia', onde diz que foram escolhidos 70 ou 72 estudiosos, sendo 6 de cada uma das 12 tribos de Israel, que traduziram a Torá para o rei Ptolomeu II Filadelfo no século III a.C. É, também, nesta carta que o conjunto da Lei Judaica (Torá - HrwT) foi chamado pela primeira vez de Bíblia, hè bíblos (h bibloj). A LXX deve sua salvação e êxito à sua adoção como Bíblia pelo cristianismo.
Existem duas teorias sobre a sua origem: targum grego: que seriam as traduções parciais do AT usadas nas sinagogas helenísticas, sobretudo para a liturgia, depois assumidas e unificadas pelos cristãos; versão única original: diz que as suas origens constituem uma tradução única.
A LXX foi a Bíblia dos tempos do NT e Jesus a lia. Ela apresenta uma produção bibliográfica com várias divergências e acréscimos ao texto hebraico. Há acréscimos quantitativos, deuterocanônicos como a 'Sabedoria de Salomão' e adições deuterocanônicas, como as em Daniel 3.24-90;13 e 14 e em Pv são qualitativos. Também dá um novo sentido a certos termos hebraicos como em Isaías 7.14, onde a mulher jovem é traduzida para virgem (almah - hml[- mulher jovem e parthenos - parqenoj - virgem - Mt 1.23).
Nota-se então que na LXX há muita lenda, história e outras coisas que foram incluídas ao texto. Até porque os eventos já haviam acontecidos e eram bem conhecidos. Um outro bom exemplo é a destruição do Templo pela segunda vez, em 70 d.C., as 70 semanas e a própria LXX.
O grego utilizado na LXX (koinê) se afasta muito do clássico e de acordo com alguns críticos a melhor tradução está no Pentateuco, já a pior encontra-se em Daniel. Acredita-se que o Pentateuco tenha sido traduzido no Egito e que os profetas e os hagiógrafos foram traduzidos mais tarde.
Eis alguns dos manuscritos ou fragmentos da LXX: Papiro Rylands 458 com porções de Deuteronômio 23-28; fragmentos da caverna 4 de Qumran; fragmento de Levítico 26.1-16 e Números 3.30-4:14 em couro; Papiros Chester Beatty achados em Oxirinco, no Egito, com porções de Números e de Deuteronômio; Papiro 911, no Egito, escrito com letra cursiva uncial; e outros. 
Hexapla de Orígenes
 Orígenes resolveu fazer uma recensão (recolha de todos os testemunhos de um texto) do AT grego por causa das muitas divergências que havia nos massoréticos da LXX e, também, porque notou que faltavam certas porções do texto hebraico na mesma. Então copiou seis colunas paralelas (hexapla, sentido sêxtuplo) e estas consistiam em: original hebraica; o hebraico transliterado em letras gregas; a tradução grega literal de Áquila; a tradução grega idiomática de Símaco; a LXX propriamente dita; a tradução grega de Teodócio ou Teodocião.
Quando havia seções da LXX sem o hebraico colocava-se um óbelo (÷) no começo, como sinal para palavras gregas que não estavam no texto em hebraico, mas foram inclusas; um metóbelo (\.) para indicar o fim das palavras ou frases discutidas; e um asterisco (h) e um metóbelo (\.) para palavras hebraicas que não se encontravam no grego, mas eram completadas com uma tradução grega de outra coluna.
A única seção publicada da hexapla foi a 5ª, já que a obra era volumosa demais para ser copiada. Uma cópia desta obra foi conservada no códice Sarraviano (Gn a Jz) e foi traduzida para o siríaco por ordem do bispo Paulo de Tela, em 616 d.C. (versão siríaca).
As recensões foram definidas nos textos que foram mudados de modo consciente e sistemático, de acordo com os princípios precisos e para uma finalidade desejada. Neste caso alguns textos gregos foram modificados para se tornarem mais semelhantes ao hebraico e em outros a gramática ou o vocabulário foram modificados para se tornarem mais moderados ou adaptados à determinada época.
Entre as versões gregas ainda há outras que foram importantes, são elas:

versão de Áquila: Áquila era nativo de Ponto que, conforme se informa, veio a ser um prosélito ao judaísmo e um aluno do rabino Aquiba. A sua obra foi publicada por volta de 130 d.C., onde o seu caráter literal foi demonstrado. Isto porque procurou aderir a um padrão grego para cada palavra hebraica, mas não se preocupou com o bom senso no contexto grego;
versão de Símaco: segundo Jerônimo era um ebionita, porém Epifânio e Orígenes disseram que era um samaritano convertido ao judaísmo. Traduziu fielmente o hebraico do AT para um grego bom e idiomático, aderindo a altos padrões de exatidão;
versão de Teodócio, ou Teodocião: fez uma revisão duma versão grega que se aproximava ao texto hebraico. Talvez tenha sido a própria LXX; 
Versão do latim antigo ou ítala

Não era uma versão direta do hebraico, mas era uma tradução latina da LXX e parece ter surgido na África do Norte. Esta versão foi composta durante o 2º século e completada por volta de 200 d.C. 
Vulgata de Jerônimo
 Jerônimo foi comissionado pelo Papa Damaso para revisar a ítala em confronto com a LXX. Foi ele quem produziu o Saltério romano baseado na tradução dos evangelhos e o Galiciano baseado na 5ª coluna da hexapla de Orígenes.
Após serem retiradas as marcas diacríticas (sinal que se apõe a uma letra para dar-lhe novo valor, como cedilha, til, acentos, ou, nos alfabetos fonéticos, a um símbolo, para indicar as características de um som, tais como duração e articulação secundária. Também se diz apenas diacrítico) (metóbelo, óbelo e asterisco) a Vulgata tornou-se a tradução padrão que existe até hoje.
Ao ir morar em Belém aperfeiçoou o seu hebraico e produziu o Saltério Hebraico. Entre 390 e 404 produziu o restante do AT, inclusive os apócrifos e em meados do século XVI o Concílio de Trento nomeou uma comissão para produzir uma edição expurgada da Vulgata e teve como resultado a Edição Sistina, publicada em 1590, e a Clementina, emendada em 1592.

Outras versões
 Existem outras versões que também são importantes tanto para o estudo, como para o conhecimento. São elas:
 - Cóptica: o cóptico era uma língua vernácula derivada da língua dos hieróglifos egípcios, que até a era cristã já tinha tomado emprestado muitas palavras gregas, adotando inclusive, o alfabeto grego. Apesar de falarem cinco ou seis dialetos distintos, as traduções bíblicas ou são saídicas (dialeto sulino), ou boaínicas (dialeto de Mênfis e do Delta). É bom lembrar que foram traduzidas do grego e não do hebraico;
Etiópica: pode ser uma tradução da LXX, ou do cóptico, ou do árabe;
Árabe: a única que é direta do texto hebraico é feita por Saadia Gaon que era judeu;
Armênia: demonstra uma certa influência peshita;
Gótica de Wulfilas: há pouca coisa do AT. 


As Poliglotas
 Começaram a surgir na época da Reforma. Eram tradições impressas, elaboradas e dispendiosas, nas quais o texto hebraico e todas as versões antigas, disponíveis, foram impressas em colunas paralelas. As mais conhecidas são: 
a Complutensiana: de Compluto ou Alcala na Espanha. Feita sob os cuidados do Cardeal Ximenes e publicada na sanção papal em 1522;
a de Antuérpia: patrocinada por Felipe II da Espanha, publicada em 1569-72, em 8 volumes. Além das seis da Complutensiana, acrescentou o Targum de Jonathan, dos profetas e um dos hagiógrafos;
a de Paris: feita em 1645 seguiu o texto de Antuérpia e acrescentou a versão samaritana aramaica peshita e uma árabe;
a de Londres: acrescentou tudo isto a ítala e foi editada em seis volumes pelo Bispo Brian Walton, por volta de 1656/57.

 Versões Judaicas
 Os judeus preservaram, através da tradição oral e depois escrita, uma quantidade enorme de interpretações tradicionais da Torá e de outras partes do AT, juntamente com acréscimos folclóricos, anedotas e homilias (omilia - reunião, conversação familiar. Pregação em estilo familiar e quase coloquial sobre o Evangelho) de vários tipos. Sendo que uma boa parte desta matéria tratava de questões legais práticas com detalhes intricados do ritual e coisas afins. Essa massa de tradição tem sido preservada em duas coletâneas maiores: o Midrash e o Talmude.

Haggadah
 Vem de higgidih, anunciar, narrar o que diz as Escrituras, isto significa, ir além do seu sentido. Designa a intenção da tradição oral e em seguida a da escrita. O discurso haggadico segue de perto o texto bíblico, mas muitas vezes lhe insere palavras, provérbios, lendas, exortações, comentários, anedotas, ditados eruditos e narrações de milagres, com a finalidade de instruir ou confortar o justo a buscar a Deus.
Na haggadah encontra-se belíssimas máximas e afirmações morais de homens ilustres; explicações místicas e atraentes sobre anjos e demônios, paraíso e inferno; o messias e o príncipe das trevas; alegorias poéticas; interpretações simbólicas de todas as festas e jejuns; parábolas encantadoras; poemas nupciais espirituosos; orações fúnebres tocantes; lendas espantosas; resumos biográficos e característicos de personagens bíblicos e heróis nacionais; narrativas populares e notas históricas sobre homens, mulheres e acontecimentos antigos; pesquisas filosóficas; ataques satíricos aos pagãos e seus ritos; defesas hábeis do judaísmo e etc.
A haggadah interpreta e esclarece a Escritura de forma livre e é nela que se encontra a maioria dos hagiógrafos (agiografoj - escritura sagrada) da grande tradição judaica.

Midrash
 Vem da raiz darash (VrD - procurar) e segue de perto as Escrituras, sendo utilizada para a explicação da mesma e a tem como ponto de partida.
É um estudo ou interpretação textual. É uma exposição doutrinária e homilética do AT. Composta por seções hebraicas e aramaicas, contendo comentários do Pentateuco.

Hallakah
 Vem da raiz hebraica hâlak (hklh - andar). Significa que indica as decisões das autoridades rabínicas em relação às questões de conduta discutidas ou incertas, tanto para indivíduos como para a comunidade.
É o caminho, a marcha ou a regra que interpreta a lei escrita e lhe permite aplicar-se às circunstâncias reais da vida. Mesmo o seu ensino estando ligado intimamente com a Escritura, ele pode ser transmitido de forma independente dela. O principal era encontrar uma lei para todos os casos possíveis e impossíveis.
A diferença deste para o haggadah é que o hallakah comenta apenas a Torá e são prescrições legais, doutrinárias, obrigatórias, fixas e estáveis.

Mishnah - hnvm
 No século II d.C. os rabinos puseram em ordem uma grande parte das tradições normativas que estavam em circulação. O rabi Aquiba iniciou uma compilação sistemática que foi terminada pelo rabi Meir e seus discípulos.
A primeira coleção definitiva denominada Mishnah surgiu em 200 d.C., através do patriarca Judas I. Este código continha as leis fundamentais do judaísmo rabínico e se dividia em seis seções (sedarim). Os rabinos que foram os artesãos dessa obra são conhecidos como os tannaim (aqueles que ensinam).
A mishnah foi a primeira das grandes produções legislativas do judaísmo sem Templo e o seu estudo equivaleu ao oferecimento de sacrifícios. Ela tornou-se o texto básico e sobre este foi organizado o ensino oficial das academias judaicas da Palestina e da Babilônia. Era uma seleção harmonizada de todas as leis orais, tradições e explicações das Escrituras e também era composta em hebraico. Ela se divide em: agricultura, festas, mulheres, leis civis e penais, sacrifícios ou coisas sagradas, coisas impuras divididas em 63 tratados.

Gemarah
 Gemarah significa ensinamento, comentário, é um comentário da Mishnah feito pelos rabinos chamados de amoraim (intérpretes) e estes comentários se transformaram em coletâneas.
Existiam duas gemaras: da Palestina e da Babilônia que se juntaram com o texto da Mishnah e com partes de baraytot (que são tradições omitidas na redação da Mishnah e que foram conservadas em outros livros e significa exterior) que originaram o Talmude.
Talmude
 É fruto da junção de várias interpretações das Escrituras. Por isso é composto por uma grande coleção de escritos que abrangia as leis religiosas e civis do povo judeu. É uma miscelânea tendenciosa de tratados sobre vários assuntos: religião, medicina, filosofia, jurisprudência, história e vários assuntos sobre a moralidade prática.
Como o Talmude era composto pela Mishnah e a Gemarah tornou-se um documento oficial e completo para os judeus. Também era dividido em dois: 
Talmude de Jerusalém: que era também chamado de Talmude dos habitantes de Israel ou dos ocidentais. Iniciado em Cesaréia, por volta do ano 350 d.C., foi terminado em Tiberíades pelo fim do século IV;
Talmude da Babilônia: foi composto na Academia de Sura, no século V e não abrange toda a Mishnah. Até mesmo na Palestina ocupou o lugar do Talmude de Jerusalém, por causa da sua autoridade e extensão. Sempre que se fala apenas de Talmude está se referindo a este e foi com ele que o conjunto da Lei Oral Judaica se tornou Escritura.

Ainda existiram dois grupos que, posteriormente, comentaram o Talmude: os saboraim (que raciocinam) foram a primeira geração de rabinos comentadores do Talmude e foram eles que colocaram as adições, conclusões e frases de ligações, isto por volta dos séculos VI e VII; os geonim, datam dos séculos VII ao XI. Eram os reitores das Academias Judaicas da Mesopotâmia e impuseram aos judeus de todo o mundo, o Talmude, especialmente o da Babilônia, como uma grande autoridade normativa. Surgindo daí o judaísmo talmúdico.

Os Caraítas
 Sete séculos depois dos geonim imporem o Talmude como texto normativo aos judeus, surgiu uma vigorosa reação por parte de alguns judeus. Esta é mais conhecida pelo nome de caraítas (leitores das Escrituras). Os caraítas apoiavam a idéia de que só a Escritura defendida pelos saduceus e qumramitas era a verdadeira.
Os caraítas também eram chamados de Bene-Miquera (filhos da Escritura) e também significa biblistas ou especialistas das Escrituras.
Em meados do século VIII, em Bagdá, o rabino Anan Ben Davi rompeu com a tradição judaica ao voltar ao texto da Lei. Seu lema era "estudar a lei a fundo!". Os seus fiéis, a princípio, eram chamados de ananitas. Eles foram verdadeiros estudiosos científicos da Bíblia e seus comentários importantes. Dedicaram-se a intensas pesquisas da língua hebraica e compuseram os primeiros grandes dicionários e gramáticas, entre eles o publicado no século X, por Abraão-Al-Fassi.
Anan Ben Davi, escreveu o Livro de Preceitos que suplantou a Mishnah e o Talmude. Esse movimento se difundiu pelos meios judaicos do Iraque, Pérsia, Palestina (século IX), através de Constantinopla alcançou a Europa Central e Oriental e daí se expandiu até hoje.
Apesar de não nos aprofundarmos, por enquanto no judaísmo, é bom saber que nele o Talmude era a Escritura e a religião judaica não era a bíblica, mas a talmúdica.
Os caraítas foram colocados por último porque estão quase que paralelos à época dos geonim. Os saduceus e os qumramitas forão influenciados pela lei oral e escrita e vão até o período dos geonim, que é onde surgem os Caraítas.
Tudo isto ocorreu alguns anos após a queda de Jerusalém e o incêndio do Templo pelos soldados romanos do General. Tito, em 70 d.C. Quando os judeus reorganizaram a religião definitivamente, passaram a realizar cultos seculares com a Lei (Torá), a promulgarem novas leis e a definirem firmemente a prática religiosa, principalmente o cânon das Escrituras. Tinham como maior preocupação a ortodoxia. Os mestres passaram a pertencer somente aos fariseus, já que os saduceus sumiram após a destruição do Templo, ao qual eram mais chegados. Por isso a linha judaica se reestruturou seguindo o farisaísmo. Os cristãos eram vistos como uma seita herética e por isso eram rejeitados.
Agora, eu acredito, que podemos compreender melhor o desenvolvimento do texto hebraico. É lógico que este é muito complexo, porém é de possível compreensão. Pode ser feito uma divisão em quatro fases: 
a) produção escrita e oral do texto que remonta aos "autores originais" ou aos "textos originais". Já que não existem autógrafos que seriam os testemunhos diretos dessa fase do texto, a forma mais viável é através da análise literária, onde se tenta reconstruir os textos em que se pensa que os testemunhos originais tenham sofrido transformações;
b) aplicação da crítica textual. É a fase das formas mais antigas a que se pode remontar por meio dos testemunhos existentes, diretos ou indiretos;
c) texto hebraico consonântico, também chamada de proto-massorética, que é a forma aceita pelos massoretas e sobre a qual eles trabalharam;
d) vocalização escrita do texto e com o conjunto das observações elaboradas pelos estudiosos do texto, os massoretas e os soferim, que se encontram nos manuscritos hebraicos a partir do século X d.C.

Na realidade, a Bíblia do cristão é o resultado de um trabalho global de interpretação de textos.
A maioria das pessoas aprendeu, nas escolas dominicais, que a Bíblia foi escrita pelos autores dos próprios livros, por isso têm seus nomes. Os Ortodoxos Tradicionais acreditam que Moisés seja o autor do Pentateuco, exceto do texto contido em Deuteronômio 34.5-12, onde é narrada a sua morte. Este texto e o livro de Josué são atribuídos ao próprio Josué; os livros de Juízes, I e II Samuel são atribuídos a Samuel; os livros I, II Crônicas e Edras (Esdras e Neemias eram um só livro) são atribuídos a Esdras; Isaías, Jonas e Daniel foram escritos pelos próprios, da mesma forma como os demais.
Para elas o processo da literatura do AT se originou de uma forma simples que consistia na revelação e vontade do próprio Deus ao escritor. Acreditavam que o registro da palavra vinda do Senhor e os seus livros, eram reunidos eventualmente sob a orientação divina.
No Talmude há uma sessão que fala a respeito, esta é chamada de Bava Bathra 14b onde diz que Moisés escreveu o seu próprio livro e a secção concernente a Balaão e Jó. Josué escreveu o seu próprio livro e oito versículos da Lei. Samuel escreveu o seu próprio livro, Juízes e Rute. Davi escreveu o livro de Salmos sob a direção dos dez anciãos (Adão, Melquisedeque, Abraão, Moisés, Hemã, Jedutun, Asafe e os três filhos de Coré). Jeremias escreveu o seu próprio livro e os livros de Reis e Lamentações. Ezequias e seu colega escreveram Isaías, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos cânticos. Os homens da grande sinagoga escreveram Ezequiel e os 12 profetas menores, e ainda, Daniel e Ester. Esdras escreveu o seu próprio livro e as genealogias de Crônicas."
Eu mesmo ouvi de uma forma diferente. Aprendi quando criança que o Pentateuco fora escrito por Moisés; os livros que têm o nome dos personagens foram escritos pelos próprios; Salmos por Davi; Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos por Salomão. Mas com o passar dos anos aprendi a questionar certas coisas e a procurar compreender, de forma inteligível, as coisas e ainda mais ao se tratar da Bíblia.
Há uma teoria que eu acho mais interessante e que mostra de forma racional como deve ter ocorrido todos esses processos. Essa teoria envolve tudo o que foi apresentado até agora e por isso fica melhor a sua compreensão.
Sabe-se que o AT chegou a ser chamado de "o livro que cresceu durante mil anos" e o início do processo deste crescimento foi da palavra falada e transmitida oralmente. Acredita-se que as histórias foram contadas e recontadas através de muitas gerações antes de serem fixadas por escrito.
Alguns afirmam que as partes mais antigas sejam os cantos e os ditos, porque esta é a forma mais fácil para gravar na memória e assim conserva-las vivas por longo tempo. O provérbio folclórico é outra forma e há em todo o mundo (I Sm 24.14; Ez 16.44). O falar em breves ditos foi especialmente cultivado em Israel e evoluiu até virar uma verdadeira arte, que foi cultivada na corte real, conforme se encontra nos relatos do tempo do rei Salomão.
Esses ditos e cantos eram tão belos e importantes que houve tempo que foram colecionados (Js 10.13).
Existiram, também, as sagas que falavam dos acontecimentos e vultos da história de Israel. Como toda saga, o maior interesse é apresentar de forma quase que viva o que é característico daquele tempo e dos respectivos personagens. Desta forma tudo fica vivo e real na consciência do povo, tanto dos que contam, como dos que ouvem.
Havia as sagas etiológicas (estudo sobre a origem das coisas), as quais têm uma intenção explicativa específica, como as dores de parto, o início do pecado, a dureza do trabalho e etc. Também englobam o significado de alguns nomes e explicam a santidade de alguns locais. Ainda há o ciclo de sagas que são as individuais e tratam de pessoas, também são chamadas de "novelas". Evêmero, poeta alexandrino do século IV a.C., em sua obra História Sagrada, mostra um tipo de romance sob a forma de viagem filosófica, no qual afirma haver descoberto as origens dos deuses. Esses eram antigos reis e heróis divinizados e seus mitos não passavam de reminiscências, por vezes confusas, de suas façanhas na terra.
As historiografias não ficavam desapercebidas, pois tinham o seu lugar por causa dos acontecimentos políticos. Entre tais encontra-se no livro de Samuel e Reis desde a origem do reinado de Israel até o fim total da existência política independente do mesmo.
Além dos cantos, ditos, provérbios e sagas há também as várias leis que foram transmitidas e estas são de enorme importância e variedades. 
Leis Casuísticas: são as que tratam de casos litigiosos da vida diária e se destinam para o uso na comunidade judicial. Elas começam com "se" (condição) e expõem um "caso" com precisão (Ex 21.18ss). Era feita uma reunião na praça, junto ao portão da cidade, quando havia necessidade de julgar um processo. Esta reunião era feita por cidadãos com direito a votos (Rt 4) e as noções das sentenças de direito eram transmitidas de geração a geração;
Leis de Direito Apodíctico (diz-se do que é demonstrável ou do que é evidente, valendo, pois, de modo necessário. Irrefutável, evidente): têm sua origem na esfera cultual. São sentenças que expressam um mandamento ou uma proibição sem quaisquer condições ou restrições. Exemplos: tu farás; não farás; decálogo; festa dos tabernáculos;
Direito Casuístico: é do mesmo gênero, segundo a sua forma e seu conteúdo, ao direito usado em todo o Antigo Oriente. Uma boa comparação pode ser feita com o Código de Hamurabi;
Direito Apodíctico: é genuinamente israelita e só é compreensível pela fé veterotestamentária, por isso pertence aos seus elementos mais antigos;

Há também os direitos que se ocupam com as questões isoladas de culto. Todas essas leis foram conservadas e transmitidas em uma série de coleções como o Código da Aliança, a Lei de Santidade e outras. Assim eram transmitidas de geração a geração sendo que algumas continuavam intactas e outras eram modificadas de acordo com as necessidades que o povo passava.
O AT se originou, se formou e foi transmitido por uma dessas formas que foram apresentadas acima. Apesar de muitos não aceitarem essas teorias e acharem que elas tiram todo o poder de Deus sobre as Escrituras, essas são as mais cabíveis e aceitáveis para que possamos compreender todo o processo. Em momento algum, ao aceitarmos uma dessas teorias, deixamos de dar valor ao poder de Deus e nem nos tornamos céticos, mas nos tornamos mais sensatos e racionais. Sem dúvida alguma fica bem mais fácil compreender tudo através dessas outras teorias, porque na nossa vida acontece assim e isso é desde a antigüidade.


Período Intertestamentário
O Intertestamento
 
O período interbíblico é um período muito importante e deve ser estudado com muita atenção. Apesar de ser pouco conhecido e poucas pessoas falarem a seu respeito, principalmente nas igrejas, ele tem um enorme conteúdo para entendermos melhor a Bíblia.
Como o próprio nome já diz é o período que está entre os dois testamentos, o Antigo e o Novo. Todavia, quando criança, sempre ouvi falar sobre ele mas nunca com este nome. O nome utilizado era "os 400 anos de silêncio", anos em que Deus não falou com o seu povo; também é conhecido como o "silêncio da era profética". Já ouvi dizer que as quatro folhas em branco que algumas Bíblias contêm, entre os testamentos, se referem a isto. Mas, parafraseando o apóstolo Paulo que em I Coríntios 13.11 diz: "Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino"; eu também deixei de ser menino e de acreditar em tudo o que ouvia e passei a pesquisar algumas coisas e descobri fatos importantes, entre eles o período intertestamentário.
A história do AT se encerrou com o cativeiro babilônico do reino do Sul (Judá) com o regresso à Palestina, por parte dos exilados, quando imperava a hegemonia Persa, por volta dos séculos VI e V a.C. e com o cativeiro imposto pela Assíria sobre o reino do Norte (Israel). Os 4 séculos entre o final da história do AT e os primórdios do NT compreendem o período intertestamentário, mais conhecido como os "400 anos de silêncio". Mas isto ocorreu por não haver reconhecimento dos registros feitos e por não existirem profetas como nos outros.
Foi durante este período que Alexandre o Grande (Magno), se tornou o senhor do Antigo Oriente Médio, ao realizar sucessivas e vitoriosas batalhas contra os persas (Grânico 334, Issus 333 e Arbela 331 a.C.). A cultura grega, mais conhecida como helênica, já vinha se propagando há tempos por causa do comércio e da colonização dos gregos. Porém, mediante as conquistas de Alexandre, o seu crescimento foi maior do que antes e com isso o idioma grego tornou-se a língua franca, utilizada no comércio e na diplomacia. Pode-se ver que na época do NT o grego era falado nas ruas de Roma, onde o proletariado falava o latim, porém a grande massa de escravos e libertos já falava o grego.
Alexandre fundou setenta cidades onde a cultura grega (helênica) prevaleceu por causa da mistura dos matrimônios realizados por ele e por seus soldados com mulheres orientais. Daí a mistura das culturas grega e oriental.
Apesar deste micro resumo dar uma certa orientação de como era a vida naquela época, é necessário estudarmos mais a fundo cada período, tanto antes como depois de Alexandre, para entendermos a história.

O Período Grego (331-167 a.C.)
Alexandre o Grande
 Filipe II, rei da Macedônia, uniu e organizou os macedônios num estado militar e seu exército era organizado por robustos camponeses e pastores. Esta união entre a Macedônia e as cidades-estado gregas se realizou em 20 anos de reinado e em 337 a.C. já havia concluído uma aliança, tendo em vista a conquista da Ásia.
Em 331 a.C., quando Jadua era o sumo sacerdote, Filipe II da Macedônia, foi assassinado e Alexandre, que era seu filho e tinha 20 anos, o sucedeu. Ele herdou de seu pai a agressividade e o gênio militar, e acrescentava isto à sua cultura grega, pois tinha sido educado com a Ilíada de Homero e sob a tutela de Aristóteles.
Alexandre transformou o mundo, politicamente, em menos de uma década. Ele é o chifre notável na visão do bode que Daniel teve, conforme Daniel 8.1-7.
Em 334 a.C., com apenas 35.000 homens, derrotou os três generais de Dario II, em Grânico. Esta batalha tem uma história muito interessante: conta-se que ocorreu após Alexandre ter passado uma noite acordado onde teve uma visão em que um ancião o aconselhava a continuar a sua luta contra os persas.
Apenas no ano 333 a.C., após derrotar o grande exército Persa, pela segunda vez em Issus, obteve o domínio sobre toda a Ásia Menor. Depois disto Alexandre passou a sonhar em conquistar o mundo da época. Voltou para o Sul em direção ao Egito onde fundou a cidade de Alexandria. Depois foi para o Leste e ocupou a Babilônia e a Pérsia, passando a ter no seu poder, além destas, o Egito e a Síria.
Quando Alexandre se encontrou com o sumo sacerdote Jadua, disse que era o ancião do seu sonho, por isso os judeus foram tratados com respeito e tiveram muitas vantagens. Entre elas o direito de cidadania plena. Conta-se que ele ofereceu sacrifício a Iavé e ouviu a profecia de Daniel referente à queda do império Persa. A política de Alexandre era fazer dos povos que conquistava seus amigos.
Ele organizou o seu império em satrapias (cada uma das províncias em que estava dividido o antigo império persa) e cada uma destas era uma colônia de gregos, que geralmente era constituída por seus soldados. Através destas colônias passou a conhecer novos territórios. Ele é lembrado pela sua condição de estadista.
Através da cultura grega várias barreiras foram quebradas: raciais, sociais e nacionais. A miscigenação das raças estimulou um espírito cosmopolitano, um sincretismo religioso e um interesse no indivíduo. Através do grego o mundo foi capacitado para a comunicação, pois foram iniciados 3000 persas na língua grega.
Apesar de influenciar as civilizações conquistadas, também foi influenciado pela luxúria e folia da Babilônia e de outras, as quais o deixaram arbitrário e desconfiado, por isso a sua resistência física enfraqueceu e começou a pegar febres, vindo morrer aos 32 anos aproximadamente.
Após a morte de Alexandre o seu império foi dividido entre os seus generais: Laomedon, Síria; Ptolomeu Lagus (Soter), Egito e Síria Meridional; Selêuco, Babilônia, Síria Setentrional, Ásia Menor e Frígia; Lisímaco, Trácia e parte ocidental da Ásia Menor; Cassandro, Grécia e Macedônia; já que não deixou herdeiros capazes para substituí-lo. O reino de Lisímaco durou pouco e foi incorporado ao território dos selêucidas. Três anos após a morte de Alexandre, Ptolomeu e Selêuco derrotaram Laomedon e dividiram o seu território e a Palestina ficou com Ptolomeu, a princípio, já que ficava no meio da briga entre os dois.

O Período Egípcio (321-198 a.C.)
Os Ptolomeus
 Foi uma das épocas mais longas do período intertestamentário. Depois de uma severa luta, em que a Palestina, que ficava situada entre Síria e Egito  juntamente com outra parte da Síria, ficou sob o domínio dos Ptolomeus e Roma anexou o Egito que foi o seu celeiro.
Por causa da sua posição geográfica, a Palestina sempre era favorecida pelos dois reinos, pois ambos fizeram de tudo para agradá-la.
O império ptolomaico tinha como capital Alexandria e nesta havia uma grande colônia de judeus.
O primeiro rei da linha ptolomaica foi Ptolomeu Soter. Ele capturou os judeus num sábado pois sabia que eles se recusavam a fazer qualquer tipo de esforço que pudesse profana-lo e que eram leais a Laomedon. Por isso, a princípio, tratou-os com dureza mas com o tempo tornou-se amigável.
O seu sucessor foi Ptolomeu Filadelfo, o qual teve o reinado destacado. Fundou a famosa biblioteca Alexandrina e conseqüentemente fez a tradução de todos os livros existentes para o grego, inclusive o mais importante para nós, as Escrituras, isto é, a LXX. Esta biblioteca conservou os principais tesouros literários da antigüidade. A cidade de Alexandria cresceu em importância e tornou-se num notável empório comercial e cultural.
Durante os três primeiros reinados ptolomaicos, os judeus cresceram em número e riqueza, desenvolveram o seu comércio que prosperou com a queda de Tiro, mas depois passou por grandes problemas com os demais reis.
Cleópatra, a última da dinastia dos Ptolomeus, morreu por volta de 30 a.C. Eis a linhagem dos Ptolomeus com suas respectivas datas de governo: Ptolomeu Soter 323-285; Ptolomeu Filadelfo 285-247; Ptolomeu Euergetes 247-222; Ptolomeu Filopatro 222-205; Ptolomeu Epifânio 205-181; Ptolomeu Filômetro 181-146; Ptolomeu Fiscon 146-117; Ptolomeu Soter II 117-107; Ptolomeu Alexandre I 107-90; Ptolomeu Soter III 89-81; Ptolomeu Alexandre 19 dias; Ptolomeu Dionísio 80-51; Ptolomeus XII e XIII com a rainha Cleópatra 51-43 (todos a.C.).

O Período Sírio (198-167 a.C.)
Os Selêucidas
 O império selêucida estava concentrado na Síria e tinha a Antioquia como capital. Alguns eram chamados de selêucos e outros de antíocos. Foi nesta época que a Palestina se dividiu nas cinco províncias que constam no NT: Judéia, Samaria, Galiléia, Peréia e Tracônites.
À medida que os povos da Ásia Menor firmavam a sua independência e fundavam seus reinos, o domínio selêucida diminuía. Entretanto, na Síria, seu domínio era forte e sua influência muito poderosa nos negócios políticos da Palestina. Para conquistar a Palestina os selêucidas fizeram várias tentativas, entre elas, alianças matrimoniais e invasões, porém fracassaram até que Antíoco III o Grande, derrotou o Egito em 198 a.C., e em dois anos conseguiu o domínio da Palestina. Com isto os judeus se dividiram em dois grupos: um a favor do Egito (casa de Onias) e outro a favor da Síria (casa de Tobias).
Em 175 a.C. Antíoco IV Epifânio assumiu o reinado, após passar 12 anos como prisioneiro político de Roma. Trouxe consigo a cultura grega e o legalismo romano e, assim que chegou, estabeleceu o politeísmo grego como religião estatal.
Os judeus foram simpáticos à helenização por causa do sacerdócio corrupto que existia. Foi assim que Antíoco Epifânio tirou Onias III do sacerdócio e colocou Josão, seu irmão, no lugar. Josão pediu a cidadania antioquense para os judeus e como conseqüência pagaria largas somas para o tesouro real e introduziria os costumes gregos em Jerusalém.
Nesta época construíram um ginásio em Jerusalém muito perto do Templo, o qual tinha uma pista adjacente, onde os rapazes judeus se exercitavam despidos à moda grega e os sacerdotes deixavam o culto para assistirem aos jogos. Josão participou dos jogos em honra ao Deus sírio Melcarte, enviou dádivas e oferendas e estas ajudaram na construção da armada Síria.
Tudo isto fazia parte do processo de helenização, o qual também contava com a freqüência aos teatros gregos, adoções de vestes ao estilo grego, cirurgia que visava a remoção das marcas da circuncisão e a mudança dos nomes hebreus para o grego (veja o filme Judá Ben-Hur)
Por ordem de Antíoco, quando invadia o Egito, Josão perdeu o cargo para Menelau. Josão ouviu que Antíoco morrera e por isso voltou da Transjordânia, onde se refugiara e tomou o cargo de sumo sacerdote novamente. Entretanto Antíoco foi obrigado a retirar-se, porque não conseguiu uma aliança com os romanos. Voltou para Jerusalém, devolveu o cargo a Menelau, matou muitos à espada, vendeu muitos judeus como escravos, destruiu as muralhas, roubou o Templo e o transformou numa casa de culto a Zeus Olímpico, colocou uma imagem dele no altar e sacrificou uma porca, profanando-o. O mesmo aconteceu com o templo de Samaria, o qual foi dedicado ao Deus Júpiter Xênio.
Vários altares pagãos foram erigidos em toda Palestina e tornou-se obrigatório a realização de festivais pagãos. O judaísmo, o sábado, a procissão, ter ou ler a Torá, tornaram-se proibidos e quem transgredisse a lei era condenado à morte.
Mais tarde, por volta de 168 a.C., enviou Apolônio, seu general, com um exército de 122.000 homens para coletar tributos, tornar ilegal o judaísmo e estabelecer o paganismo à força, como uma forma de consolidar o seu império e refazer o seu tesouro. Destruiu Jerusalém mais uma vez e assassinou a muitos.
Jerusalém passou a ter cultos ao Deus do vinho, Baco, sacrifícios de animais no altar do Templo condenados por Moisés e a prostituição passou a ser realizada dentro do Templo de Jerusalém. Isto ficou sendo tolerado até que os Macabeus se revoltaram através do seu sumo sacerdote Judas Matatias.
Da mesma forma que os Ptolomeus, eis a linhagem dos reis selêucidas com as suas respectivas datas: Selêuco Nicator 312-280; Antíoco Soter 280-261; Antíoco Teos 261-246; Selêuco Calínico 246-226; Selêuco Ceranus 226-223; Antíoco, o Grande 223-187; Selêuco Filopatro 187-175; Antíoco Epifânio 175-163; Antíoco Eupatro 163-162; Demétrio Soter 162-150; Alexandre Balas 150-146; Demétrio Nicator 146-144; Antíoco Teos 144-142; Usurpador Trifão 142-137; Antíoco Sidetes 137-128; Demétrio II 128-125; Selêuco V 125-124; Antíoco Gripo 124-96; Selêuco Epifânio 95-93; (todos a.C.).

O Período Hasmoneu (167-37 a.C.)
Os Macabeus
 Quando um agente do rei foi à cidade de Modin obrigar o povo a oferecer sacrifícios pagãos, procurou Matatias que era um velho sacerdote da aldeia e ofereceu-lhe uma recompensa para que fosse o primeiro a obedecer as ordens. Sua intenção era fazer com que o povo visse Matatias, o velho sacerdote e o mais respeitado habitante da aldeia, cumprindo as ordens do rei e imita-lo. Entretanto Matatias não aceitou e protestou. Um judeu se aproximou do altar para oferecer o sacrifício e Matatias o matou junto ao altar. Aproveitando o ensejo, matou o agente do rei e demoliu o altar declarando que era profanação à Lei de Deus.
Matatias e seus cinco filhos fugiram para o deserto onde outros aderiram à causa. Várias guerras surgiram, Matatias morreu pouco depois e foi sepultado em Modin.
Seu filho, Judas Macabeu (TbQm), nome derivado de martelo ou malho deu continuidade às guerras. Apesar de perderem mais uma batalha, venceram os sírios três vezes. Numa delas, contra o general Lísias, expulsaram os intrusos de Jerusalém, iniciaram a purificação do Templo de Jerusalém e a execução de um novo altar. Fez um culto de rededicação do Templo e estabeleceu uma festa (hK;nux - dedicação, inauguração) para comemorar a vitória. Um fato curioso é que esta festa se deu pelo dia 25 de dezembro, conforme podemos ver em I Macabeus 4.36-61.
Judas completou a sua vitória conquistando as terras que ficavam a leste do Jordão e conservou a Palestina na sua independência, mas morreu em combate, foi sucedido pelo seu irmão Jônatas e, posteriormente, por Simão.
Houve guerra até o ano 143 a.C., quando Jônatas foi reconhecido por Demétrio II, pretendente à coroa Síria, como aliado e por isso recebeu a liberdade política, a isenção de todos os impostos presentes e futuros. Foi ele quem conseguiu a independência da Judéia e o término das lutas dos Macabeus, acabando com a influência dos selêucidas na Palestina.
Jônatas tornou-se sumo sacerdote e uniu as autoridades, religiosa e política, na sua pessoa, dando início à linhagem dos Hasmoneus, que vem de Hasmon, tataravô dos Macabeus.
Em 139 a.C. acertou um tratado com Roma que reconhecia a independência do estado judaico e recomendava-o à amizade dos súditos e aliados de Roma. Com isto as condições econômicas melhoraram, a justiça passou a ser administrada por tribunais e a vida religiosa começou a se despertar.
Entre 142 e 137 a.C., a dinastia hasmoneana esteve repleta de contendas internas por causa da ambição pelo poder. Numa dessas contendas Jônatas foi traído, assassinado e foi sucedido por Simão.
Simão mandou nivelar a montanha próxima de Jerusalém na qual havia ficado uma guarnição Síria. Apesar de ser amado por todos foi assassinado juntamente com dois filhos seus, pelo seu genro que cobiçava o sumo sacerdócio.
 Entretanto foi João Hircano, seu outro filho, que assumiu o sacerdócio. Este foi tão notável que muitos atribuem a dinastia hasmoneana começando com ele. Reinou durante 29 anos e fez um próspero reinado, morrendo em 106 a.C. Após a sua morte a dinastia hasmoneana viveu sob muitas contendas partidárias e a independência judaica foi ameaçada até a intervenção de Roma. Por causa dessas contendas surgiram os grupos: fariseus, essênios, saduceus e outros.
João Hircano teve um filho chamado de Aristóbulo que o sucedeu. Este aprisionou três de seus irmãos, matou o quarto e além de prender a sua mãe, a deixou morrer de fome. Deixou como herdeiro um filho com o seu nome e outro chamado Hircano. Nesta época aparece Herodes, por intermédio de seu pai Antípater, juntamente com o domínio romano do general Pompeu. De agora em diante os relatos estão relacionados à época em que Cristo nasceu e dentro do contexto do NT.

Estilos literários do AT
Anais e Crônicas
 Anais são apontamentos distribuídos, segundo os anos, de natureza oficial sobre determinados acontecimentos de importância. Servem para fixar a memória dos referidos acontecimentos gerando um gênero literário informativo.  
As crônicas do AT são similares às do Antigo Oriente e encerram datas de diversos reis e curtas observações sobre seus feitos e seus destinos. 
Anedota
 Fixa-se em torno de certos fatos e pessoas. Nela o homem intervém nos acontecimentos e domina as situações. O homem é caracterizado pela decisão precisa e pelo brilhantismo.
Alguns exemplos: Sansão (Jz 15.1); o comportamento de Davi para com Saul (I Sm 24 e 26) e sua atitude em relação aos feitos de seus heróis (II sm 23.8-39). 
Conto
 No conto só aparecem seres divinos inferiores que estão para com o homem numa relação imediata de amizade ou inimizade. Não está ligado ao espaço, tempo e nem as leis da causalidade e no conto se confundem realidade e fantasia.
A história de José já era um conto egípcio (Gn 39) e o julgamento de Salomão é de origem índica (I Rs 3.16-28).
Entre as espécies de temas do conto pode-se destacar:  
 1- mágico: vara de Moisés (Ex 4.1-5); manto de Elias (II Rs 2.8); farinha e óleo na panela (I Rs 17.10-16, II Rs 4.1-7);
2- metamorfoses fabulosas: mulher de Ló (Gn 19.26);
3- fabulosos: Caim e Abel (Gn 4.1-16) Esaú e Jacó (Gn 25.19-28) Jacó (Gn 27);
4- desfecho feliz: Saul e as jumentas extraviadas (I Sm 9.1-10), Davi e Golias (I Sm 17);
5- animais: jumenta de Balaão (Nm 22.22-35). 
Crônicas
 O termo hebraico dibbrei - yrEäb.DI - (diários ou anais) foi parafraseado por Jerônimo com a palavra crônica, adotada por Lutero. Em greco-latino é conhecida como paralipômena (coisas omitidas) que se referem aos conteúdos omitidos nos livros de Samuel e de Reis.

Listas
 As listas refletem situações mais recentes do que as épocas às quais foram atribuídas. No AT há três tipos de listas:
 1- pessoas e povos: onde se encontram as listas genealógicas, de funcionários e heróis, dos governadores distritais de Salomão e outras;
2- histórico e geográficas: contêm os nomes de povoações, fortificações e das cidades dos levitas;
3- donativos sagrados: contêm vários objetos e coisas incluindo gados e escravas capturadas em guerra.

Literatura profética
Profeta
 O vocábulo profeta, no hebraico - aybin" -, significa anunciar, ou melhor, ser o porta-voz. Era um mensageiro autorizado a falar em nome de outra pessoa contendo a mesma autoridade, hoje seria um embaixador.
É importante ressaltar que o profeta não é aquele que fala demais, que grita ou que fala como se esteja em êxtase e que fala o que agrada as pessoas. É o que recebe a mensagem divina e então a proclama, enfatizando a recepção da comunicação divina. Um bom livro para entender essa proclamação é o de Isaías.
Ao falar ninguém o questionava. Só em ouvir a mensagem dava para perceber que era um profeta. Ele também se distinguia dos demais mensageiros pelos seus atos. Apesar de haver vários mensageiros, só alguns eram profetas. Na bíblia os livros dos profetas são denominados de maiores e menores por causa do volume dos seus escritos.
O povo de Israel considera Moisés como sendo o maior de todos os profetas por ter recebido os ensinamentos de Deus e tê-los passados a eles. Em Deuteronômio 4.1 nota-se a autoridade que ele tinha ao falar ao povo. Logo no início o povo é chamado a ouvir os ensinamentos de Deus. Ouvir era o ponto mais importante dos ensinamentos divinos. Ouvir - [m;v. - significa prestar a atenção, entender e obedecer. É um processo lógico e essencial para servir a Deus que o profeta realizava. Jesus Cristo ressalta a importância disto em Lucas 6.31. O profeta não é um vidente, mas um estudioso, atencioso e obediente às leis dadas por Deus.
A função do profeta era esta: fazer o povo relembrar as leis dadas por Deus, obedecê-las e enfatizar a importância de pô-las em prática, nada além disso. Ele não anunciava nada de novo, apenas lembrava o que Deus já havia prometido aos patriarcas.

Literatura
 Não há profetismo literário clássico pois os profetas são os que falam em nome de Deus e não eram os escribas (Is 50.4, Am 7.10-17). Na época deles a proclamação era oral diretamente com o ouvinte, só mais tarde as palavras foram compiladas, fixadas por escritos, em partes trabalhadas, complementadas por outras palavras ou narrativas e reunidas em um rolo (livro – Jr 36.2).
Lutero disse que os profetas falam de um jeito estranho, não mantêm nenhuma norma no que dizem, mas jogam o cento no milhar, de forma que não podemos compreender nem aceitar.
Os estudiosos concordam que a mensagem profética foi fixada na época pós-exílica. A história das formas aponta para as mensagens proféticas, como sendo feita de várias partes e não de um todo para sua fixação escrita, principalmente os textos curtos como: Amós 3.1,2; 5.1,2; 9.6,7; Isaías 1.2.
A fixação por escrito se deu porque a profecia não se cumpria (Is 8.1, 30.8) e os profetas passaram a ser rejeitados, neste caso, a idéia era fazer com que houvesse esperança num cumprimento futuro (Hc 2.2,3). Com isto surge um intervalo entre o anúncio e o cumprimento que passou a ser voltado para o futuro, daí hoje a existência do termo mensagem profética ligado a acontecimentos futuros. Afinal são os acontecimentos que comprovam a autenticidade da mensagem profética. Pode-se afirmar então, que a palavra profética foi fixada por escrito em função do seu significado futuro.
A formação da mensagem profética é composta pela redação autêntica (atribuída diretamente ao profeta) e não autêntica (atribuída a uma redação posterior). Neste caso além de haver uma complementação literária há: cultual (Is 1.10-20; Mq 4.5), doxológica (Am 4.13; 5.8,9; 9.5,6; Is 12; Mq 7.8). A diferença é que a redação posterior é feita após a desgraça profética ter sido anunciada e isto dá um interesse completamente distinto da palavra profética original.
A redação posterior busca sinais de salvação em meio a desgraça anunciada e completa com uma promessa de salvação (Am 9.11). Neste caso há fase que após o juízo vem a salvação.
Os principais gêneros literários da literatura profética podem ser classificados em três categorias principais:
 1- narrativas sobre os profetas: são compostas de experiências, feitos ou sofrimentos de profetas. A ênfase cai sobre as palavras do profeta e relatam a história da palavra de Deus e da palavra profética;
2- visões: representam um elemento menor na tradição profética, porém têm importância. Nas visões os profetas têm sua consciência alerta e podem ser expressas em palavras transmissíveis e compreensíveis (Is 40.1-9);
3- ditos: formam a categoria mais ampla na tradição e podem ser classificados em:
 a) anúncio do futuro e denúncia: a culpa precede a punição como conseqüência (I Rs 21.19; II Rs 1.3);
b) ais: caracterizam uma pessoa ou um grupo por sua conduta persistente (Am 5.18-20; Is 5.8-23; Mq 2.1-5). São lamentos que costumam apresentar-se encadeados ou formam uma unidade de discurso ou, uma composição posterior para estruturar um texto.
O ai originou-se da lamentação fúnebre (I Rs 13.30; Jr 22.18; 34.5; Am 5.16). Ao utilizá-lo, o profeta, transfere a pessoas vivas, que uma certa conduta humana já contém o germe da morte, o anúncio do castigo.

Mito
 Mitos são histórias de deuses, ao contrário das sagas, cujos protagonistas são seres humanos.
No mito os personagens aparecem personificados e designados com nomes próprios. É descrito sua conduta, seja entre si (casamento, conflitos e etc) ou no relacionamento com os seres humanos. Freqüentemente o mito se refere a um tempo que precede à experiência histórica (história dos primórdios: teogonia (do gr. theogonía Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que freqüentemente se relaciona com a formação do mundo. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politeísta), cosmogonia (do gr. kosmogonía. A origem ou formação do mundo, do Universo conhecido. Parte de uma cosmologia, que trata especificamente da criação e formação do mundo. Qualquer narrativa, doutrina ou teoria a respeito da origem do mundo ou do Universo. Ciência afim da astronomia, e que trata da constituição, ordem e estrutura do Universo) e antropogenia (Formação do homem, origem do homem), paraíso, dilúvio e etc) e pode ser repetido no culto permanecendo na história.
O AT utiliza a linguagem mítica e materiais de fragmentos narrativos e motivos míticos de seu meio (história dos primórdios, saltério e profetismo), como em Gênesis 6.1-4.
No AT é utilizada uma linguagem mítica direcionada a um único Deus. Também utiliza a composição mítica que transpõe as questões para o futuro e não como uma realidade presente (Is 1.21-26; 2.2-4,12-17; 11; 24.21; 27; 65.17).
A historização do mito são motivos míticos que servem para ilustrar a importância de um acontecimento histórico, ocorrendo como forma histórica de recordação e atualização. Um exemplo é a luta de Deus contra o mar (Is 51.9,10; Sl 77.13).
Os relatos míticos da história dos primórdios apontam para a exposição histórica que se seguem e servem de preâmbulo para essas exposições. As genealogias estabelecem vínculos transversais, conexões entre grupos de pessoas e povos diferentes e distantes no tempo (Gn 4.1; 10; 11.10).

Novela
 Descreve o destino do indivíduo dentro de um acontecimento de caráter universal e que possa ocorrer sempre. Mas é um fato que se verifica no momento e não no futuro.
A trama corre em torno do homem, nos efeitos sobre ele que aceita de forma passiva (Jó).

Novela de José
 É feita para haver uma transição de Gênesis para o Êxodo e refazer o caminho dos filhos de Jacó para o Egito ligando os patriarcas à época mosaica, sem perder o quadro familiar. Mostra que Deus muda as atitudes ruins dos homens em bons resultados.
Caracteriza-se pelo emprego de técnicas oraculares e formas litúrgicas. Sabe-se que nos santuários havia sacerdotes e profetas do culto, por isso é preciso saber que há o oráculo sacerdotal e o oráculo dos profetas do culto.
Entre as técnicas oraculares há: obtenção dos presságios mediante a observação do vôo dos pássaros (Gn 15.11) ou a inspeção da água numa taça (Gn 44.5); comunicação divina pelo germinar e pelo florir de plantas ou bastões do santuário (Nm 17.17), mudança do ruído do vento nas árvores (II Sm 5.24), bastão dos oráculos (Os 4.12), pernoitar no santuário (Gn 28.11; I Sm 3.3; I Rs 3.4,5), invocação dos mortos (I Sm 28.7-25; Is 8.19), hepatoscopia - Visualização do fígado a olho nu, ou com auxílio de instrumento - (oráculo das flechas – Ez 21.26) ou pela sorte (urim - ~yrIßWa - e tumim- ~yMiTu – maldito e inocente), talvez para casos judiciais.
A sentença oracular consistia em dizer sim ou não a uma pergunta (I Sm 23.2-11) ou empregava-se uma fórmula litúrgica já existente (I Sm 1.9-18). Em alguns casos o oráculo tinha forma metrificada (Gn 25.23). Observe que os oráculos apresentados como palavras de homens ocorrem na 1ª pessoa, como sendo palavras divinas (Gn 17.1; 26.24; 28.13; 46.3).

Ordálio
 Era uma forma do sacerdote submeter à prova certas ações suspeitas (Js 7.14). O ordálio da poção era para suspeita de infidelidade matrimonial (Nm 5.11-31).

Poesia
 A poesia compõe o gênero literário lírico de Israel e pode conferir à palavra falada uma autoridade e uma virtude (bênção e maldição). Ela não é feita apenas metricamente mas ritmicamente também. Todavia não se pode ignorar que os ugaríticos já tinham uma literatura assim. 
 1- verso longo: é composto por dois membros conhecidos das figuras de linguagem: paralelismos sinonímico e antitético;
2- verso breve: melhor percebido nos acrósticos como os Salmos 111 e 112. o verso breve é diferente do longo porque ao invés de constituir a unidade poética e estilística fundamental é um membro dependente e auxiliar dentro da estrofe construída de forma seqüencial e de um número contendo uma idéia ou um grupo de idéias. Ele pode transmitir dados sobre: a vocação dos profetas (Jr 1.4-9), visões e audições (Am 7.1-3; Zc 1.7-6.8), ações simbólicas (Jr 8.1-3) e entradas em cena (Is 7.1-9; Am 7.10-17);
3- metro e ritmo: são estes que determinam a natureza da poesia. Há quatro teorias sobre a formação da poesia:
 a) não há contagem das sílabas (longas e breves) num sistema quantitativo;
b) a métrica verbal, isto é, a palavra em si é o elemento fundamental;
c) composição de pós-dissilábicos ou monossilábicos alternando entre as sílabas átonas e tônicas;
d) o sistema acentual é onde as sílabas tônicas alternam com várias átonas correspondentes. Geralmente há de uma a três sílabas átonas entre duas tônicas.
4- recursos poéticos: utiliza-se a rima (Is 7.11, 31.9; Sl 55), motivo (Gn 32.21; Is 42;15), rima interna – aliteração - repetição de fonema(s) no início, meio ou fim de vocábulos próximos ou mesmo distantes (desde que simetricamente dispostos) em uma ou mais frases, em um ou mais versos; aliteramento, paragramatismo - (Jr 4.30), assonância (semelhança de sons. Conformidade ou aproximação fonética entre as vogais tônicas de palavras diferentes) vocal ou consonantal (eco, meia rima), anacruse - nota ou notas que, no início de peça musical, se realizam no tempo fraco do compasso e antecedem o primeiro tempo forte do compasso inicial; prótese. Sílaba ou sílabas que vêm no princípio do verso grego e do latino, antecedendo o tempo forte do primeiro pé - (arse - entre os gregos, o levantar do pé na dança e, em conseqüência, a parte não acentuada do ritmo. Na métrica musical, o tempo fraco do compasso. Na versificação latina, a parte do pé (em geral uma sílaba longa) marcada pelo acento métrico. Elevação do tom ou da voz -, apojatura - ornamento melódico representado por uma ou duas pequenas notas estranhas à harmonia e que precedem a nota real, da qual subtraem o próprio valor e a acentuação -), antífona - curto versículo recitado ou cantado pelo celebrante, antes e depois de um salmo, e ao qual respondem alternadamente duas metades do coro - (canto alternado).

 Prosa
 As particularidades lingüísticas e estilísticas da prosa são o resultado de um longo processo de transmissão e reelaboração. É feita pelos vestígios encontrados desde a tradição oral até a redação, incluindo os acréscimos posteriores e as glosas.
A prosa tem características de linguagem que são um progresso em frases amplas e curtas, indo da palavra ao fato e de um fato ao outro. É por isso que alguns textos divididos em capítulos são iniciados com a conjunção “e” (w>). na cultura israelita os fatos ou as coisas são apresentados por meio de comparações, por isso parece haver uma mudança abrupta em certos textos mas são quadros parciais que figuram um ao lado do outro.
Na seqüência verbal utiliza-se a inversão (predicado-sujeito) da oração verbal que pode dividir o texto em seções visando constituir um processo mnemônico (relativo à memória) oral. Na narração a frase nominal descreve estados, informa situações importantes ou constata resultados, mas é mais apropriada em discursos. Isto se encontra dentro das peculiaridades estilísticas.
Também se utiliza a repetição de palavras ou de partes importantes da frase para descrever uma situação (Gn 22.6-8) ou para realçar o significado de um acontecimento (II Sm 11.7,21,24)
Há o estilo repetitivo que a princípio omite certos traços esclarecedores isolados e depois os reintroduz para explicar um acontecimento (Gn 20.4-18).

Saga e lenda
 Constituem a parte principal dos gêneros narrativos do AT. É possível notar que do Pentateuco até I Samuel não há uma historiografia propriamente dita, mas que foram passadas em formas de sagas sofrendo muitas influências no decorrer deste processo.
Saga tem um significado muito vago e para ser compreendido é preciso ser classificada em categorias: locais, etiológicas, de heróis e etc. Podem ser divididas em três grupos:
 a) da história dos primórdios (Gn 1-11): em que se misturam material mítico e lendário na reflexão sobre a humanidade;
b) patriarcais: dos antepassados de Israel e do seu meio familiar;
c) de heróis tribais populares: Moisés, Josué, Juízes e os profetas.
 Foram divididas conforme a alteração da estrutura social a que se referem: narrativas de clãs nômades, sociedade pré-estatal agrícola e do mundo da corte.
O que diferencia uma saga da outra é o motivo principal como: acontecimentos históricos (Gn 4,26), fenômeno extraordinário da natureza (Gn 19; Ex 16) e ritual cúltico.
Pode-se observar que os nomes no AT, especialmente os topônimos (nome próprio de lugar. Ex.: Europa, Espanha, Amazonas, Pará, Brasília, Maceió, Serra do Mar, Solimões), são associações fonéticas ou jogos de palavras como: Babel - lb,êB' - (porta de Deus – babilônico, confusão de línguas – hebraico), Moisés - hv,êmo - (filho – egípcio, tirado das águas – hebraico), Davi - dwI)d" - (capitão – título do Antigo Oriente, nome próprio em hebraico) e que são mais conhecidos como etimologias populares.
As sagas têm motivos, por isso é bom compará-las com narrativas similares e entre os motivos pode-se destacar:
 a) aspectos históricos ou políticos: que são apresentados como aspectos particulares pessoais. Condensa o que é geral, transformando-o em individual; integra o destino dos povos inteiros em experiências de indivíduos; descreve situações anônimas e impessoais como encontros diretos. As tribos e os povos são corporificados em seus ancestrais. Pode-se observar que as sagas dos patriarcas são apresentadas como histórias de famílias;
b) cena só com 2 ou 3 personagens (conhecida como lei da dualidade ou trindade): ao aparecer a terceira figura uma das duas primeiras retrocede para segundo plano, tornando os episódios breves e compreensíveis. Neste caso a trama se entrelaça, confunde e destaca um do outro e se desenvolve numa sucessão de episódios distintos, até chegar ao objetivo;
c) saga típica: os personagens secundários ficam anônimos. Os personagens são bem distintos e a dualidade mostra o contraste (um é bom e o outro mau), também mostra estágios culturais diferentes como Abel e Caim, Esaú e Jacó. Pode-se notar que o Faraó é apresentado por um termo genérico e não como sendo Ramsés II, assim como sua filha;
d) esboços: a aparência física e o caráter são esboçados ou não aparecem (Gn 25.25), veja que em Gn 22 o sacrifício de Isaque só ressalta o que é importante para o objetivo da ação, o mais fica oculto. Tempo e lugar são indefinidos, pensamentos e sentimentos são implícitos, pois tudo é enigmático e obscuro;
e) discurso direto: é a forma que motivos decisivos aparecem para o desenrolar da ação (Gn 24);
f) princípio e fim claros: na maioria dos casos a introdução descreve a situação a partir da qual se desenvolve a ação (Gn 18.1; Ex 3.1). 
 A saga não pretende registrar fatos históricos singulares mas algo típico, por isso para compreendê-la há uma relação enigmática com a história, pois os traços lendários são importantes para dar credibilidade histórica.
Nas sagas israelitas Deus é o sujeito interno fazendo a saga se encontrar sob a influência modeladora da fé das gerações que a transmitem.
As sagas podem ser divididas em seis categorias:
 1- lugar e natureza: serve para explicar fatos já existentes como:  origem da Babilônia com sua enorme torre no templo e o significado de seu nome; origem do Mar Morto, a esterilidade e o abandono em torno das regiões, as particularidades e a origem de uma coluna de sal com traços humanos, existente numa montanha a sudoeste do País;
2- santuário: o lugar e porque era tido como sagrado (Gn 16.7; 28.10; 32.25; 33.18; 35.1). A descrição trata da manifestação de uma divindade que habita em certo local tornando-o santo e a vontade de ser venerada no futuro;
3- culto: justifica a existência de um determinado culto ou rito como: a imagem da serpente que cura (Nm 21.4), a circuncisão (Gn 17) e etc;
4- saga das tribos e do povo: deriva-se de que cada tribo ou povo possuiu um chefe ancestral que personificou os traços da comunidade, por isso aparece ligada a um personagem folclórico ou fictício (época dos patriarcas);
5- saga dos heróis: inicia com a época mosaica mas a ênfase está na época de Josué a Davi, pois sempre fala de vitória e de comportamento íntegro;
6- lendas de caráter pessoal: podem ser a dos sacerdotes e a dos mártires. Apresentam características etiológicas, mas na verdade servem para esclarecer certos fenômenos da natureza, nomes de lugares e pessoas (Moisés), usos e objetos de cultos (serpente de bronze), particularidades de uma tribo ou povo (israelitas). São narrativas etiológicas que se originaram de etiologias já existentes e que desenvolvem uma explicação no decorrer da exposição.
 As sagas e lendas foram adaptadas, personificadas e nacionalizadas tendo Israel como base, isto significa que no sentido religioso foram teologizadas.

Motivos etiológicos
 Alguns por quês são explicados de forma poética mas são históricos. Neste caso o fundo histórico e seu interesse específico são explicados pela situação presente com base na atuação dos antepassados (Gn 19; Js 6).

Lendas de santuário
 É um gênero especial de etiologia não na sua forma mas no conteúdo e função. Daí surge a etiologia cúltica ou a saga da fundação do culto legitimando um santuário como local de peregrinação contando a revelação ocorrida e mostrando o caráter sacro do local (Gn 28.6; 16.7; Ex 3.5; Gn 18; 13.18; 22; 28.10; 12.7; 32.33, 3; Ex 4.24-26; Jz 6.11).
Estas lendas do AT perderam sua vinculação local e passaram a abranger todo o Israel apontando para o futuro. Isto quer dizer que não justifica mais o que existe, mas aponta no discurso de uma promessa para o porvir, para dar esperança ao homem incentivando a caminhar confiante no cumprimento da promessa.
Uma saga curta, coesa é mais antiga e que a elaborada e incompreensível é mais recente. No AT há: ciclo de sagas em Gênesis: Abraão e Ló (13-19); Jacó e Esaú (25; 27; 32); Jacó e Labão (29-31). Também se encontra: provérbios ou cânticos, bênção e maldição, contos fantásticos autônomos e resquícios de concepções mítico-demoníacas (Gn 3 – serpente com Nm 22 – jumento).

Gêneros literários
 Entre os gêneros literários do AT há os imperativos e os desiderativos que são:
1- súplica e desejo: era comum em todo Antigo Oriente fazerem súplicas para várias coisas. Entretanto só é percebida pelo texto porque não é uma ordem mas um por favor acrescentado a um desejo (Gn 18.3; 47.29). O voto também faz parte do desejo, mas sempre era dirigido a Deus e depois ao próximo;
2- fórmulas de saudação: em geral são construídas sob a forma de desejo, de voto. Fundamentam-se na idéia de que palavra falada possui certo poder de eficácia, de modo que as fórmulas comunicam e conferem à pessoa aquilo que exprimem (Ex 4.18; II Sm 20.9; II Rs 4.23; I Sm 15.13);
3- bênção e maldição: acredita-se ter maior eficácia quando chega a hora derradeira. Eram atribuídas aos patriarcas ou aos sacerdotes.
Cânon do AT
Definição
O termo cânon (kanwn) ou qoneh (hnq) vem da língua semítica, ou sumérica (assírio-babilônica) e significa vara de medir ou régua, especialmente usada para manter algo em linha reta. Entretanto no grego, dá a idéia de vara, nível, esquadro, isto é, a meta a ser atingida, a medida infalível, chegando dessa forma ao criterion (krithrion). No hebraico a raiz da palavra é junco ou cana, isto é, uma vara. Estes eram utilizados como instrumentos para medir.
Em cronologia significava uma tabela de datas e em literatura, uma lista de obras que podiam ser atribuídas a um certo autor. Os cânones literários são importantes porque só as obras genuínas de um autor podem revelar o seu pensamento.
Os clássicos gregos usavam o cânon como sentido figurado de regra, norma ou padrão. Aristóteles chama o homem de bom cânon ou metron (metron) da verdade. A Estátua do Lanceiro, por Policleitos, era considerada cânon ou padrão de beleza física. Os clássicos eram chamados cânones ou modelos de excelência. Na gramática era aplicada às regras da declinação, conjugação e sintaxe. No calendário os cânones eram as datas mestras, certas e firmes, das quais se partia para o cálculo dos períodos intermediários.
O termo cânon aparece no NT apenas em II Coríntios 10.13,15 e em Gálatas 6.16. Este conceito de regra ou padrão que a palavra cânon tem, dá um caráter de norma e era considerado, até mesmo, em outras escrituras. O Direito Canônico e a Literatura utilizaram-no como uma medida diretiva ordenadora.
Com o passar dos tempos o termo cânon passou a designar o corpo de escritos que dá autoridade normativa para a fé cristã, tendo em contraste os escritos que não o são, mesmo sendo contemporâneos. Somente no século IV é que o conceito cânon foi aplicado à Bíblia pelo Concílio de Laodicéia (360) e por Atanásio referindo-se aos livros que a Igreja reconhecia serem, oficialmente, o padrão de conduta e fé.
Sendo assim, cânon são os livros aceitos pela igreja primitiva como Escrituras divinamente inspiradas. O termo cânon deixou, então, de ser a vara de medir para se tornar o padrão. Se cânon significa isto, canonização significa ser oficialmente reconhecido como guia ou regra autorizada em matéria de fé e prática.

A Canonização do AT
 O aparecimento do cânon constitui, antes, um longo processo histórico no qual se pode distinguir três estágios: a tradição oral que é resultante da revelação como seu pressuposto, o trabalho de compilação dos escritos sagrados como uma espécie de pré-história e a formação propriamente dita do cânon.
 A formação do cânon do AT foi o resultado de uma decisão dogmática que fixou o conjunto das Sagradas Escrituras, determinando-lhe o número e os limites, razão pela qual se postulava um período definido da revelação (de Moisés até Artaxerxes I). As razões para isto estão ligadas à situação histórica. Em certa época surgiu um movimento apocalíptico com a pretensão de possuir o dom da inspiração e misturava, de novo, idéias de crenças estranhas com as próprias, fazendo assim, reviver novamente o perigo do sincretismo religioso.
Para que tivessem valores, os seus escritos, tinham que suplantar a própria Lei. Por isso eram atribuídos as personalidades que viveram antes de Moisés (Adão, Henoc, Noé, os patriarcas), para parecerem mais antigos do que a Lei de Moisés. Outro que era considerado um perigo eram os escritos de Qumran, mas o cristianismo, que se sentiu ameaçado principalmente por haver adotado a tradução grega dos LXX, começou a fazer uma concorrência com as Escrituras Hebraicas. Visando não haver um esvaziamento ou uma desagregação interna ou externa para o judaísmo fiel à Lei.
Os fariseus definiram e impuseram o conceito de cânon, apesar da resistência dos saduceus que só reconheciam a Torá. Esta corrente distinguia entre a literatura sagrada e a profana, e incluíram na primeira 24 escritos.
Nas Escrituras Hebraicas há 39 livros que os judeus aceitaram como canônicos. Estes são os mesmos que foram aceitos pela Igreja Apostólica e Protestante desde os dias da Reforma. A estes a Igreja Romana adicionou 14 outros livros, ou porções de livros que são os apócrifos e os considera como tendo igual autoridade aos demais.

O Cânon Hebraico
 A divisão que consta nas escrituras hebraicas encontra-se em três partes:
 - Lei (Pentateuco): Gênesis (no princípio - tyvarB); Êxodo (estes são os nomes - tAmv hLaw); Levítico (e chamou - arqYw); Números (no deserto - rBdyw); Deuteronômio (estas são as palavras -  ~yrbDh hLa); sempre designados pelas primeiras palavras dos textos.
 - Profetas (Nebiûm - ~ayBn):
 1) anteriores: Josué; Juízes; Samuel; Reis; em ambos os 1ºs e 2ºs estão reunidos num só.
2) posteriores: Isaías; Jeremias; Ezequiel; os doze profetas, na ordem retomada pela Vulgata: Oséias; Joel; Amós; Obadias; Jonas; Miquéias; Naum; Habacuque; Sofonias; Ageu; Zacarias; Malaquias.
Escritos (Kethûbbîm - ~ybWtK, ou Hagiógrafos): Salmos; Jó; Provérbios; Rute; Cantares; Eclesiastes (Coélet); Lamentações; Ester; (estes cinco últimos são conhecidos como cinco rolos ou Megillath - tLgm) Daniel; Edras-Neemias; Crônicas.
 A princípio esta coleção continha apenas 24 livros, mas para debater os apologistas cristãos, que apelavam ao AT na sua polêmica contra o judaísmo, mudou para esta ordem.
Os Megillath ou cinco rolos, eram destinados a serem lidos nas principais festas do ano. Desta forma: Cantares para a Festa da Páscoa; Rute para a Festa das Semanas ou da Colheita; Lamentações para a Festa da Celebração do Jejum em memória da Destruição de Jerusalém; Eclesiastespara a Festa dos Tabernáculos (cabana de folhagem); Ester para a Festa dos Purim.

A LXX
 - Legislação e História: Gênesis; Êxodo; Levítico; Números; Deuteronômio; Josué; Juízes; Rute; quatro "livros dos Reinos" I, II (Sm), III, IV (Rs); I, II Paralipômenos  - paraleipomhna - coisas omitidas - (Cr); I, II Esdras (1º é apócrifo e o 2º é Ed e Ne juntos); Ester, com fragmentos próprios do grego; Judite; I, II, III, IV Macabeus (3º e 4º são apócrifos);
Poetas e Profetas: Salmos; Odes (apócrifo); Provérbios de Salomão; Eclesiastes; Cântico dos cânticos; Jó; Livro da Sabedoria (Sabedoria de Salomão - apócrifo); Eclesiástico (Sabedoria de Sirac - apócrifo); Salmos de Salomão (apócrifo); Doze profetas menores (Dódeka profeton - dwdeka profhton) na seguinte ordem: Oséias; Amós; Miquéias; Joel; Obadias; Jonas; Naum; Habacuque; Sofonias; Ageu; Zacarias; Malaquias; e ainda, Isaías; Jeeremias; Baruc (apócrifo); Lamentações; Carta de Jeremias (ou Baruc 6 - apócrifo); Ezequiel; Susana (que é Dn 13 - apócrifo); Daniel 1-12 (3:24-90 é próprio do grego); Bel e o Dragão (que é Dn 14 - apócrifo).
 A edição massorética do AT é diferente em algumas particularidades da ordem dos livros seguida na LXX e também da ordem das Igrejas Protestantes. Os compiladores da LXX seguiram um arranjo quase tópico.
A única diferença na Vulgata para a LXX é que I e II Esdras são iguais a Esdras e Neemias, e as partes apócrifas III e IV Esdras são colocadas depois dos livros do NT, como também a Oração de Manassés. E ainda, os profetas maiores vêm antes dos profetas menores. Já na Bíblia Protestante segue-se a mesma ordem tópica de arranjo da Vulgata, omitindo apenas as partes apócrifas, mas o conteúdo segue o Texto Massorético.

Os Antilegômenos
 Antilegômenos são os livros contra os quais se fala. No decorrer do 2º século d.C. em certos círculos judaicos alguns livros exprimiram dúvidas quanto à sua canonicidade. São eles:
Eclesiastes: a crítica baseava-se no seu pessimismo, epicurismo (doutrina de Epicuro, filósofo materialista grego (341-270 a.C.), e de seus seguidores, entre os quais se distingue Lucrécio, poeta latino (98-55 a.C.), caracterizada, na física, pelo atomismo, e na moral, pela identificação do bem soberano com o prazer, o qual, concretamente, há de ser encontrado na prática da virtude e na cultura do espírito. É errôneo identificar o epicurismo com o hedonismo) e na sua negação da vida no porvir;
Cânticos dos Cânticos: a crítica baseava-se nas passagens que falam da atração física em expressões idiomáticas fortes e entusiásticas que chegam à beira do erótico. Entretanto o rabino Hillel identificou Salomão com Iavé e Sulamita com Israel, mudando assim toda a interpretação através desta grotesca alegoria;
Ester: a crítica baseava-se no não aparecimento do nome de Iavé no livro;
Ezequiel: a crítica baseava-se nas diferenças existentes nos detalhes entre o Templo e o ritual dos últimos dias, descritos nos 10 capítulos finais, e àqueles do Tabernáculo Mosaico e do Templo de Salomão;
Provérbios: a crítica baseava-se em alguns preceitos que parecem ser contraditórios como em 26.4,5 "Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele. Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que ele não seja sábio aos seus próprios olhos".

O Cânon de Alexandria
 Era formado por um grupo de judeus que falava o grego e vivia na Alexandria e nas proximidades do Egito. Tinha um Templo e produzia literatura religiosa, seleções com tratados gregos e hebraicos. Apesar de considerar sagrados todos os livros da Bíblia Hebraica, incluíam também os livros apócrifos.

O Cânon Palestinense
 Na Palestina a maioria dos livros já era aceita pelos judeus.
Depois da destruição de Jerusalém e do Templo em 70 d.C., os eruditos judeus mudaram-se para Jâmnia, para o estudo e o ensino das Escrituras. Em 90 d.C., um concílio de líderes judeus, Concílio de Jâmnia, discutiu quais os livros que deveriam ser inclusos no cânon do AT e reconheceu oficialmente os 24 do AT hebraico.
Alguns foram contra porque diziam que o concílio não representava o judaísmo oficialmente, mas este foi o cânon que constituiu a Bíblia Hebraica e conseqüentemente a evangélica no século XVI.
O cânon alexandrino, também chamado de deuterocanon (deuterokanwn), possui 24 livros; o palestinense, protocanon (protokanwn), possui 22 livros. Os concílios Florentino e de Trento tomaram este como obrigatório. Sabe-se que o palestinense, através da versão dos LXX, tornou-se a base da Vulgata.
O Concílio de Trento enumerou 21 livros históricos, 7 didáticos, 17 proféticos, sendo que 8 destes são chamados pela Igreja católica de deuterocanônicos (apokrufoj), isto é, segundo cânon; os biblistas protestantes os chamam de escritos apócrifos. Para os católicos estes são escritos apocalípticos do judaísmo tardio, os quais por sua vez, são chamados pelos teólogos protestantes de pseudo-epígrafos (yeudw epigrafw), já que seus autores se apresentam sob pseudônimo (yeudwnumoj).

Outras formas de Cânon
O Cânon de IV Esdras
 Há uma teoria do cânon de IV Esdras datada de 30 anos após a destruição de Jerusalém no ano 557 a.C., onde diz que Esdras foi inspirado pelo Espírito e ditou aos seus cinco escribas num espaço de 40 dias os escritos do AT destruídos pelo fogo.
Foram publicados 24 dos escritos compostos por Esdras, enquanto que os outros 70 podiam ser somente acessíveis aos sábios de Israel. Este último grupo designa a literatura apocalíptica, extracanônica, do judaísmo tardio. Segundo esta teoria os escritos foram compostos num simples espaço de tempo, dando ênfase à inspiração divina e conseqüentemente, uma santidade particular nos textos (2º século). Esta teoria de inspiração foi adotada pelo cristianismo, Igreja da Idade Média e da Moderna, da mesma forma como pelos exegetas judeus e protestantes até o iluminismo. Com o iluminismo o que era místico tornou-se racional e passou a se fazer justiça à realidade histórica.

 O Cânon Samaritano
 Os samaritanos aceitavam apenas os 5 livros da Torá, Pentateuco, como canônicos.
De caráter não canônico há uma exposição histórica que vai de Josué até à Idade Média, passando pelos imperadores romanos e traz, para o período bíblico, partes consideráveis dos livros históricos do AT. Este é mais conhecido como livro de Josué. Outro livro não canônico e importante é a versão samaritana da história de Moisés, que se encontra na Doutrina de Marqã - Memar Marqã, que apareceu nos primeiros séculos do cristianismo.

O Cânon Judaísmo Helenístico
 É o cânon alexandrino da versão dos LXX.

O Cânon do Cristianismo
 A princípio não aceitou a teoria dos fariseus e nem se prendeu a nenhum cânon, se prendia mais à LXX do que ao cânon hebraico.
Os Livros Apócrifos
Os Livros Apócrifos
O termo apócrifo (apokrufw) significa oculto, escondido. Há uma teoria que diz que eram assim chamados porque estavam apenas disponíveis para pessoas maduras espiritualmente. Isto significava que deveriam ser excluídos do uso público.
Há outra teoria que diz que eram assim chamados porque os seus autores não eram os tradicionalmente admitidos. Também eram chamados de deuterocanônicos, isto é, segundo cânon.
A literatura apócrifa era lida na Palestina. Os autores do NT conheciam todos os livros apócrifos e pseudepígrafos. Devido à sua popularidade eles foram inclusos no processo de canonização.
Entre os livros apócrifos estão: III Esdras; I-II Macabeus; Tobias; Judite; a Oração de Manassés; os acréscimos ao livro de Daniel e ao de Ester; Baruc; a Carta de Jeremias; Eclesiástico ou Jesus Sirac; Sabedoria de Salomão, que se encontram no Codex Alexandrino e na Vulgata.
O encerramento do cânon deu-se entre 100 a.C. a 100 d.C., e o chamado Sínodo de Jâmnia, que fica cerca de 20 km ao sul de Jaffa, parece ter influenciado de algum modo nisto.
A prova mais forte sobre a canonicidade dos livros do AT é que Cristo citou muitos e por isso receberam a autoridade divina.

Tobias - Tb
 O livro conta a história de uma família. Narra a história de um piedoso israelita, o neftalita Tobit, seu filho Tobias e sua nora Sara. Tobit e Sara viveram em muitas angústias, mas sempre confiaram em Iavé e por isso foram abençoados.
Alguns intérpretes dizem que este livro tem três autores: Tobit, Tobias e mais um, que seria o terceiro, o qual teve inspiração para acrescentar os dois últimos versículos que se referem à morte de Tobias.
A história do livro é edificante pois ensina sobre os deveres para com os mortos, dá conselhos sobre dar esmolas, traz consigo um sentimento de família com toda emoção e encanto e eleva o conceito do matrimônio. Demonstra também que o jejum e a oração são meios de influenciar a Iavé e ainda, expressa a providência divina cotidiana e convida a conhece-lo como um Deus benévolo. Acredita-se que tenha sido escrito por volta de 200 a.C. na Palestina em aramaico.

Resumo: o livro narra a história de Tobit, um exilado da tribo de Neftali, residente em Nínive, que é piedoso, observante da Lei, caridoso e que fica cego. Tem um parente chamado Ragüel, que mora em Ecbátana e que tem uma filha chamada Sara. Esta passa por vários problemas, pois viu seus 7 noivos morrerem sucessivamente, pelo demônio Asmodeu, na noite de casamento. Tobit e Sara sem se conhecerem pedem que Iavé os livre daquela vida, daqueles infortúnios. Então Iavé faz das duas orações uma enorme alegria. Envia o seu anjo Rafael para conduzir Tobias até a casa de Sara. Eles se casam e Tobit recebe do anjo Rafael o remédio para curar a sua cegueira.
De acordo com o livro, Tobit presenciou na sua juventude a divisão do reino por ocasião da morte de Salomão (Tb 1.4), foi deportado com a tribo de Neftali (Tb 1.10) e Tobias morreu após a destruição de Nínive (Tb 14.15).

Judite - Jt
 Judite que significa judia, era uma viúva que vivia na Palestina, na época em que os Assírios a invadiram.
O livro descreve a penetração só no acampamento do inimigo e a morte do comandante supremo Holofernes. Libertando a cidade de Betúlia e a sua pátria.
Acredita-se que a intenção do autor é animar os hebreus em meio às suas tribulações, mostrando-lhes que Iavé não abandona o seu povo quando este é fiel em observar a Lei e recorre a ele com uma fé viva. O livro chama o povo para ter confiança em Iavé contra os povos inimigos. Todavia quem é chamado por Iavé para agir deve ter prudência e força de vontade.
O autor é desconhecido, mas supõe-se que tenha sido um judeu da Palestina, já que descreve com muita precisão as coisas e os lugares deste país.
O livro foi escrito na Palestina por volta do século II a.C., na atmosfera do fervor nacional e religioso, promovido pelo levante dos Macabeus.

Resumo: o livro de Judite é a narração de uma vitória do povo eleito contra os seus inimigos graças a intervenção dessa mulher. Onde a pequena nação judaica da cidade de Betúlia, que se encontrava sitiada pelo possante exército de Holofernes, é liberta. Este deve submeter o mundo a Nabucodonosor e destruir todo o culto que não seja ao rei "divinizado".
Como os judeus estão sitiados em Betúlia e dentro de 5 dias, por falta d'água, estão prestes a se renderem. Holofernes a sitia porque fica sabendo a respeito da história do povo judeu com Iavé
Então aparece Judite, uma jovem viúva, bela, sábia, piedosa e decidida que vence sucessivamente o desalento de seus compatriotas e o exército assírio. Ela reprova os chefes da cidade pela sua falta de confiança em Iavé, depois ora, enfeita-se, sai de Betúlia com sua criada e faz-se ser conduzida até Holofernes. Utiliza contra ele a sedução, a astúcia e, ao ficar sozinha com o militar embriagado, corta-lhe a cabeça e a traz aos cidadãos de Betúlia. Tomados de pânico, os assírios fogem e seu acampamento é entregue ao saque. O povo exalta Judite e se dirige à Jerusalém para uma solene ação de graças.
Judite entoa um cântico a Iavé. Depois concede liberdade à sua criada, escrava, e deixa seus bens como herança. Morre com idade avançada, 105 anos.
O relato está situado no tempo de Nabucodonosor (Jt 1.1), depois da destruição da Babilônia e do retorno no tempo de Ciro (Jt 4.3, 5.19).

Livro da Sabedoria - Sb
 Os judeus chamam este livro de "Sabedoria de Salomão", talvez por julgarem os escritos com a sabedoria deste rei. O livro fala de um culto prestado espontaneamente aos soberanos e da opressão desenfreada contra judeus piedosos por parte daqueles que caíram na apostasia.
O autor está convencido de que nada permanece oculto ao conhecimento de Iavé, de forma que julga até mesmo os pensamentos. Iavé assiste aos piedosos em todas as suas necessidades e embora deixe muitos deles morrerem prematuramente a fim de preservá-los do pior, desta forma, os coroa com a imortalidade. A sabedoria é a chave para os homens serem honrados e a loucura é negar a Iavé e hostilizar os ímpios.
Paulo e o autor do evangelho de João fazem muitas alusões a este livro. Acredita-se que tenha sido escrito na segunda metade do século I a.C. Nota-se que o autor é um judeu helenizado, mas que é um sábio de Israel.

Resumo: a finalidade do livro é expor aos judeus pagãos, contemporâneos, a perfeição da fé e da vida que é recomendada pela verdadeira sabedoria em contraste com os falsos princípios e maus costumes, que a sabedoria humana sugere. Conseqüentemente esta vida é agradável a Iavé.
Fala aos judeus para serem fiéis a Iavé, o Deus que ama a todos. Fala da imortalidade da alma, da incorruptibilidade, e que as provações vividas aqui são uma preparação para a outra vida, onde os justos viverão com Iavé, mas os ímpios receberão os seus castigos. Dá idéia de recompensa, galardão.
O livro pode ser dividido em três partes: (1-5) onde mostra o papel da sabedoria no destino do homem e compara a sorte dos justos e a dos ímpios durante a vida e após a morte, principalmente na imortalidade; (6-9) expõe a origem e natureza da sabedoria e os meios para adquiri-las; (10-19) exalta a ação da sabedoria e de Iavé na história do povo eleito, insistindo unicamente, salvo uma breve introdução que se refere às origens, no momento crucial desta história, a libertação do Egito; (13-15) nestes capítulos encontra-se uma severa crítica à idolatria.

 Eclesiástico - Eclo
 O livro Eclesiástico também conhecido como: Sabedoria de Jesus, filho (Ben) de Sirac; Ben Sirac, Sirácida ou Jesus Sirac. No grego o seu nome é Sophia Iesou uiou Sirach (sofia Ihsou uiou Surak).
O autor é um escriba que une o amor da sabedoria ao da Lei. É um fervoroso ritualista e é considerado um hasidim (~ydysh), isto é, piedosos e provavelmente originário de Jerusalém.
 No NT a epístola de Tiago e o evangelho de Mateus se referem a ele várias vezes.

Resumo: o livro inicia com um prólogo, que não é considerado canônico mas tem muita importância, porque indica a data da composição e da tradução do mesmo. Apresenta seu autor e mostra como o AT era dividido no século II a.C. (lei, profetas e outros escritos).
O livro fala do respeito pelo Templo e pelos sacerdotes; fala sobre o destino humano e sobre o problema das sanções; demonstra fé na retribuição; sente a importância trágica da morte, entretanto não sabe como Iavé pagará a cada um segundo os seus atos.
O autor prega a sabedoria que vem de Iavé, seu princípio e o temor a ele. Esta forma a juventude e a leva à felicidade.
O livro ainda contém dois apêndices que são acréscimos: um hino de ação de graças (51.1-12) e um poema sobre a busca à sabedoria (51.13-30).

Baruc - Br (Baruc 1-5)
 Baruc foi discípulo e companheiro inseparável de Jeremias. Era descendente de uma família nobre de judeus e escriba. No livro do profeta Jeremias há muitas referências feitas a ele. Foi escrito por volta do século I a.C.

Resumo: conforme na introdução do livro (1.1-14) foi escrito por Baruc, escriba de Jeremias, na Babilônia, depois da deportação e enviado para Jerusalém com a finalidade de ser lido nas assembléias litúrgicas e nos dias de festas. Parece não existir uma crença numa vida além-túmulo, entretanto, espera-se, em breve, uma mudança nos rumos da vida.
O livro contém uma oração de confissão e de esperança (1.15-3:8); um poema sapiencial, onde a sabedoria é identificada com a Lei (3.9-4.4); um trecho profético, onde Jerusalém personificada se dirige aos exilados e onde o profeta a encoraja com a evocação das esperanças messiânicas (4.5-5.9).

Carta de Jeremias (Baruc 6)
 Resumo: é uma dissertação apologética (discurso para justificar, defender e que encerra apologia) contra o culto aos ídolos, desenvolvendo em estilo popular os temas já abordados em Jeremias 10.1-16 e Isaías 44.9-20.
A pergunta "como admitir que deuses desta espécie sejam verdadeiramente deuses?" é repetida nove vezes.
A idolatria que se refere é à da Babilônia em época tardia. Talvez tenha sido escrito no período Grego. Há um relato em II Macabeus 2.1-3 que parece se referir a ele.

Adições ao Livro de Daniel
 Estas adições encontram-se na LXX e no AT aramaico. Escritas por volta do ano 100 a.C., refletem as perseguições dos fariseus desde o tempo de Antíoco Epifânio.

Cântico de Azarias (Dn 3.24-90)
 É também conhecido como: o Salmo de Azarias, o Cântico dos três jovens, A Oração de Azarias ou a oração dos três jovens na fornalha ardente. Ensina que Iavé é campeão particular contra os seus inimigos.

Resumo: a oração de Azarias é um cântico de lamentação coletivo, que começa com um louvor à grandeza e à justiça de Iavé, seguido de uma confissão de pecados e de uma descrição de calamidade em que se acham.
Há um trecho em prosa que trata de como se fez o aquecimento da fornalha e como o anjo do Senhor fez com que o calor se tornasse numa brisa fresca, conforme 3:46-50. A oração dos jovens é um hino de louvor à onipotência de Iavé.

Susana (Dn 13)
 O episódio apresenta dois temas: o da esposa acusada injustamente e o da sentença judicial pronunciada por Daniel que supera os velhos anciãos (juízes) em sabedoria.
Ilustra a necessidade e o valor do interrogatório contraditório e do castigo das falsas testemunhas.

Resumo: Susana é extremamente formosa e excita dois anciãos, cujos intentos e avanços são repelidos por ela. Entretanto os dois acusam-na injustamente de adultério e por isso é condenada à morte. Então um anjo chama Daniel para contradize-los. Este interroga a cada um separado e revela o falso testemunho. Finalmente os anciãos são mortos.

Bel e o Dragão (Dn 14)
 Fala da história de um Deus babilônico chamado Bel e de um guarda do Deus, um dragão vivo que era objeto de culto (talvez uma serpente) que é citado em Jeremias 51.44.
O livro mostra a unidade e independência de Iavé, o absurdo da idolatria e a supremacia do monoteísmo.

Resumo: o rei questiona a Daniel porque não adorava a Bel que era um Deus vivo e sempre comia as oferendas deixadas no templo pelos sacerdotes. Daniel faz uma prova com o rei e manda selar o templo com o anel do rei, mas antes manda espalhar cinzas no chão sem que os sacerdotes soubessem. Ao abrirem as portas no dia seguinte vêem que os alimentos foram comidos, mas também percebem que há várias pegadas no chão, os sacerdotes são mortos e o Deus Bel é destruído.
Entretanto o rei novamente leva Daniel para conhecer outro Deus, um dragão vivo e Daniel pede para destruí-lo sem usar armas. Ele faz um tipo de bomba que destrói o dragão. O povo se revolta e lança Daniel na cova, onde fica por 7 dias com 7 leões, sendo alimentado miraculosamente por Habacuque e ao término dos 7 dias é retirado vivo da cova, como na história contida do cânon hebraico.

Adições ao Livro de Ester
 Estas adições não têm títulos como em Daniel, porque são apenas algumas cartas ou textos. São produtos de um farisaísmo judaico que tentam tornar o livro canônico mais religioso e para isso introduzem o nome de Iavé e dá detalhes mais precisos no lugar das declarações resumidas que o texto canônico apresenta.
 - 1.1a-1r: são preliminares que falam sobre o sonho que Mardoqueu teve sobre a conspiração contra rei;
- 3.13a-13g: texto da carta do rei Assuero;
- 4.8a,8b: cópia do edito do extermínio publicado em Susã;
- 4.17a-17z: orações de Mardoqueu e de Ester;
- 5.1a-1f: relato da presença de Ester perante o rei no palácio;
- 5.2a,2b: relato de quando Ester fala com o rei;
- 8.12a-12v: o decreto de habilitação, do rei Assuero;
- 10.3a-3L: palavras de Mardoqueu e nota sobre a tradução grega do livro;

I e II Macabeus – 1 Mc e 2 Mc
 O autor é um judeu oriundo de Jerusalém, membro do partido dos Macabeus, porém não se pode dizer se é um fariseu, saduceu ou, até mesmo, alguém da família dos Macabeus.
O livro de II Macabeus é o primeiro a falar claramente a respeito da doutrina da creatio ex nihilo - in principio crevit Deus caem lu et terram. Terra autem erat inanis et racua, et tenebrae super faciem abyssi, et spiritus Dei ferebatur sur aquas  - (criação a partir do nada) e defende a ressurreição dos mortos, pelo menos, para os justos.

Resumo: há um breve resumo histórico sobre Alexandre o Grande. Entretanto a narrativa histórica começa com a ascensão de Antíoco Epifânio e as medidas que tomou para reprimir a religião judaica. Conseqüentemente fala da resistência desenvolvida pelo sumo sacerdote Matatias. Relata a luta e a morte de Judas Macabeu. Também fala de Jônatas e Simão, incluindo a morte deste.
A narrativa encontrada no livro contém discursos, orações, cânticos de lamentações e salmos de triunfos, mas nada de intervenções miraculosas da parte celeste. Apenas homens que lutam contra homens sob a orientação de Iavé.
O 2º livro de Macabeus é dividido em cartas, pode-se dizer que o primeiro também, porém não é muito aceito desta forma. A primeira contém um convite dos judeus de Jerusalém aos judeus do Egito para comemorarem juntos a Festa das Cabanas no mês de Casleu; a segunda parte do mesmo remetente tem como destinatários Aristóbulo e os judeus do Egito. Este convite está cheio de lendas e milagres, mas tem como fim a comemoração da Festa do Templo. O restante do livro é a narrativa histórica, da mesma forma que o primeiro livro dos Macabeus.

III Livro de Esdras
 É também conhecido como I Esdras ou Esdras canônico isto por causa das divisões existentes nas Bíblias da LXX e da Vulgata. Este livro mostra que a sabedoria é capaz de granjear favores de soberanos pagãos e é datado de 200 a 150 a.C., por causa das semelhanças com outros escritos.

Resumo: esta obra segue a narrativa bíblica de II Crônicas 35 até Esdras e Neemias.
A seção 3.1-5.6 supostamente é uma re-narração da construção do Templo e as narrativas históricas dos reis persas estão invertidas. Há também a narrativa dos três pajens (moço nobre que, na Idade Média, acompanhava um príncipe, um senhor, uma dama, para se aperfeiçoar na carreira das armas e nas boas maneiras antes de ser armado cavaleiro. Menino ou rapaz que outrora se punha a serviço de pessoa de alta categoria) que participaram de uma festa promovida pelo rei Dario I. São responsáveis pela segurança do sono do rei e resolvem que cada um escreverá em segredo, aquilo que considerar como mais poderoso. Ao acordar, o rei decidiria quem seria o vencedor. Dois dos pajens escreveram que eram as mulheres, o vinho, mas o terceiro (Zorobabel) escreveu que a verdade é o quarto elemento mais poderoso e ganha o torneio. Este então, pede a Dario para voltar ao seu país e reedificar o seu templo.

Oração de Manassés
 Resumo: o livro reflete a verdadeira piedade dos fariseus por volta da época de Jonatã (150 a.C.). Sua ênfase está sobre os valores morais e espirituais reais, e não sobre os deveres artificiais ou legalísticos.
Os Livros Pseudo-epígrafos ou não canônicos
O termo pseudo-epígrafo significa escrito sob nome falso. Este processo constitui em atribuir a um determinado célebre personagem do passado a obra que está sendo escrita. Um exemplo é o livro Sabedoria de Salomão que foi escrito por volta do ano 50 a.C., mas foi colocado sob o nome de Salomão.
Estes livros circulam sob o nome de um falso autor, um pseudônimo. Entretanto não é possível afirmar isso sobre todos e nem lhes tirar o seu devido valor.
Eis os livros: Carta de Aristéia, Livro dos Jubileus, Martírio e Ascensão de Isaías, Salmos e Odes de Salomão, III-IV Macabeus, IV Esdras, Oráculos Sibilinos, versão etiópica e eslavônica do Livro de Henoc, Assunção de Moisés, Apocalipse sírio e grego de Baruc, Testamentos dos Doze Patriarcas, Vida de Adão e Eva. Há também os documentos encontrados em Qumran: Regra da Associação, Documento de Damasco, Regra da Guerra, O Pesher de Habacuque, Apócrifo de Gênesis, O Cântico de Louvor - Hôdayôt e o Rolo do Templo.

A Carta de Aristéia
 É também conhecida como A narração de Aristéia. Apesar de apresentar-se como sendo redigida por um autofuncionário do rei Ptolomeu Filadelfo (285-247 a.C.), ela não pode ter sido escrita antes do século II a.C. Esta carta é um produto de propaganda do judaísmo alexandrino, cujo objetivo é falar da tradução do Pentateuco para o grego. Tem muita afinidade com o evangelho de Lucas e com o livro dos Atos dos apóstolos, pois ambos dão testemunho a seu respeito. A palavra philantropia (Filanqrwpia - amor pela humanidade, bondade, generosidade) aparece e é apresentada como o amor aos semelhantes.

Resumo: a carta é um reflexo do estado de espírito do judaísmo em Alexandria, no Egito, de suas tendências literárias, suas pretensões sociais e suas preocupações doutrinais. A carta é em forma de narrativa ou de um relato muito popular na antigüidade.
Nela aparece, pela primeira vez e de forma bem organizada, a lenda da tradução da Lei judaica para o grego, a LXX (os 72 escribas) e isto ocorre porque é transmitida em correntes de citações referentes à tradução grega do Octateuco. Contém um plano político que se une ao cultural, desempenhando o papel de suporte social e técnico. Há também um plano religioso que é acentuado pelo reconhecimento da legitimidade e da autoridade do sumo sacerdote de Jerusalém pelo poder do rei.
Tem como finalidade granjear a estima entre os judeus, os ptolomeus, identificar Iavé com Zeus e mostrar que as leis judaicas são racionais, por isso são reconhecidas pelos gregos.
As situações fundamentais, apresentadas, relativas aos judeus fora da Palestina eram amplamente postas e firmemente resolvidas.

O Livro dos Jubileus
 Também é conhecido como pequeno Gênesis, porque repete ou parafraseia uma grande parte deste e algumas passagens de Êxodo. É um livro apocalíptico e se divide em "jubileus", ou seja período de 49 anos, à série de acontecimentos narrados de Gênesis até o capítulo 12 de Êxodo. Cada jubileu é dividido em 7 anos e cada ano contém 364 dias.
Na Palestina pensava-se que a instituição de um calendário jubilar garantiria a observância das festas religiosas e dos dias consagrados, em suas respectivas datas; e que, diferenciando os judeus dos povos vizinhos gentios reavivaria a imagem proporcionada pelo AT de Israel como o povo da Aliança.
Foi escrito por volta do 2º século a.C., usado pelos essênios e pela comunidade de Qumran. Talvez o seu autor tenha sido um fariseu, por causa da exaltação à Lei ou talvez um essênio. Atribui uma origem mais antiga do que a Lei Mosaica e por isso torna-se mais sagrado.
É nele que aparece pela primeira vez uma referência ao uso do vinho na ceia pascal dos judeus.

Resumo: inicia-se com um discurso de Iavé a Moisés, onde este é convidado a escalar o monte e ali receber as duas tábuas de pedra contendo a Lei. Depois um anjo toma a palavra e, por ordem de Iavé, narra a história da criação até aquele momento. Este livro contém embelezamentos apócrifos. As passagens mais importantes são as histórias com as quais procura explicar as origens das leis e dos costumes judaicos contemporâneos no tocante às doenças.
Há um grande número de prescrições legais de Levítico, sustentando que os patriarcas de Gênesis já observavam a Lei e as festas, principalmente a dos Tabernáculos.


Salmos de Salomão
 É uma ficção literária, artifício muito utilizado pela pseudo-epigrafia, da mesma forma que se atribui o Pentateuco a Moisés e os Salmos a Davi. A causa desta ficção foi a fama de sabedoria que Salomão gozava (I Rs 4.29,30).
É uma coletânea de 18 hinos, semelhantes aos salmos canônicos, conservados em vários manuscritos da Bíblia Grega (LXX). Em muitas igrejas cristãs estes livros foram considerados canônicos por muito tempo.
É datado entre 63 a 40 a.C. Para a maioria dos estudiosos o autor é um fariseu, por causa de suas tendências quietistas (doutrina mística, especialmente difundida na Espanha e na França no século XVII, segundo a qual a perfeição moral consiste na anulação da vontade, na indiferença absoluta, e na união contemplativa com Deus), suas idéias políticas, escatológicas e ao elogio aos pobres.

Resumo: descrevem a figura do justo e piedoso que se mantém à Lei, do perverso que se desvia dela e dos respectivos destinos. Relatam o castigo descarregado sobre toda a nação por Pompeu cujos soldados profanaram o santuário e levaram judeus cativos para o Ocidente, os quais esperam o início iminente da era da salvação.
Os salmos 2 e 17 são meditações sobre a tomada de Jerusalém e a intervenção dos romanos na Palestina. O salmo 2 contém uma alusão bem clara à morte de Pompeu (48 a.C.); o salmo 17 é o mais conhecido de todos porque nele se encontra, pela primeira vez numa literatura judaica, a expressão "Filho de Davi" como título messiânico.
Os salmos refletem muito o farisaísmo do 1º século a.C., têm como propósito verificar a crescente helenização e corrigir o judaísmo literal.

Odes de Salomão
São 42 odes (entre os antigos gregos, composição em verso que se destina a ser cantada; ou composição poética de caráter lírico, composta de estrofes simétricas) conservados em siríaco, compostos na 2ª metade do século II. São cristãos e se desenvolvem de modo muito novo, embora nem sempre ortodoxos, a teologia do judeu-cristianismo.

III Macabeus
 Também é conhecido como Livro Ptolomaico. Foi escrito por um judeu de Alexandria durante o 1o século a.C. que relatou o motivo de uma comemoração festiva. O objetivo da festa era fortalecer a fé na ajuda por parte de Iavé em época de sofrimento e ainda dá uma visão dos temores e esperanças da comunidade judaica.

Resumo: enfatiza a providência de Iavé durante os tempos da perseguição pelos ptolomeus do Egito. Relata como Ptolomeu Filopatro foi miraculosamente repelido em seu esforço de entrar no Templo, através das intensas orações do povo judeu para que o mesmo fosse detido e como foi atingido de paralisia e convulsões. Após a sua recuperação projeta o seu aniquilamento e dá ordens para trazê-los de todas as regiões para o hipódromo de Alexandria. Ordena também que quinhentos elefantes sejam enfurecidos e em seguida sejam atiçados contra os judeus. Três vezes aconteceram algo que fizeram com que o rei não conseguisse realizar o seu intento, porém na terceira é relatado que dois anjos apareceram diante dos elefantes e fizeram com que estes se voltassem contra o rei e as suas tropas. Com isto o rei muda o seu intento, dá um banquete para os judeus e passa a favorecê-los. Isto passou a ser motivo de festa e de comemoração para o povo judeu.

 IV Macabeus
 Chamado por Josefo de Sobre a inferioridade da razão por causa do seu conteúdo, mas o mesmo Josefo o denomina como Sobre o logos racional (peri sophronos logou - peri swfronwj logou) e livro de Josefo sobre os Macabeus (Iosippou eis tous makkabaious biblion - Iwsippou eij makkabaiouj biblion).
Contém um ponto de vista muito interessante sobre a educação doméstica dos filhos. Seu autor é um judeu helenizado, porém fiel à Lei e com um bom conhecimento da língua grega, da filosofia grega e com ótimo dote retórico.

Resumo: o objetivo do autor é apresentar uma questão de natureza inteiramente filosófica, a qual mostra que a razão piedosa é capaz de dominar os instintos. Por isso destaca os diversos domínios da ética e demonstra a excelência da razão através dos exemplos de grandes personagens da Bíblia. O escritor mostra o poder da razão inspirada sobre a paixão e esta é dada através de um estudo da Lei. O seu conteúdo é quase estóico (designação comum às doutrinas dos filósofos gregos Zenão de Cício (340-264) e seus seguidores Cleanto (século III a.C.), Crisipo (280-208) e os romanos Epicteto (55-135) e Marco Aurélio (121-180), caracterizadas sobretudo pela consideração do problema moral, constituindo a ataraxia o ideal do sábio. Austeridade de caráter; rigidez moral. Impassibilidade em face da dor ou do infortúnio). Depois é construído sobre o material contido em II Macabeus, onde o autor faz uma crítica violenta e injuriosa contra o imperador romano Calígula, na época em que este conduziu uma perseguição aos judeus em Alexandria.

Oráculos Sibilinos
 O termo sibila era o nome ou a designação dada a certas mulheres dotadas de espírito divino e significava profetisa, bruxa, feiticeira entre os antigos.
Diz-se que no Oriente Médio, havia apenas uma cujo protótipo era Cassandra e que depois apareceram várias, inclusive judias, graças aos judeus helênicos. Desta forma, na literatura apocalíptica de língua e estrutura gregas, a figura "pagã" da Sibila tomava o lugar, o papel e a função de Moisés e de outros heróis da tradição do judaísmo. Acredita-se que tenha sido escrito por médiuns, profetas e profetisas (sibilos).
A partir do século II a.C. os judeus em Alexandria utilizavam o gênero sibilino, que é de compreensão difícil e enigmático, como meio de propaganda. Entre eles estão estes 12 livros ou coleções mais conhecidos como Oráculos Sibilinos, que são os que existem de um total de 15. Desses oráculos os únicos de origem judaica, mas com retoques cristãos são o III, IV e o V. Entretanto o III livro é o mais importante porque é a fonte, o modelo da coleção e o mais tipicamente judaico. É uma imitação homérica (pertencente ou relativo a Homero, o grande poeta grego, ou próprio dele ou de sua obra.Estrondoso, retumbante, ecoante. Fora do comum; enorme, excessivo, extraordinário) na forma literária, isto é, língua e métrica; reflete tradições, crenças e idéias gregas, como o Mito das raças de Hesíodo e orientais como a antiga doutrina babilônica do ano cósmico.
O seu objetivo é mostrar aos gregos, interessados nas leis e doutrinas judaicas que os romanos são inimigos de ambos.

Resumo: contém ameaças de catástrofes, inclusive a final e se alternam com ataques à idolatria, aos ptolomeus, aos selêucidas e aos romanos. Há referências ao dilúvio, à torre de Babel e a acontecimentos históricos do passado, os quais se misturam com discursos de advertências e encorajamento.
Por trabalhar com a obra judaica apocalíptica tem uma afinidade com os livros de Henoc e dos Jubileus. Fala dos desenvolvimentos sobre o homem e Iavé e sobre a concepção da história de forma apocalíptica.
O credo monoteísta de Israel acompanha todo o livro e no III livro contém um resumo da história judaica, destino dos ímpios, o tempo do fim e o mundo por vir.

Livro etiópico de Henoc
 Conhecido como I Henoc, Henoc I, Henoc e Palavras de Henoc. Este livro é um dos maiores apocalipses judaicos. Sua compilação tem 5 partes e contém ao todo 104 capítulos de exortações e profecias sobre o fim dos tempos. É chamado de etiópico por causa da única versão em que foi conservada completa, a Biblioteca etiópica.
Talvez tenha a sua origem na Palestina, no meio do farisaísmo e a sua data varia entre 63 a.C. ao século II a.C. Alguns autores do NT (Jd 1.14,15) e outros cristãos o citam.

Resumo: o livro contém textos intercalados entre as viagens dos patriarcas e as parábolas de Henoc (capítulos 37-71). Também contém algumas expressões contidas no capítulo 7 do livro de Daniel: o eleito da justiça que mora com o Senhor dos Espíritos e o Filho do Homem que está sentado ao lado do Antigo dos dias.
A angelologia (tratado acerca de anjos. Crença na intervenção dos anjos) e a demonologia (teoria ou ciência dos demônios; tratado da natureza e influência dos demônios; demonografia) têm um lugar importante no livro, inclusive falam da queda dos anjos e como influenciaram os homens. Elas mostram o passo decisivo do judaísmo para um dualismo (dualidade. Coexistência de dois princípios ou posições contrárias, opostas).
O livro tem como propósito encorajar os fiéis a predizer a queda dos inimigos de Israel. Há muita coisa nele que leva a uma compreensão da teologia do NT.
O livro tenta responder sobre certos enigmas: da Escritura, da natureza, do mundo, da pré e pós-história supraterrestre.

Livro eslavônico de Henoc
 É uma obra tipicamente apocalíptica do século I a.C., escrita por um judeu alexandrino ou talvez um judeu cristão da Palestina e conservada em eslavo antigo, por isso recebe este nome. Este livro também é conhecido como os Livros dos Segredos de Henoc, ou apenas, Segredos de Henoc, ou ainda, II Henoc.
O autor utiliza vários livros do AT canônico como também alguns apócrifos. Tenta familiarizar os seus patrícios no Egito com as idéias apocalípticas do judaísmo padrão, demonstrando assim, um tipo de helenização do apocalipse judaico.
Há um interesse por astronomia e meteorologia, mostra a religiosidade da diáspora que era interessada no culto de Jerusalém e com atenção voltada ao amor ao próximo.

Resumo: o livro apresenta uma viagem feita pelo patriarca através dos Sete Céus e recebe uma série de revelações feitas a Henoc pelo próprio Iavé. Por isso descreve a criação do mundo e os segredos que lhe são revelados a respeito do futuro.
Henoc fala dos segredos dos céus que contemplou, faz uma advertência e um convite a propagar os seus livros. O livro termina com uma despedida e a descrição do arrebatamento de Henoc.

Assunção ou Testamento de Moisés
 Alguns dizem que são dois livros, ao invés de um só, e que cada um tem um nome. Este livro é uma profecia do tipo apocalíptica que teria sido escrita por Moisés e deixada para Josué, o seu sucessor. É datado entre os séculos 3 a.C. ao 30 d.C.

Resumo: o livro narra a história do povo escolhido desde a entrada de Canaã até o fim dos tempos, isto é, a época do autor.
No capítulo 6 fala da morte de Herodes e dá um resumo de sua vida. Fala que o Templo ainda estava de pé. De acordo com o contexto descrito parece ser contemporâneo de Jesus e ter sido composto num ambiente de tendência farisaica, em vista da hostilidade aos saduceus e do arraigado nacionalismo que nele se nota. E ainda, reflete aspectos da esperança judaica da época de Jesus Cristo.

IV Livro de Esdras
 Este livro foi a obra judaica não bíblica mais difundida e usada no meio dos cristãos primitivos. O autor é um fariseu que talvez não seja da Palestina e que dá extrema importância a destruição de Jerusalém e por isso escolhe Esdras herói como, que viveu depois da destruição de Jerusalém em 587 a.C. O autor diz que o livro foi escrito 30 anos após a destruição do Templo de Salomão, mas é mais provável que tenha sido após a do Templo de Herodes.
O livro põe em questão a misericórdia de Iavé. O autor põe a sua esperança na futura era da salvação como solução para os seus problemas e ainda responde a pergunta acerca do sofrimento humano e dos problemas fundamentais na relação homem com Iavé.

Resumo: os capítulos 3 e 14 são compostos de 7 visões: na 1a e 3a são tratados os problemas do pecado, do sofrimento do mundo, da salvação e têm afinidades com a literatura considerada paulina; na 5a é uma reinterpretação da visão de Daniel 7: símbolo de fim, a águia de 3 cabeças, que eram Vespasiano, Tito e Domiciano, saindo do mar; na 6a o Messias aparece como um homem, talvez o filho do Homem de Daniel 7:13 que sobe do mar e esmaga as potências inimigas, cósmicas e terrestres, e liberta os eleitos; a 7a dá ordem a Esdras para escrever os 24 livros canônicos e os 70 secretos.
Também é dividido em colóquios o primeiro já foi citado acima quando se falou em pecado, salvação e etc; o segundo é uma explicação do por quê de Iavé ter entregado o seu povo aos pagãos e refere-se ao plano secreto de Iavé a respeito do fim do universo e como revelará isto próximo ao fim; a princípio dedica-se ao por quê do povo de Israel não tomar posse deste mundo que lhe foi dado por Iavé. Vê este mundo como uma passagem. Fala do destino dos pecadores, do julgamento do mundo, das sete espécies de tormentos e das alegrias do estágio intermediário.

Apocalipse grego de Baruc
 O autor é um judeu que aceita o sincretismo helenístico-oriental (Reunião de vários Estados da ilha de Creta contra o adversário comum. Tendência à unificação de idéias ou de doutrinas diversificadas e, por vezes, até mesmo inconciliáveis). Orígenes também fala a respeito de Sete Céus.
Um dos objetivos observados na obra é sobre as torturas que acontecerão com os ímpios e a glória na qual os justos serão vestidos. Desta forma leva os homens à prática da moral, revelando-lhe os mistérios ocultos. Também rejeita a condenação original do vinho, causada pela embriaguez de Noé após o dilúvio, passando a ser aceito na celebração da ceia eucarística.

Resumo: Baruc lamenta a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor e aparece-lhe um anjo que promete mostrar-lhe os mistérios de Iavé. Em seguida o leva a cinco céus, menciona o tamanho de cada um, mostra e interpreta; no 3º céu o significado dos habitantes, entre outros, o carro solar com seu ocupante e a fênix que capta os raios do sol com suas asas; no 5º céu mostra que é Miguel quem leva as boas obras dos justos à presença de Iavé e depois o traz de volta a terra.

Apocalipse siríaco de Baruc
 Este livro é também conhecido como o Segundo Livro de Baruc, mas é chamado de siríaco por ter sido conservado nesta língua e num manuscrito da Peshita do século IV. Também é conhecido pelo título Livro da Revelação de Baruc Ben Nériia, traduzido do grego para o siríaco. É datado entre 75 e 100 d.C.
Baruc, no judaísmo pré-cristão, foi um herói e patrono de várias obras literárias. Os judeus contavam muitas lendas interessantes a seu respeito.
Há muita afinidade neste livro com as narrações evangélicas do batismo de Jesus com os céus abertos e voz celeste, com as tentações no deserto e com o maná.
É um livro de consolação que polemiza o cristianismo depois da destruição de 70 d.C. mostra que a salvação se dará na 2a vinda do Messias, com a ressurreição dos mortos.

Resumo: o livro contém uma mentalidade de inspiração messiânica e escatológica. Em várias páginas é suposta ou equivocada a destruição do Templo em 70 d.C.
O livro se divide em 7 partes: começa com uma questão preocupante e comum a todos: o porquê do povo de Iavé sofrer enquanto os ímpios prosperam. Entretanto Iavé revela a Baruc que o mundo que está por vir já será reservado aos justos e que a destruição de Sião deverá apressar esta vinda futura. Nele são descritas as desgraças que antecederão a vinda da era messiânica e diz que o último dos quatro impérios mundiais, o romano, aparecerá e será aniquilado e depois dele virá o Reino do Messias que durará para sempre.
Na 1a parte (1-12), Iavé comunica a Baruc que Jerusalém será destruída imediatamente por quatro anjos e que após a destruição os caldeus a ocupariam; na 2a parte (13-20), após um jejum de 7 dias, Iavé revela que irá decretar um castigo para as nações pagãs e informa a respeito do destino que espera os justos e os injustos, e ordena-lhe que faça um novo jejum; na 3a parte (21-34), Baruc prepara-se com orações e jejuns para receber as revelações sobre o que Iavé lhe disse e que precederá o aparecimento do messias. Em seguida convoca os anciãos e diz-lhes que Sião será destruída e reconstruída mais duas vezes e sendo que a última será em meio a glórias e esplendor; na 4a parte (35-46), Baruc lamenta-se sentado sobre os escombros do que fôra o Santo dos Santos, é tomado por um profundo sono, onde sonha com um jardim com penhascos em volta, neste nasce uma videira que derruba tudo menos um cedro, mas este morre em meio a chamas. Mas depois disto nasce uma nova videira mais vigorosa e depois Iavé revela a Baruc o significado desta visão e o incumbe de avisar ao povo; na 5a parte (47-52), após novos jejum e oração recebe uma revelação sobre a situação do tormento dos últimos tempos e sobre a futura corporeidade dos ressuscitados; na 6a parte (53-76), vê uma nuvem que sobe do mar e se desfaz por doze vezes, alternando-se em chuvas claras e escuras e por fim um raio claro. O anjo Ramiel explica-lhe o sentido que são diversos, em particular, da história que vai desde o pecado original até a era do Messias e no final Baruc é arrebatado a um monte alto onde deve escalar durante quarenta dias; na 7a e última parte (77-87), Baruc reúne o povo e pronuncia um discurso e, a pedido do povo, promete escrever uma carta às nove tribos e meia e outra às duas tribos e meia dos deportados da Babilônia. Assim termina o livro, com a comunicação do conteúdo da carta dirigida às nove tribos e meia.
O livro reflete o ponto de vista religioso do judaísmo do 1o século É uma resposta do judaísmo a Paulo e da interpretação de um modo de vida dinâmico.

Testamento dos Doze Patriarcas
É uma extensa coleção de 12 discursos testamentários, colocados nos lábios dos filhos de Jacó e endereçados aos seus descendentes, com o intuito de exortá-los à piedade e à justiça, evocando as bênçãos de Jacó conforme Gênesis 49.
Há algumas teorias sobre a autoria, entre elas: obra judaica pré-cristã; um judeu cristão do século II que teria formado a coleção a partir de um outro dos testamentos existentes e obra essênica.
Esta coleção tem caráter Hadaggaico. Ela tem muita importância para o fundo judaico, porque obriga a todas as tribos a se submeterem a Levi e Judá, e até de aceitarem a supremacia de Levi, que era a tribo sacerdotal.
O livro mostra que havia a arte de interpretar os sonhos e atribuir-lhes a sorte futura. Sempre inicia falando algo que está contido no texto canônico e é comum a cada tribo.

Resumo: cada testamento tem o seguinte esquema literário: uma introdução pseudo-histórica (Midrash haggádico sobre a vida do patriarca conforme o livro de Gênesis; variações e adições iguais às do livro dos Jubileus); uma grande seção parenética - eloqüência sagrada, coleção de discursos morais (aplicação e transposição em lições morais da evocação histórica que precede); uma conclusão breve, messiânica e apocalíptica.
A única exceção deste esquema é para Gade, cujo conteúdo é uma profecia sobre o futuro da tribo, com uma exortação a observar à lei, a ser submisso a Judá e mais ainda a Levi.
Na 2a seção, que é a mais importante para o autor, há uma espécie de tratado de moral que atesta o ideal elevado que inspira o grupo do qual ela provém.
Rúbem fala de sete espíritos implantados no coração do homem e que agem em presença e em união com uma mulher e por fim Rúbem recomenda obediência a Levi; Simeão acusa-se de ter se irado contra Judá por este não querer matar José mas vendê-lo; exorta contra a inveja e termina falando que surgirão dois messias, um da tribo de Levi e outro de Judá; Levi fala de dois sonhos, um é uma viagem através dos sete céus e o outro a sua investidura como sacerdote pelas mãos de sete homens vestidos de branco. Exorta contra a soberba, convida a prestar honras ao sacerdócio e termina descrevendo o que será o sacerdote-messias; Judá exorta contra o vinho e a amar a Levi e termina com uma perspectiva da era da salvação; Issacar exalta a sua própria simplicidade e a recomenda aos seus descendentes; Zebulon exorta à compaixão e à misericórdia, esperando o aparecimento final do Senhor; Dã exorta contra a mentira e a iracúndia e também espera o aparecimento dos messias oriundos de Judá e Levi; Naftali louva a Iavé como o Deus da ordem, conta dois sonhos e termina com uma exortação à bondade; Gade exorta contra o ódio e convida a esperar o julgamento de Iavé; Assar fala de dois caminhos que Iavé propôs aos homens; José recomenda a sua castidade, diante da egípcia aos seus filhos; Benjamim exorta a cultivar a pureza de intenção.

O Martírio de Isaías
 Também é conhecido como O Martírio ou a Ascensão de Isaías. São três pequenos escritos reunidos em torno do nome do profeta Isaías.
O livro remonta a uma série de mártires que morreram sob falsas acusações, mas que permaneceram fiéis a Iavé.

Resumo: fala como Ezequias repreendeu seu filho Manassés na presença de Isaías. Este o interrompe, prediz os futuros pecados de Manassés e o seu próprio martírio por ordem de Manassés. Com a morte de Ezequias, Manassés assume o trono, passa a adorar a Belial e inicia a apostasia a Iavé. Durante um culto ao novo Deus, Isaías retira-se para Belém, depois vai para o deserto de Judá, onde Miquéias, Joel, Habacuque e um outro se reúnem em torno dele. Eles passam a se vestirem com peles de animais e a comerem legumes silvestres colhidos pelos próprios. O esconderijo de Isaías é descoberto e Manassés o prende, encerra-o numa prisão e o mata serrando-o ao meio.


Os Livros de Adão e Eva
 As narrativas que o livro contém mostram que através de uma séria penitência o homem é ajudado a vencer as tentações de Satanás. Mostra que a mulher é o sexo mais fraco e por isso foi tentada. Foi escrito durante o 1o século da Era Cristã. O livro de Judas 9 faz uma referência a este livro.

Resumo: narra a história de Adão e Eva após terem sido expulsos do paraíso, menciona rapidamente Caim, Abel e o nascimento de Set. Fala da enfermidade mortal de Adão e da inútil tentativa de Eva e Set em conseguir um óleo medicinal no paraíso. Descreve os ritos fúnebres de Adão ministrados por Miguel em companhia de outros anjos e torna-os como modelos obrigatórios. Eva morre oito dias após e é sepultada pelos mesmos.
Enquanto estão fora do paraíso, vivendo a sua vida, Adão e Eva sofrem outra tentação de Satanás e Eva novamente cai. Desta vez Adão lamenta e censura Satanás.
Após o nascimento de Caim e Abel, Adão tem uma visão e recebe a promessa que Iavé realizará um julgamento em época futura e distante, a qual dará libertação aos justos e ruína aos pecadores.
É um livro farisaico e nacionalista em seu panorama, que prevê a vinda do Messias para breve, quando todo o Israel se arrependeria.
Ele reflete o fariseu do centro do caminho, a saber, o judeu ortodoxo (conforme com a doutrina religiosa tida como verdadeira).

A Regra da Associação
 Conhecido como Regra da União, da Ordem, da Seita, Ordenamento da Seita, Manual de Disciplina, Regra da Comunidade ou Apêndice do Rolo da Seita.
É composto por vários rolos e alguns são as causas das origens dos títulos acima citados. Cada rolo é denominado de acordo com a caverna em que foi encontrado.
As regras contidas nestes rolos visam firmar a doutrina do grupo e o ordenamento da vida comum da comunidade monástica. Através dessas regras é possível identificar a existência de uma cisão ocorrida no seio do judaísmo tardio e que envolvem tanto a doutrina como ao modo de ordenar a vida. Têm uma grande importância no que se refere à instrução, à pureza sacerdotal e isto significa observar a prática da abstinência do matrimônio, até mesmo a vida celibatária, visando desta forma, a era da salvação e tudo isto era fruto de uma interpretação atualizada dos escritos proféticos, que terá participação no reino da luz.

Resumo: 1QS (Gruta 1 de Qumran, Serek - regra) contém: o ritual do ato de compromisso, a doutrina infradualista dos dois espíritos, as conseqüências das ações do espírito bom e do mau, a coexistência destes dois espíritos até o juízo final; regras fundamentais da comunidade, ordenamento jurídico e as penalidades aplicáveis aos delitos contra estas, contra a violação intencional da Lei de Moisés, a garantia de sua validade até o aparecimento de um profeta e do Messias de Arão e Israel, normas de ação para o instrutor; procedimentos referentes às festas, ao calendário e tem um salmo final; 1QSa (Gruta 1 de Qumran, Serek (regra) a.) , o título apresentado mostra uma indicação que a sua validade se estende a toda a comunidade de Israel no final dos tempos, assembléia do povo para ouvir os preceitos da aliança, educação dos jovens e limite da idade de acesso aos diversos serviços da comunidade, maneira de ocupar os simples de espírito (os levitas), os que são admitidos à reunião da comunidade e a correta posição do Messias que ficará depois dos sacerdotes, tanto nas assembléias da comunidade como nas refeições; 1QSb (Gruta 1 de qumran, Serek (regra) b.), compõe-se de orações, contendo cada uma um título introdutório, na intenção da comunidade, do sumo sacerdote, dos demais sacerdotes e do príncipe da comunidade, termina contendo fórmulas de bênçãos.


Documento de Damasco
Este título é designado para aqueles que entraram na nova Aliança no país de Damasco. Este rolo é dividido em dois textos A e B, sendo que este é uma folha isolada. Os escritos revelam movimentos pós-macabaicos surgidos no seio do judaísmo tardio, provavelmente pertencente aos precursores de João Batista e de Jesus. Sendo que estes proporcionavam um movimento leigo à margem das exigências sacerdotais.

Resumo: o texto A contém uma exortação introduzida por e agora e é enriquecida por considerações sobre as lições da história e dirigida a uma pessoa que partiu para o exílio interior e cujos chefes eram sacerdotes sadoquitas. Termina contendo preceitos sabáticos, leis sobre a pureza, prescrições relativas à organização do grupo no acampamento e a sua jurisdição; o texto B contém uma descrição histórica do grupo e uma perspectiva escatológica. Entretanto este é uma espécie de Mishná.

A Regra da Guerra
 Talvez seja conhecido como Esta é a Regra para o Ordenamento da Guerra ou Este é o Livro da Regra da Guerra, e ainda, Do começo do reencontro do Filhos da Luz que terá início atacando as tropas dos Filhos das Trevas. Os alemães utilizam a expressão Rolo da Guerra.
O conteúdo do texto dá toda autoridade e mostra a importância que deveria ser dada ao sumo sacerdote e incentiva a vontade de combater. Denomina quatro nomes de anjos: Miguel, Gabriel, Sariel e Rafael.
Este é uma combinação de um sóbrio manual de guerra e de um apocalipse, o qual no final é provocado uma guerra de quarenta anos, sem a figura do Messias e sem especulações. Contém uma observância estreitíssima da lei e afirmações fantasmagóricas apocalípticas.

Resumo: é uma espécie de compêndio da ciência bélica e das celebrações cultuais que deveriam ser observadas por ocasião de uma guerra com vistas à luta final que precederia a era da salvação.
Contém um período final da história de Iavé com seu povo e de como garantir o culto divino durante a guerra, bem como, normas sobre o recrutamento das tropas de combate junto com a indicação dos nomes das nações que deveriam ser combatidas. Faz prescrições das trombetas dos sacerdotes destinadas à guerra e determinações sobre as insígnias da comunidade, suas divisões, inscrições e cumprimentos. Cita a formação para o combate, as diversas armas e sobre o seu emprego, mediante os sinais das trombetas dos sacerdotes. Fala das alterações a serem feitas pelas tropas para o combate e denominação das torres. Termina com orações, fórmulas de bênçãos e de maldições a serem proferidas pelo sumo sacerdote antes, durante e depois da batalha.

O Pesher de Habacuque
 O título original do livro não se conservou. O escrito é designado, em razão do seu conteúdo como Comentário de Habacuque, 1QpH1 (pesher (p) de Habacuque (H) encontrado na gruta 1 de Qumran).
Um ponto interessante é o Tetragrama Sagrado YHWH que se encontra escrito em caracteres páleo-hebraico. Talvez o autor só cite os dois primeiros capítulos de Habacuque porque interessassem a ele.
Este rolo dá uma noção de como era a exegese dos escritos proféticos e dos Salmos do AT e como era praticado pelo grupo.

Resumo: o rolo apresenta uma exegese dos dois primeiros capítulos do profeta Habacuque. Cada uma das unidades do conteúdo literal é acompanhada de uma exegese aplicada a acontecimentos da história do grupo de Qumran. Trata-se então, mais propriamente de uma aplicação do texto profético às circunstâncias atuais do que de uma exegese no verdadeiro sentido. O próprio termo pesher utilizado no rolo determina isto.


Apócrifo de Gênesis
 É uma nova versão aramaica da narrativa de Gênesis. Alguns acreditam que este é o livro citado numa das listas de apócrifos, o Livro de Lamec.

Resumo: começa com a suspeita de Lamec em relação ao recém nascido Noé ter sido gerado por anjos vigilantes ou pelos nefilim (anjos decaídos). Ele procura a verdade com sua esposa e descobre que realmente é o pai da criança após pedir a seu pai que consulte a Henoc sobre o assunto.
Contém partes em que Noé fala, principalmente sobre o dilúvio e que a arca pousou no monte Ararat. Também fala da ida de Abraão ao Egito e conta um sonho que teve a respeito de um cedro e de uma tamareira, os quais seriam abatidos por uns homens. Entretanto estes desistiram ao serem amaldiçoados pela tamareira. Ao acordar deste sonho conta-o para Sara e esta pede para que ele se apresente como seu irmão. Então o rolo cita como ocorreu este episódio em que Sara se encontra no harém do faraó e como Iavé interveio através de uma doença incurável. Abraão ora por faraó e impõe a mão sobre sua cabeça e no mesmo instante ele é curado. Abraão retorna a Betel e se separa de Ló. O livro narra a promessa feita a Abraão sobre a terra prometida e termina com algumas partes de Gênesis 15.

O Cântico de Louvor - Hôdayôt
É também chamado de Cânticos de Ação de Graças, Cânticos de Louvor ou Hinos de Louvor. Os cânticos são constituídos num paralelismo de membros, mas não há uma métrica específica. São cânticos de ação de graças e confessionais, contêm reflexões em excesso e inserções de caráter meditativo, tornando-se ao contrário a poética dos Salmos.
Provavelmente foi escrito por diversas pessoas, talvez o Mestre da Justiça e seus discípulos.

Resumo: inspira-se em temas e imagens do saltério canônico, porém contém escrito de caráter pessoal, pois limita ao mesmo tempo o âmbito das experiências à própria pessoa. Fala das hostilidades que é objeto por partes dos homens e sobre sua confiança no auxílio divino. Afirma que Iavé falou por intermédio de Moisés.
O poeta medita e louva a Iavé pela sua maravilhosa ação a qual o guia em sua vida, apesar de sua condição de criatura e de seus pecados.


O Rolo do Templo
 Recebe este nome porque 30 das 68 colunas falam do Templo. O autor imagina discursos proferidos por Iavé no estilo do Deuteronômio.

Resumo: o rolo trata de quatro temas: 1)prescrições legais, de natureza religiosa, sobretudo com respeito a impureza e a pureza; 2)uma enumeração dos sacrifícios e das maneiras de os oferecer por ocasião das festas; 3)instruções concernentes à construção do Templo; 4)normas sobre a guarda da pessoa do rei e sobre os planos de mobilização em caso de ameaça vinda do exterior.
Além das festas da Torá, cita as Festas do Vinho Novo e do Óleo Novo, sendo que a primeira deveria ser celebrada cinqüenta dias após a Festa das Semanas e a segunda, cinqüenta dias após a precedente.
Os estatutos referentes ao rei começam com a citação de Deuteronômio 17.14, e se referem, de modo particular, à robustez e à valentia que deve caracterizar a guarda da pessoa do rei, bem como o seu emprego em caso de ameaça de agressão ao País.
Conclusão
Como disse na introdução deste estudo, agora sim, o estudante de teologia poderá ter uma noção melhor sobre o AT. Estudando cada item colocado aqui ficará mais fácil a compreensão dos assuntos abordados no AT.
Não abordei sobre a iluminação, inspiração e revelação porque estes assuntos serão estudados em Hermenêutica. Entretanto, o estudante de teologia precisa ter em sua mente, que é preciso saber bem sobre os períodos em que o AT se divide. Entre eles há o período do início, o patriarcal, o dos juízes, dos reinos e suas conseqüentes divisões, bem como os exílios e cada acontecimento que os envolve.
A partir de agora é possível compreender alguns assuntos que envolvem todo o contexto histórico do AT. Como eu disse, não estamos fazendo com que Deus perca a sua soberania e nem estamos diminuindo o seu poder. Também não deixamos de crer nele, muito pelo contrário, a partir de agora, ficou mais interessante e entendemos o que estava sendo pregado na época de Cristo.
Como vimos em alguns livros não canonizados, existem histórias que são tão importantes quanto os canonizados. Poderíamos perguntar a nós mesmos o por quê de tais livros continuarem existindo até hoje. Dentro da minha ótica, alguns livros como Tobias, têm mais sentido do que o de Jó, isto sem falar no livro de Macabeus. Mas a intenção não é fazer um novo cânon, mas aprender a utilizar as fontes que existem e são extracanônicas.
Tenho certeza, que contribuí bastante para a compreensão dos estudantes de teologia e a partir de hoje ninguém dirá heresias sobre o AT. Porque se observarmos bem, muitas pseudo-teologias surgem porque não existe um estudo aprofundado da Bíblia. Sem contar que os sermões terão muito mais conteúdo.
Estudar a Bíblia é isto! É preciso estudar muito, ter tempo, paciência e pesquisar bastante em outras fontes.
Enfim, estudar a Bíblia é conhecer o seu conteúdo e atualizá-lo para o nosso dia, tendo por finalidade ensinar aos demais. Agora vocês poderão compreender melhor o AT quando lê-lo.
Obras Consultadas
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AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração de trabalhos acadêmicos. 8ª SP: Prazer de ler, 2000. 205p.
BAXTER, J. Sidlow. Examinai as escrituras. trad. de Neyd Siqueira. SP: Vida Nova, 1992. Tradução de 'Explore de book'. v5. 386p. (Período Interbíblico e os evangelhos).
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. 17ª. Petrópolis: Vozes, 2002. v1. 406p.
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